16 maio, 2009

Delírio


"Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci...."
Quem o internauta acha que é o autor deste soneto?
a) Vinicius de Morais
b) Carlos Drummond de Andrade
c) J.G. de Araújo Jorge
d) Olavo Bilac
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2 comentários:

Paulo Gurgel disse...

é Olavo Bilac.
Talvez seja uma surpresa para quem conserva na imaginação OB como sendo aquele senhor polido, patriota enfadonho e reacionário e descobre que o parnasiano poeta, autor do Hino à Bandeira Nacional, adorador das formas marmóreas e da sobriedade, tinha também o seu lado devasso.

Paulo Gurgel disse...

Ficou famoso o papelucho deixado por Emílio de Menezes para epitáfio do amigo:
"Bilac esta cova encerra. Choram sacros e profanos... Muitos anos coma a terra, a quem comeu tantos ânus!".