por Joshua David Stein, WIRED
A letra E, uma das letras mais utilizadas no Inglês, morreu ontem. Era filha da letra fenícia He, viajou muito por todo o mundo ocidental e tinha cerca de 2.800 anos de idade.A causa de sua morte foi a obsolescência em face da tecnologia emergente, como disse o seu parente mais próximo, a letra F.
Por muito tempo considerada uma das letras mais influentes do alfabeto romano, na virada do século, E tinha sido originalmente anunciada como a letra por excelência do mundo digital. Mas, nos últimos anos, a letra tinha sofrido uma série de reveses debilitantes, estreitamente correlacionados com o surgimento de certos aplicativos online.
Pensar que, em 1998, ela fora votada como a letra do ano pela American Dialect Society. Na celebração da premiação, a organização ressaltou o papel prolífico da letra com a expansão da tecnologia online, notadamente em e-mail, e-commerce e e-tailing.
Mas, em 2004, Stewart Butterfield e Caterina Fake fundaram o Flickr, um aplicativo de compartilhamento de fotografia, sem o E como penúltima letra. "A razão mais atraente para remover a E", explicou a Sra. Fake, "foi que não fomos capazes de adquirir o domínio 'Flicker.com'. O resto da equipe era mais em favor de outras opções, como 'FlickerIt' ou 'FlickerUp', mas de alguma forma, através da persuasão ou da queda de braço, prevaleceu minha opinião". Foi uma boa notícia para a empresa, mas uma má notícia para a letra. Um ano depois, a empresa foi adquirida pelo Yahoo por US $ 35 milhões.
Logo muitas startups começaram a abandonar seus Es como ativos tóxicos. Em 2009, o Grindr, um aplicativo de rede geossocial para gays, optou por se virar sem a letra E. Com isso, a comunidade rapidamente cresceu. Outras marcas como a Myriad seguiram o exemplo, incluindo Blendr, Gathr, Pixlr, Readr, Timr, Viewr e Pushr.
E, claro, há a plataforma de blogs Tumblr, cujo lançamento, em 2007, pode ter marcado o verdadeiro fim do E. "Há uma variedade de razões pelas quais Tumblr não contém E, de considerações de marca a fatores ambientais (menos letras significa menor consumo de energia pelos nossos servidores) ", disse o diretor editorial da empresa, Christopher Price. "No final das contas, no entanto, tudo se resume a uma simples verdade, absoluta: 'Tumbler.com' parece estúpido."
O declínio dos com-E também foi acelerado pela realidade do capital de risco. "Se você tira o E do nome de sua empresa, você aumenta a sua valorização em milhões", disse Lockhart Steele, fundador da Curbed, uma publicação sobre estilo de vida. "Ser sem-E", concorda Esther Dyson, capitalista de risco e um dos primeiros investidores no Flickr, "distingue-o de um mundo infestado de vogais desnecessárias".
Segundo alguns linguistas, "o que você está vendo é um processo muito natural - a omissão da letra em sílabas átonas finais antes de | r |. É algo que tem sido uma característica da escrita em Inglês desde os tempos anglo-saxonicos", disse o professor David Crystal, autor de Internet Linguistics. "'Gather' em Inglês Antigo foi escrito tanto 'gaderian' e 'gadrian', por exemplo." Em outras palavras, foi a parsimonae lex (lei da parcimônia) que condenou, tempos atrás, os Es de Flicker, Tumbler, e Gather.
Traduzido por Paulo Gurgl
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