26 novembro, 2011

Centenário de Mário Lago

Comemora-se hoje (26/11/11) os cem anos do nascimento do ator, radialista, escritor e compositor Mário Lago. Nascido no Rio de Janeiro, e criado em ambiente musical (o pai, Antonio Lago, era maestro), Mário chegou a se formar em Direito, mas exerceu a advocacia por apenas três meses. Os apelos da vida artística e da boêmia na Lapa foram mais fortes.
Sua trajetória de vida sempre foi traçada pela intensa militância política. Fez parte dos quadros do Partido Comunista Brasileiro por 50 anos, fato que lhe rendeu represálias nos tempos da ditadura Vargas e da ditadura militar, incluindo algumas prisões. Em 1964, foi um dos primeiros nomes a encabeçar a famosa lista de inimigos do regime militar, sendo cassado, com outros companheiros, de suas funções na Rádio Nacional.
Além das saudades, Mário Lago (que faleceu em 30/05/02) deixou sucessos antológicos, tais como: "Ai, que saudades da Amélia" (com Ataulfo Alves), "Atire a primeira pedra" (com Ataulfo Alves), "Nada além" (com Custódio Mesquita), "Dá-me tuas mãos"(com Roberto Martins), "Aurora" (com Roberto Riberti), "Número um" (com Benedito Lacerda), "Fracasso", "Devolve", "Ficarás" e outros.


Curiosidade
Mário Lago criou esta canção, "Caluda, tamborins", para brincar com palavras e construções gramaticais pouco empregadas em nossa língua. Foi gravada por Eduardo Dusek no CD NADA ALÉM - MARIO LAGO, de 1991.

Caluda, tamborins, caluda!
Um biltre meu amor arrebatou.
No paroxismo da paixão ignota
Supu-la um querubim, não era assim.
Caluda, tamborins, caluda!
Soai plangentemente, ai de mim.
Vimo-nos num ror de gente
E, sub-repticiamente,
O olhar seu me dardejou.
Cáspite, por suas nédias madeixas
Que suaves endechas
Em pré-delíquio o pobre peito meu trinou.
Fomo-nos de plaga em plaga,
Pedi-lhe a mão catita,
Em ais de êxtase m'a deu.
E o dealbar de um amor
Em sua pulcra mirada resplandeceu, ola-ri-lá!
Caluda, tamborins, caluda!
Um biltre meu amor arrebatou.
No paroxismo da paixão ignota
Supu-la um querubim, não era assim.
Caluda, tamborins, caluda...
Soai plangentemente, ai de mim.
Férula, ignara sorte
Solerte a garra adunca
Em minha vida estendeu.
Trêfega, ia a minha natércia,
Surge o biltre do demo,
Rendida à sua parlanda, ela se escafedeu.
Vórtice no imo trago.
São gritos avernais
Que no atro ódio exclamei.
Falena sou, desalada
Ó numes ouvi-me: aqui del-rey!

Nenhum comentário: