08 janeiro, 2023

Aloysio de Oliveira (30/12/1914 - 20/02/1995)

Nasceu Aloysio de Oliveira no Rio de Janeiro, no bairro do Catete, a duas quadras do Palácio do Catete, sede na época do governo federal. Aos oito anos, ganhou do pai um rádio "de galena", onde passava longo tempo ouvindo maxixes, chorinhos e tanguinhos brasileiros, além de muita música americana.
Iniciou sua carreira profissional ainda adolescente, quando seu grupo musical foi convidado pelo Maestro J. Tomaz para gravar um teste na Parlophon. O disco não deu resultado. Em 1929 conheceu Carmen Miranda na casa do violonista Josué de Barros, situada na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Nessa época, o seu bloco passou a se chamar Bando da Lua.
Em 1939, quando acompanhava Carmen Miranda no Cassino da Urca, surgiu a oportunidade de ir para os Estados Unidos, para realizar shows na Broadway. O empresário Lee Shubert viu Carmen Miranda em sua apresentação e resolveu oferecer-lhe um contrato para ir a Nova Iorque. A cantora impôs a ida dos rapazes do Bando da Lua.
Por intermédio de Gilberto Souto, um amigo brasileiro que já trabalhava nos estúdios de Disney, foi convidado para fazer parte da equipe de produção de filmes encomendados pelo governo americano por conta de sua então "política de boa vizinhança" com os países latino-americanos. Participou da produção de "Saludo, amigos", em que cantou "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso, e deu inúmeras sugestões a respeito do personagem Zé Carioca.
Em 1941, quando participava da produção de "The Three Caballeros" ("Você já foi à Bahia?"), estrelado por Aurora Miranda, sugeriu a troca do número "Carinhoso", de Pixinguinha, com letra de João de Barro, pelo samba "Na Baixa do Sapateiro", de Ary Barroso. A argumentação de que o choro de Pixinguinha não representava a Bahia selou definitivamente sua amizade com Walt Disney. Em 1943, Aloysio fez letra para o choro "Tico tico no fubá", de Zequinha de Abreu, interpretada no filme "Alô amigos".
No dia 5 de agosto de 1955, esteve na festa realizada na casa de Carmen Miranda, na madrugada anterior a sua morte. Ao receber a trágica notícia da boca da empregada colombiana de Carmen Miranda, pensou que a mãe da cantora, D. Maria, é que havia falecido. Em seu livro de memórias contou sua chegada à casa de Carmen Miranda:
"Estela abriu a porta e a primeira pessoa que vi foi Dona Maria, que se abraçou a mim chorando e anunciando, sem uma palavra, o fim da primeira metade da minha vida".
Em 1959, lançou pela Odeon o famoso LP de João Gilberto intitulado "Chega de saudade", considerado um marco da bossa nova. Também teve importante papel na apresentação de vários artistas brasileiros como Tom Jobim e João Gilberto, em 1962, no "Festival de Bossa Nova" realizado no Carnegie Hall, em Nova Iorque.
No ano seguinte, fundou o selo "Elenco", de importância marcante para a música brasileira na década de 1960, pela qual lançou uma série de novos talentos da MPB, tais como Edu Lobo, MPB-4, Quarteto em Cy e aglutinou os nomes ligados à bossa nova que saíram da Odeon. A Elenco durou até 1968, quando seus fonogramas foram vendidos à PolyGram, que remasterizou o material e reeditou 23 títulos com notas em inglês e português, e detalhes sobre o "making off" dos discos. 
Como produtor lançou vários outros artistas importantes da MPB como Elza Soares, Sérgio Ricardo, Sylvinha Telles e Alaíde Costa, entre outros. Sua presença na história da música popular brasileira é única, pois, além de ser protagonista de toda a trajetória de Carmen Miranda nos EUA, participou como peça-chave do nascimento da Bossa Nova e da difusão da música brasileira no exterior, principalmente nos EUA. 
Sua atuação deu-se em várias frentes, já que atuou como músico, cantor, produtor, diretor-artístico, narrador de filmes e empresário. Teve participação importante na bossa nova como letrista de clássicos do movimento como "Dindi", "Demais", "De você eu gosto", "Samba torto", "Só tinha de ser com você", "Inútil paisagem" e "Eu preciso de você" (vídeo), nos quais foi parceiro de Tom Jobim.
Extraído de: http://dicionariompb.com.br/artista/aloysio-de-oliveira/



Arquivo
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