26 julho, 2019

As salas de aula nas antigas salamancas

Vejam como as salas de aula de 900 anos atrás, como nas universidades de Salamanca, Paris, Bolonha, Cambridge etc. eram organizadas:

1. Fileiras de bancos e mesas de madeira, em paralelo, voltadas para a frente. Alunos sentados lado a lado, anotando em rolos de pergaminho, com pedaços de grafite ou penas de ganso (ainda hoje podem ser encontradas carteiras em escolas brasileiras que têm o buraquinho para pôr o tinteiro, um anacronismo).

2. Professor na cátedra (cadeira alta, com um baldaquino, com uma mesa, e espaço para colocar o livro sendo lido para os alunos — os livros eram muito caros, e os alunos não tinham cada um o seu — isso só surgiu depois do século XV, com o livro impresso. Tanto é que os professores até hoje são chamados de lentes, em Portugal e Espanha, e "readers" ou "lecturers", na Inglaterra e EUA. E catedráticos ("chairman"), que são os que têm direito de sentar na cátedra, imponente… A invenção da cátedra precedeu a dos bancos escolares, pois já existia no século X.

3. Na Renascença, surgiram os anfiteatros, com a parte ocupada pelo professor em uma parte mais profunda, e com os bancos escolares distribuídos em semicírculo, em diferentes níveis. Eu visitei a sala em que o Galileu dava aula, que é do tempo do grande anatomista Marcelo Malpighi, na Universidade de Pádua. Muito confortável, muito pratica, os alunos enxergam tudo, por isso eram muito usadas para demonstrações como experimentos de física e química, dissecções e cirurgias. Não sei porque desapareceu, é o caso de uma sala bem inventada. Aliás. chama-se anfiteatro justamente por ter sido inspirado quanto à disposição nos teatros greco-romanos. Foi uma adaptação para dar aula.

Extraído de: Nos tempos da lousa e giz, por Renato Sabbatini. In: Noosfera

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O quadro negro, não sendo ele negro
Desenvolvido pelo escocês James Pillans, em 1801, o quadro negro foi uma grande revolução no ensino. Antes dele os professores não tinham como escrever algo que todos os alunos pudessem ver ao mesmo tempo. Inicialmente, eram fabricados a partir de uma pedra preta ou cinza escura, a ardósia. Com o tempo, surgiram novos materiais, mais baratos, claros, fáceis de manusear e menos frágeis. Os quadros poderiam ser fabricados de qualquer cor, mas o verde foi uma escolha popular. Além de ser mais confortável para os olhos, destacava melhor as cores dos gizes. Hoje, a palavra quadro negro, apesar de ainda ser utilizada, está sendo substituída por lousa ou apenas quadro.
O giz, não sendo ele giz
Os primeiros gizes eram meros pedaços de calcita (carbonato de cálcio), uma rocha sedimentar branca. Brancos, porosos e propensos a se fixar nas superfícies onde são colocados (e igualmente fáceis de limpar). Os gizes atuais são feitos de gesso comprimido (sulfato de cálcio), produzidos quimicamente, e podendo ser adicionados de corantes.

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