Os nomes dos políticos, às vezes, são difíceis de rimar. Não me lembro se foi Juca Chaves que disse que era difícil encontrar uma rima para Lacerda.
Um repentista confessava que a classe tinha horror à palavra "cinza". Seu uso seria uma espécie de golpe baixo num desafio. Alguém conhece uma rima para ela?
– Pedir pra rimar cinza / é coisa de ranzinza!
Se for para ter rima aconselho não terminar verso com um dos seguintes vocábulos: probóscide, elfo, sílfide, cúmplice, nenúfar, acróstico, odre (ó), sânscrito, totem, Vênus, virgem, lágrima, êxito, cabocla, ânus, néctar, lápis, tênue, sorgo, paralelepípedo, árabe e derivados (como moçárabe). Para paralelepípedo, serve insípido? Mas, para as demais palavras, está difícil.
Rima para lâmpada – Disseram uma vez ao jornalista português Duarte de Sá que não havia rima para a palavra lâmpada. Ele refletiu um instante e escreveu: – Consta que certo vigário / mandou comprar uma lâmpada/ pra alumiar uma estampa da / Virgem Santa do Rosário! (Colaboração do poeta José Marins – Curitiba) [http://www.caestamosnos.org/rev_trovia/Out_2006.htm]
Acho lindo quando Caetano, em "Rapte-me, Camaleoa", diz: rapte-me, capte-me, adapte-me, it´s up to me (acabaram-se as rimas em português e ele foi buscar mais uma em outro idioma). Em "Meu bem, meu mal", onde ele rima "meu guru" com "porto seguro" e "mãe" com "champanhe", igualmente.
No português do Brasil, as rimas para "mãe" em geral são imperfeitas. Além de "champanhe", temos "acompanhe", "ganhe", "txucarramãe"... Ei, "txucarramãe", não!
Em Portugal, "mãe" não é problema. Leiam estes versos de Fernando Pessoa:
– Tão jovem! que jovem era! / (Agora que idade tem?) / Filho único, a mãe lhe dera / Um nome e o mantivera: / “O menino de sua mãe.”
É que no falar lisboeta "tem" soa normalmente “tãe”. (Aderaldo Luciano)
A rima é uma coincidência de sons, não de letras. Por exemplo, há rima soante perfeita nestes versos de Alphonsus de Guimaraens:
– Céu puro que o sol trouxe / Claro de norte a sul, / O teu olhar é doce, / Negro assim, qual se fosse / Inteiramente azul.
Ver também: A Rua das Rimas, de Guilherme de Almeida.
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