Padre: Deus o abençoe, meu filho.
Zé: Padre, o senhor lembra do João Mandrová, aquele pintor?
Padre: É claro, meu filho.
Zé: Pois é padre, o João veio a falecer.
Padre: Que pena, morreu de quê?
Zé: Olha, padre. Eu moro na última casa de uma rua sem saída. Ele desceu com o carro e bateu no muro lá de casa.
Padre: Coitado, morreu dessa batida.
Zé: Não, ele bateu com o carro no muro e voou pela janela. Caiu dentro do meu quarto e bateu com a cabeça no meu guarda-roupa.
Padre: Que pena, morreu de traumatismo craniano.
Zé: Não, padre, ele tentou se levantar pegando na maçaneta da porta, que se soltou e ele rolou escada abaixo.
Padre: Coitado, morreu de fraturas múltiplas.
Zé: Não, padre, depois de rolar a escada, ele bateu na geladeira que caiu em cima dele.
Padre: Que tragédia, morreu esmagado.
Zé: Não, ele tentou se levantar e bateu as costas no fogão, que tombou, derramando a sopa que estava fervendo em cima dele.
Padre: Coitado, morreu queimado.
Zé: Não, padre, no desespero, saiu correndo, tropeçou no cachorro e foi direto na caixa de força.
Padre: Que pena, morreu eletrocutado.
Zé: Não, padre, morreu depois que eu dei cinco tiros nele.
Padre: Filho, você matou o João?
Zé: Ora, padre, o "desgramado" tava destruindo toda a minha casa!
(domínio público)
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