A primeira estória é um conto popular iraniano e a segunda está em "Fantastic Fables" (1899), do jornalista e escritor estadunidense Ambrose Bierce.
1.
Certa manhã, o tolo acordou e pensou: "Tem uma coisa de que eu preciso, preciso de um burro."
Então ele saiu de casa e caminhou até chegar à cidade. Chegou à baia dos burros. Havia muitos burros. Alguns eram grandes e outros pequenos. Alguns tinham orelhas compridas e outros, muito curtas. Mas, entre eles, havia um burro com orelhas compridas, caídas e sedosas.
"Este é o burro certo para mim."
O tolo pagou ao dono da barraca de burros e levou o burro amarrado por uma corda pelas ruas da cidade, e lá estavam dois meninos.
"Nós podemos enganar aquele burro daquele tolo."
Um menino se aproximou, pegou a corda do pescoço do burro, colocou-a em volta do seu próprio pescoço e seguiu o tolo, que nem percebeu.
O outro menino levou o burro de volta à barraca para vendê-lo.
O tolo seguiu pelas ruas e, afastando-se da cidade, rumo à sua casa. E quando chegou lá, virou-se... "Uhhh! Quando o comprei, você era um burro. Mas agora virou um menino."
"É verdade, eu era um burro quando você me comprou. Mas, veja bem, antes disso eu era um menino. Eu era rude com minha mãe." E minha mãe dizia: "Se você for rude comigo de novo, que o diabo o transforme em um burro." E assim foi. "Mas agora que você me comprou, sou um menino novamente e pertenço a você."
"Você me pertence?", disse o tolo. "Eu não posso possuir um menino. Vá, vá, mas me prometa uma coisa: quando for para a casa da sua mãe, não seja rude com ela de novo."
O tolo dormiu naquela noite e, quando acordou de manhã, percebeu que ainda precisava de algo... Ainda precisava de um burro. Saiu de casa, pegou suas últimas moedas e caminhou até chegar à cidade. Andou pelas ruas até chegar à baia dos burros. E lá estavam todos aqueles burros, grandes e pequenos, alguns com orelhas maiores que outros. E, entre os burros, notou um com orelhas longas, caídas e sedosas. Ele conhecia aquele burro. Aproximou-se dele, levantou-lhe a orelha e disse: "Seu tolo, eu disse para nunca mais ser rude com sua mãe!"
2.
Um sábio, ao ver um tolo batendo em seu burro, disse:
"Abstenha-se, meu filho, abstenha-se, eu imploro. Aqueles que recorrem à violência sofrerão também com a violência."
"Isso", disse o tolo, castigando diligentemente o animal. "É o que estou tentando ensinar a esta fera — que me deu um coice."
"Sem dúvida', disse o sábio para si mesmo, enquanto se afastava. "A sabedoria dos tolos não é mais profunda nem mais verdadeira que a nossa, mas eles realmente parecem ter uma maneira mais impressionante de transmiti-la."
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