09 outubro, 2012

O vinho e o beijo

por Fernando Gurgel Filho, de Brasília
Uma amiga ficou inconformada com uma citação onde um autor inglês mostrava todo o seu preconceito contra as mulheres.
Indignação legítima, mas já foi pior.
Nietzsche, no livro "A Gaia Ciência", dizia que os romanos eram implacáveis com suas mulheres, caso cometessem apenas dois pecados: ser adúltera ou beber vinho.
Creio que foi o primeiro crime onde causa e consequência se misturam, pois não se sabe se elas cometiam adultério bebendo vinho ou se bebendo vinho ficassem mais propensas a procurar outras diversões. Ou vice versa, mas o vice devia estar sempre pronto a versejar na orelha de uma dama que gostava de umas libações ritualísticas sem desperdiçar o vinho ou a oportunidade.
Mas o que ficou mesmo dessa época, como o cúmulo do absurdo que deu certo, foi a descoberta do sabor do beijo feminino. Coisa que nem gregos ou romanos eram muito chegados.
Pois é. A soldadesca romana, capitaneadas pelos seus valentes reis, senadores, heróis e guerreiros estavam acostumados apenas ao ósculo entre seus pares. Coisa de guerreiros que gostavam de vestir umas minissaias e adoravam uns penachos nos capacetes. Affe!
Aí, para descobrir o tamanho do chifre, passaram a beijar as mulheres. De língua.
Se tivesse um gostinho de vinho, um gostinho sequer, a dama era punida com a morte. Se não, não importava muito. Afinal de contas, eram apenas mulheres.
Ainda bem que as mulheres, arriscando a própria vida, ajudaram a preservar este delicioso hábito. De beber vinho e de beijar.


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