30 novembro, 2017

Um dia no museu

Os visitantes do Museu imperial, em Petrópolis, após passarem por magníficos e belos salões não têm como não ficarem admirados com tanta suntuosidade, com tanto luxo e requinte. Quase ao final da visita, todos têm que passar por uma mostra de retratos e de instrumentos da escravidão brasileira.
Uma senhora que estava em nosso grupo, ainda jovem, com dois filhos pequenos, ficou horrorizada com aquele final de percurso no museu. Parecia ter sido tomada de pavor por aquelas salas onde eram exibidos retratos de escravos e, também, pelourinhos, chicotes etc.
- Nossa, que coisa horrível. E puxou os filhos para que estes não vissem aquelas cenas.
Como ela estava muito perto de mim, falei:
- Mas, o que nos choca mais é que, se não fosse isto - apontei para o retrato dos escravos -, não existiria aquilo. E apontei em direção aos salões suntuosos.
E completei, exagerando um pouco:
- Até hoje, em nosso belo sistema, uma coisa ainda depende da outra.
- Que horror, quase gritou, mais apavorada ainda. Deu um "rabanão" com a cabeça e saiu quase correndo, puxando as crianças. Ao invés de lhes ensinar o significado daquilo tudo.

Fernando Gurgel

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