24 junho, 2011

Volpi e as bandeirolas

Alfredo Volpi nasceu na Itália e veio para o Brasil com um ano de idade, em 1897, com os pais que emigraram para São Paulo. Desde pequeno gostava de misturar tintas e criar novas cores. Esse talento o levou a trabalhar como pintor de frisos, florões e painéis nas paredes das mansões paulistanas.
Estudou na Escola Profissional Masculina do Brás e trabalhou como marceneiro, entalhador e encadernador. Aos 16 anos de idade, ele pintou sua primeira aquarela. Aos 18 anos, ele pintou sua primeira obra de arte, sobre a tampa de uma caixa de charutos, usando tinta a óleo.
Ao longo de quase um século de existência, Volpi passou por várias fases, recebeu influências de pintores impressionistas e clássicos como Cézanne, Giotto, Ucello, encontrando seu próprio caminho. Volpi criou sua própria linguagem na pintura e evoluiu naturalmente das representações de cenas da natureza para produções mais intelectuais, concebidas em seu estúdio.
Daí em diante suas obras seriam dominadas pelas cores e pelo estilo abstrato geométrico. Exemplo marcante disso são suas bandeirolas multicoloridas, que se tornaram sua marca registrada. As formas geométricas e as trocas cromáticas começaram nos anos 1970: Volpi preparava várias pinturas parecidas, alterando cores, no que os críticos definem como uma combinação inventiva.
É a fase das bandeirinhas, sua maior contribuição para a arte brasileira moderna, expressa em seu trabalho Bandeiras e Mastros. Só pintava com a luz do sol e se envolvia totalmente com a criação de sua obra, o que incluía esticar o linho para as telas. Depois de dominar a técnica da têmpera com clara de ovo, o artista nunca mais usou tintas industriais. "Elas criam mofo e perdem vida com o passar do tempo", dizia.
Num processo típico de um pintor do Renascimento, fazia suas próprias tintas, diluídas em uma emulsão de verniz e clara de ovo, em que ele adicionava pigmentos naturais purificados (terra, ferro, óxidos, argila colorida por óxido de ferro) e ressecados ao sol.
Grande Fachada Festiva, Alfredo Volpi
Bandeirinhas
No Brasil, as festas de São João mais conhecidas são as da Região Nordeste. De origem europeia, e sendo uma longínqua herança da festa pagã do solstício de verão, são celebradas no dia 24 de junho. Neste mês, outros santos católicos também são homenageados com festas: Santo Antonio (dia 13) e São Pedro (dia 29).
A típica festa de São João brasileira é realizada em uma área ao ar livre chamada de arraial ou "arraiá" (em uma alusão ao modo caipira de falar). O local é decorado com bandeirinhas de papel de várias cores, palha de coqueiro e balões feitos com papel de seda. Além disso, faz-se uma grande fogueira na área central do "arraiá" e erguem-se barraquinhas com atendentes que servem comida variada. As comidas mais típicas dessas festas são as que têm o milho como base do seu preparo, tais como a canjica e a pamonha, devido ao fato de ser uma época ideal para a colheita desse vegetal.
Sem dúvida, o ponto alto da festa é o da realização da Quadrilha, onde os participantes, disfarçados com roupas ao estilo caipira, dançam aos pares, liderados por um rapaz e uma moça que fazem o papel de "noivos". E o enredo geralmente, se resume ao seguinte: o pai da "noiva", furioso pelo avançado estado de gravidez da filha, força o "noivo" a casar-se com ela. Ao contrário do que se poderia pensar, o tom da Quadrilha não é trágico, mas sim cômico, sobretudo pela resistência do "noivo" em aceitar o casamento.

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