17 janeiro, 2011

Pratos nacionais

por Fernando Gurgel Filho (de Brasília)

Existe um chef francês muito respeitado que afirma que o Brasil não possui pratos brasileiros, apenas pratos regionais. E dá exemplos citando a cozinha bahiana, a paraense, a paraibana, a mineira, a gaúcha... E por aí vai. Ora, eu não sou grande entendido no assunto, mas nossos pratos regionais são pratos brasileiros ou não?
Talvez o francês tenha apenas ficado um pouco avariado das funções cerebrais depois de comer vatapá, sarapatel, feijoada e buchada de bode. E sobreviver. Ou talvez tenha razão, tendo em vista o país onde nasceu.
Porém, analisando a coisa mais a fundo, constatamos que:
O caviar russo é persa, ou iraniano como aquele povo é chamado hoje. Vem do esturjão, que é do Mar Cáspio, e os russos acabaram adotando a iguaria. Depois passaram a extraí-la também do salmão e da truta. Cheios de trutas, esses russos!
O churrasco grego é árabe. Foi a Turquia que mandou para a Grécia, a qual prefere chamá-lo grego mesmo. Os turcos não sabem o porquê de tanta ingratidão. Queriam um beijo grego, por acaso?
O pão francês é português. Veio para o Brasil com o nome de cacetinho. Parece que a turma ficava acanhada ao pedir um cacetinho bem quentinho. Principalmente com o Príncipe Herdeiro por perto, considerada a malícia reinante. Sem trocadilhos. Poderia ter sido chamado de pão português, mas virou pão francês e os portugueses não sabem porquê. Nem os brasileiros. Somente os gaúchos continuaram a pedir, até hoje, um cacetinho bem quentinho e os portugueses também não sabem porquê. Nem os brasileiros
O vinho do Porto somente se tornou “do Porto” porque os ingleses davam umas aditivadas nele para aumentar a vida útil. O gosto melhorou, Portugal adotou o costume e continuou chamando de Porto. Mas foram os ingleses que ganharam muito dinheiro com o “Porto”.
O chá inglês foi um costume adotado na Índia por uma inglesa entediada e esfomeada que importava o chá do Ceilão – Sri Lanka - e sempre fazia uma boquinha – bocarra? - à tarde. O chá das cinco virou tradição Imperial. A Índia e o Ceilão continuaram sem chá por muito tempo e os EUA quase mandam o Império às favas por causa do chá. Depois virou Império também. E passou a dar colher de chá pra qualquer xá.
O famoso macarrão italiano é chinês. Com ele, os chineses faziam o lámen, prato que virou lámen japonês, e que o Japão transformou em miojo. Ou seja, a China não reparou que o Japão tinha um olhinho mais aberto e nenhum dos dois reparou na Itália de "zoião" em tudo.
A VERDADEIRA TORRE DE PIZZA
A pizza italiana veio de um monte de gente antiga que fazia pão achatado: babilônios, hebreus, egípcios, gregos e troianos. Da Grécia para Roma foi um pulo, pois era uma iguaria muito popular junto à galera que não tinha outra coisa pra comer. Depois virou uma forma brasileira de comemorar afazeres que não dão nenhum resultado concreto. Assim, “acabar em pizza” tornou-se a forma mais prática e barata de agradar os amigos.
Então, essa história tem que acabar em pizza, numa churrascaria, ambas invenções aqui do patropi.
E depois ainda dizem que não temos uma culinária brasileira!

Ver também...
A CPI da pizza.

2 comentários:

Paulo Gurgel disse...

Maristane Fernandes enviou este e-mail:
"Oi Paulo,
Lendo o seu blog, achei muito interessante os assuntos:
Pratos nacionais e A sangue frio.
Bastante inteligente e bem humorado o primeiro assunto; o outro me deu um certo asco. Mas é bastante curioso saber como o ser humano é capaz de agir em situações extremas.
Muito bom! Um abraço,
Maristane."

Fernando Gurgel disse...

Maristane,

Obrigado pelas palavras elogiosas ao texto Pratos Nacionais, de minha autoria.