Meu primeiro grande choque cultural ao chegar na América foi que playgrounds de concreto, quadras de basquete e pequenos triângulos de grama entre ruas movimentadas tinham placas que os chamavam de "parques". De onde eu vim, um parque era um lugar de canto de pássaros e folhas farfalhantes, um lugar para passear, para se perder, para sonhar; um pedaço de maravilha no meio da cidade; um deserto de bolso. Foi em um parque que dei meus primeiros passos, dei meu primeiro beijo, me perguntei pela primeira vez por que estamos vivos.
O parque — o parque propriamente dito — como um lugar de contemplação, iluminação e descoberta ganha vida com grande emoção em We Go to the Park — o produto de uma colaboração incomum entre a autora e dramaturga sueca Sara Stridsberg e a artista italiana Beatrice Alemagna.
No alvorecer da pandemia, em meio ao cativeiro enlouquecedor do lockdown e à tempestade da incerteza, Alemagna entrou em uma espécie de transe de pintura — uma explosão de cor e sentimento canalizando suas esperanças e medos, sonhos e lembranças. (A arte de cada artista é seu mecanismo de enfrentamento — fazemos o que fazemos para nos salvar, para permanecermos sãos, para encontrar o fino cordão da graça entre nós e o mundo.)
Quando Stridsberg recebeu uma seleção dessas imagens impressionistas sem história, ela foi movida a responder com sua própria arte. Suas palavras esparsas e líricas deram coerência às imagens, fazendo delas algo incomumente adorável: parte história, parte poema, parte oração.
Alguns dizem que viemos das estrelas,Extraído de: We Go to the Park, por Maria Popova. In: The Marginalian
que somos feitos de poeira estelar,
que um dia surgimos no mundo
do nada.
Não sabemos.
Então vamos ao parque.
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