Era uma vez uma Vírgula que vivia na página tal de um livro. Colocada entre duas orações coordenadas assindéticas, ela se julgava a mais infeliz das criaturas. E fazia da linha onde virgulava o seu muro das lamentações. Por algum tempo, pensou-se que o problema da Vírgula seria apenas inveja da Aspa (com a qual guardava certo parentesco). Pois a Vírgula tinha sido vista, em diversas ocasiões, a dizer coisas depreciadoras sobre a Aspa. Que esta, além de não botar os pés no chão, só servia para aspear gírias etc.
Pelas asperezas que eram endereçadas à outra, a invídia realmente acontecia. Porém, o que infelicitava a Vírgula era mais embaixo: um outro tipo de ressentimento. Uma paixão desmedida, cega e doentia pelo tal Ponto Parágrafo. Do tipo paixão não correspondida, uma vez que o Ponto nem sequer olhava para ela. Mas, espere aí... Pontuando a palavra "timidez", não padeceria ele de igual defeito?... Ah, a Vírgula se perguntava e não obtinha uma resposta convincente. O Ponto era um fechado em si mesmo.
Formavam-se rodas para discutir a situação da desolada Vírgula.
Leia o conto todo no Preblog.
Nenhum comentário:
Postar um comentário