06 fevereiro, 2007

Ar, areia e arte

Dias atrás eu comentei a portaria do MTE (99/2005) que proibiu a prática do jateamento de areia no Brasil. E, depois disso, é possível que hajam ficado no ar algumas perguntas dos leitores. Do tipo: como surgiu, em que consiste e para que serve esta prática? Daí, eu estar retornando ao tema.
Credita-se ao norte-americano Benjamin Tilghman a descoberta do processo de jateamento de areia. Em 1870, ao observar os efeitos de uma rajada de vento contra uma vidraça. A partir dessa observação, Tilghman concebeu um sistema através do qual um jato de areia, impulsionado por vapor a grande velocidade, poderia ser usado para limpar e ornamentar lápides de túmulos. Além de que, por mudar a transparência do vidro para um aspecto leitoso, poderia também se prestar a criações artísticas sobre este último material.
Logo depois da invenção da máquina, o fenômeno do “fosqueamento” do vidro se alastrou pela Europa, tendo como fonte de inspiração o movimento Art Nouveau. Em 1885, outro americano, Mathewson, aperfeiçoou o invento, patenteando um mixador de ar e areia que substituiu o vapor pelo ar comprimido.
É definido o jateamento como um processo de preparação de superfícies que utiliza o impacto de partículas abrasivas movimentadas em alta velocidade. Cujos objetivos são a remoção de pintura, ferrugem, demais materiais contaminantes e deixar o substrato pronto para receber um novo tratamento superficial. As partículas abrasivas podem ser: grãos de areia (que a portaria ministerial proibiu devido ao risco de causar silicose no trabalhador), granalhas de ferro e de aço, micro-esferas de vidro, óxido de alumínio, gelo seco ou a própria água (hidrojateamento). E o substrato pode ser: ferro, alumínio, ligas metálicas, vidro, madeira, granito, mármore, louça, plástico ou tecido.
Dentre as aplicações atuais do jateamento estão: limpeza, acabamento, desrebarbamento, shot peening, gravação e decoração. Estas duas últimas aplicações constituem o chamado jateamento artístico (pelo qual começou o processo).



Cabeça de cavalo: objeto de decoração produzido por jateamento artístico sobre vidro.

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