10 agosto, 2013

O outro lado

A América que brinca de Democracia
"As Vinhas da Ira", de John Steinbeck, é um dos livros que temos que ler com atenção.
O autor é americano, sabe o que está narrando, não é considerado comunista, nem batista, islamita, subversivo, ou algo que repudie as mentes mais ortodoxas. Certamente não dará sono.
Apesar do enredo dar-se na Grande Depressão de 1929/30, pode-se muito bem transplantá-lo para toda a história da grande democracia americana. Sem medo de errar.
O livro mostra claramente o que é a democracia centrada em um Estado que é obrigado a atender interesses dos bancos, da indústria e dos grandes latifundiários. Democracia que mata e suprime liberdades como qualquer ditadura ao redor do globo, seja comunista, religiosa, de centro, de direita etc.
O capitalismo, disfarçado de liberalismo dentro de uma pseudo-democracia, tem uma grande vantagem: mata sem que se possa apontar os assassinos.
Quando não mata diretamente, como qualquer Stalin ou Pol Pot, mata de fome, de miséria, de subemprego.
É uma da piores ditaduras de que se tem notícia na história da humanidade pois, sob esse tipo de organização da produção, é possível disfarçar o Estado sob um manto onde se vislumbram contornos de democracia. E os donos do poder podem agir livremente, quase sempre com o argumento de que estão agindo a bem da liberdade, da defesa da democracia, da manutenção da paz social. Aí a coisa pega e não adianta dizer que é muito diferente de qualquer ditadura de que se tem notícia na história da humanidade.
Salvo engano, a única forma de evitar ditaduras de qualquer linha ideológica seria a pulverização do poder e, até hoje, não existe nenhum sistema de organização da produção, seja de esquerda, centro ou direita, que evite a concentração de poder. E, todos sabemos, concentração de poder gera ditadura, e esta gera aquilo que todos conhecemos de uma ditadura: injustiças, impunidades, corrupção, destruição do tecido social etc. etc. etc.
Esta concentração foi o grande cancro que matou o socialismo e que mata qualquer democracia. Foi - é ainda - a concentração de poder que matou/mata incontáveis seres humanos sob a hegemonia da religião, do comunismo e do capitalismo.
E o grande modelo de democracia americana - que nunca existiu, diga-se de passagem - vive hoje, mais uma vez às escâncaras, sob um perigoso regime de supressão de liberdades e de tentativa de afirmação de uma hegemonia mundial.
Nada que já não tivesse acontecido antes. O capitalismo norte-americano, disfarçado em democracia, trucidou muito trabalhador ao longo de sua história. História feita de sangue por quem detinha o poder, não por quem precisa da proteção do Estado.
Fernando Gurgel Filho

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