O que deveria ser o maior de todos os nossos inventos, o avião, encontra-se sub judice. Devido a uma torpe ação movida pelos norte-americanos que, com a sua máquina publicitária invencível, “vendem” ao mundo a pipa dos Wright Bros. Anunciando-a como “o primeiro avião do mundo”.
Ah, é? Mas, no relógio de pulso, eles não tascam. Foi este relógio uma ideia que Santos Dumont, em boa hora, deu a Louis Cartier. E que coube ao relojoeiro francês a tarefa de transformá-la num objeto (dos mais úteis).
Sobre essa tradição brasileira de voar: não começou com o Pai da Aviação. Remonta a Bartolomeu de Gusmão, um padre jesuíta nascido em Santos, que projetou a Passarola. Um aeróstato aquecido a ar quente, com o qual o "padre voador" antecedeu os Montgolfier com seus balões.
Já a invenção do radio é creditada ao padre Landell de Moura, com as suas experiências de transmissão da voz humana a distância, feitas no final do século 19. Embora obtivesse as patentes, no Brasil e nos Estados Unidos, o padre não conseguiu o reconhecimento que merecia. Nem o financiamento necessário para produzir em escala industrial os seus equipamentos. Aliás, acusado de pacto com o diabo, o padre teve o dissabor de vê-los destruídos.
E esta nossa lista, recheada de padres-cientistas, ainda prossegue. Com o padre Azevedo, que inventou a máquina de escrever. É verdade que, com o surgimento das impressoras domésticas, a máquina de escrever foi mais adiante desinventada. Como também desinventado foi o aparelho de abreugrafia, do médico Manuel de Abreu, após décadas de grande sucesso do invento.
Na área da moda, contribuímos com várias peças. O fio dental, por exemplo. Só que algumas delas aumentamos, mas não inventamos. Como os tais sapatos-plataforma, que a pequena Carmen Miranda criou para se tornar, sobre eles, ainda mais notável.
E, no futebol, registremos a folha seca do Didi, os múltiplos disfarces para o jogador fugir da concentração, as placas luminosas (que anunciam as substituições dos atletas nas partidas) e o Hino Nacional cantado a cappella, digo, a stadium. Pois bem, até quando metemos as mãos pelos pés somos criativos, como fomos ao criar o futevôlei.
Além de tudo, quantos gadgets foram inventados aqui no Brasil! Aí estão o bina, o walkman e a urna eletrônica que não nos deixam mentir. O filtro de barro, o escorredor de arroz, o orelhão do telefone e o lacre de segurança de plástico. Também aí estão a caipirinha que, segundo o historiador português Alexandre Borges, foi a única contribuição positiva de Dona Carlota Joaquina ao Brasil, e o trio elétrico, atrás do qual "só não vai quem já morreu".
E, last but not least, o cheque pré-datado.
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