E então a voz se tornou algo que você podia ver.
Margaret Watts Hughes (12 de fevereiro de 1842–29 de outubro de 1907) já era uma das cantoras mais queridas de seu tempo antes de se tornar uma inventora.
Perto dos quarenta, Margaret inventou um dispositivo para testar e treinar seus poderes vocais — uma membrana esticada sobre a boca de um receptor conectado a um tubo em forma de megafone, no qual ela cantava. Para tornar sua voz visível, ela colocava vários pós sobre o diafragma de borracha e observava as vibrações dispersarem as partículas. Ela experimentou diferentes projetos: vários formatos de tubo, seda fina e borracha macia para a membrana, areia, pó de licopódio e sementes de flores para o meio.
Ela chamou seu dispositivo de eidofone, do grego eidō ("ver") e phōnḗ ("voz, som"), e se tornou a primeira mulher a apresentar um instrumento científico de sua própria invenção na Royal Society.
Um dia em 1885, Margaret notou algo surpreendente — enquanto ela cantava no eidofone modulando seu tom, as sementes que ela havia colocado sobre a membrana "se resolveram em uma figura geométrica perfeita". Experimentando com sua voz, ela descobriu que tons específicos produziam geometrias específicas — formas que "alteram em padrão ou em posição com cada mudança de tom… e aumentam em complexidade de padrão conforme o tom sobe".
E então ela começou a se perguntar o que aconteceria se ela colocasse um pequeno monte de pasta colorida úmida em vez de pó no centro do diafragma e o cobrisse com uma placa de vidro, sustentando diferentes notas no eidofone.
Ela manteve seu longo tom firme, então observou maravilhada enquanto modulações de intensidade empurravam o pigmento para fora em pétalas e o puxavam de volta concentricamente em direção ao centro, cada som formando uma forma diferente. Ela cantava margaridas e rosas, ela cantava samambaias e árvores, ela cantava estranhas serpentes de beleza sobrenatural. As mesmas formações de tons produziam as mesmas flores todas as vezes — margaridas e prímulas eram fáceis de cantar, amores-perfeitos difíceis — revelando o jardim secreto dentro da voz.
Extraído de: Your Voice Is a Garden, por Maria Popova. In: The Marginalian
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