"Hoje pensei em ter religião
De alguma ovelha, talvez, fazer sacrifício
Por uma estátua ter adoração
Amar uma mulher sem orifício."
As meninas do "Saia Justa", exaltadíssimas, revoltadíssimas, tucanésimas, quase tiveram um ataque. “Como assim, sem orifício? Isso é um absurdo, me senti mal, me senti constrangida. Poxa (assim mesmo: poxa), logo ele… Será que envelheceu, será que perdeu o tom?"
O poeta e escritor Francisco Buarque de Hollanda é, por excelência, a personificação do artista no sentido estrito do termo. É capaz de sintetizar numa frase aquilo que filósofos e cientistas não conseguem em tratados inteiros. Chico é irreverente, ousado, rigorosamente desordeiro. Sabe que a ordem é produto do intelecto humano e a vida – o seu verdadeiro objeto – não tem regras preconcebidas, e que, para capturá-la, é preciso lançar a rede ao desconhecido sem saber o que nela virá.
Leituras recomendadas ao energúmeno da "Veja" que, depois de folhear um dicionário de rimas (como se isso o habilitasse a virar parceiro do Chico), veio de lá com a expressão... "mulher difícil":
- Leitura básica: Pigmalião.
- Leitura intermediária: Pygmalion and Galatea - Homework Page.
- Leitura avançada: A métrica na canção.
PGCS
4 comentários:
A "VEJA", ao comentar a música do Chico "Meu Diário", perdeu uma BELA oportunidade de ficar calada, pois demonstrou nada conhecer do grande letrista e nada entender de música e de poesia. Quando o Chico compôs "Mulheres de Atenas" foi mal enterpretado, também. A "Veja perdeu uma grande oportunidade de comentar a genial composição "SINHÁ", a última faixa do mesmo CD. Nela, Chico demostra toda a sua maturidade musical, não negando ser filho do grande historiador Sérgio Buarque de Holanda.
Obrigado, Ana Margarida.
Você pautou "Sinhá" no blog para amanhã.
Os versos dizem tudo. Ora, se o poeta está supondo ter religião, fazer sacrifício de alguma ovelha e ter adoração por alguma estátua - o que para o poeta é tudo muito bizaro - o cúmulo da bizarrice entre as citadas seria, na cabeça do grande letrista e amante, do que amar uma mulher sem orifício.
O grande poeta
Até no bizarro
Ele arma uma treta
E tira seu sarro.
(Acho que fiz uma trova.)
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