16 setembro, 2011

Dr. Asdrúbal e a dicotomia na medicina

O refinado Dr. Asdrúbal, em se tratando de erguer o moral de um paciente, tem uma técnica infalível. Costuma aplicá-la em quem, receoso de estar apresentando uma grave patologia, ameaça entrar em estado de pânico.
Ele, simplesmente, convida o paciente a acompanhá-lo em um raciocínio de clareza solar.
- Ainda não formei o diagnóstico, quanto a isto vou recorrer a exames complementares. Mas já se vê que estamos diante de duas possibilidades: higidez ou doença. Se for a primeira, ótimo, você não tem nada, mas se for a segunda possibilidade, nem assim haverá motivo para se desesperar. Porque poderá ter uma doença simples, auto-limitada, para a qual nem sequer prescreverei medicamentos. Com também poderá ter a alternativa, qual seja, estar você portando uma doença realmente séria. Calma aí. A medicina hodierna já consegue curar muita doença com esse rótulo, o que poderá acontecer perfeitamente no seu caso. Ou não, caso esteja a apresentar uma doença considerada atualmente incurável. E daí?! Se, aliviado dos sintomas por conta de um tratamento paliativo, você ainda poderá ter, daqui para frente, uma qualidade de vida razoável. Se bem que eu não possa descartar a outra opção que aqui se coloca: estarmos lidando com uma moléstia que, além de grave e incurável, é inteiramente refratária a qualquer medida de alívio. Bem, você tem religião? Ah, é cristão!... Porque agora vai ser das duas, uma: você, logo que morrer, irá para o Céu ou... para o Inferno. Ir para o Céu será ótimo, já que é a suprema aspiração de quem se diz cristão.
Segundo sei, Dr. Asdrúbal sempre para neste ponto. Por considerar uma redundância mandar para o Inferno quem já apresenta uma doença grave, incurável e de grande padecimento.
O Barão de Itararé não racionalizaria melhor. PGCS

Um comentário:

Paulo Gurgel disse...

O colega Vladimir enviou-me esta mensagem por e-mail:
Prezado Paulo,
Foi muito bom ler seu trabalho.
Um abraço,
Vladimir