"Em meu passeio matinal de bicicleta até Battery Park, ouvi música quando me aproximei da ponta de Manhattan, e depois vi e me juntei a uma multidão silenciosa que estava olhando para o mar e ouvindo um jovem tocando Chaconne em Ré Menor de Bach em seu violino. Quando a música terminou e a multidão silenciosamente se dispersou, ficou claro que a música lhes trouxe um profundo consolo, de uma maneira que nenhuma palavra jamais poderia ter feito.(*) Dido e Enéias é uma ópera do compositor inglês Henry Purcell (1659 - 1965). Sua história se baseia no livro IV de "Eneida", do poeta romano Virgílio, que retratata o amor da rainha de Cartago, Dido, pelo herói troiano Enéias. Quando este a abandona, Dido acaba morrendo.
A música, exclusivamente entre as artes, é ao mesmo tempo completamente abstrata e profundamente emocional. Não tem poder para representar nada de particular ou externo, mas possui um poder único para expressar estados ou sentimentos internos. A música pode perfurar o coração diretamente; não precisa de mediação. Não é preciso saber nada sobre Dido e Enéias (*) para se emocionar com o lamento dela por ele; quem já perdeu alguém sabe o que Dido está expressando. E há, finalmente, um paradoxo profundo e misterioso aqui, pois, embora essa música faça com que a pessoa sinta dor e sofrimento mais intensamente, ela traz conforto e consolação ao mesmo tempo."
11 setembro, 2020
O estranho poder da música
Numa passagem particularmente comovente, Dr. Oliver Sacks (neurocientista e autor de "Musicofilia"), ao refletir sobre o quinto aniversário dos ataques de 11 de setembro, capturou as peculiaridades do estranho poder da música sobre nós:
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