A varíola (também chamada antigamente de "bexiga") era uma enfermidade que hoje se encontra extinta em todo o mundo. Foi, no entanto, um terrível problema para a humanidade durante séculos.
Em seu excelente livro Contágio , Dr. Roberto de Andrade Martins relata que diversos povos adotavam práticas primitivas de proteção contra a varíola. Muito tempo depois, algumas delas levariam à descoberta da vacinação, a qual consiste em produzir nas pessoas sadias um ataque atenuado da varíola. Sabendo-se que essas pessoas ficam a seguir protegidas contra a doença, pois ela só atinge cada pessoa uma vez.
Desses processos que já foram usados para proteger contra a varíola, um deles foi desenvolvido na China.
"Conta-se que uma monja chinesa vivia como eremita em uma montanha próxima ao Tibet. Para proteger as crianças, ela preparou um pó utilizando cascas secas das feridas de varíola, que eram pulverizadas e misturadas com uma planta (Uvularia grandiflora). Em dias propícios, especialmente escolhidos, esse pó era soprado na narina de crianças sadias, utilizando-se um canudo de prata. Para as meninas, era utilizada a narina esquerda, e para os meninos, a direita. Essas crianças, após alguns dias, desenvolviam uma forma branda de varíola, recuperavam-se e ficavam depois protegidas durante o resto da vida contra a doença. Não se sabe atualmente como essa monja chegou a tal prática. A população da época a atribuiu a uma inspiração divina."
Foi apenas no final do século XVIII que o médico inglês Edward Jenner (1749-1823) realizou estudos que levaram à substituição dessas práticas de variolação pela vacinação. A partir da observação de que as pessoas que já haviam apresentado lesões cutâneas pustulosas, relacionadas com a ordenha de vacas acometidas por cow-pox, a varíola das vacas, mostravam-se, depois disso, imunes à varíola.
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