12 março, 2007

Caminhando e aprendendo – 7

A QUALQUER HORA
Mal saíra da Trilha do Rio onde havia levado uma coça dos mosquitos borrachudos (estes em grande número, porque havia chovido muito nos últimos dias). Quando uma repórter me deteve para uma rápida entrevista. Queria saber o que eu achava da situação do Parque do Cocó quando calhava (epa!) de chover muito. Pensei na lama, nas árvores caídas, nos mosquitos... Quando, circunstancialmente, eu ficava impedido de percorrer as trilhas do Parque do Cocó. E passava a caminhar no calçadão junto ao Estacionamento Iguatemi (onde também existe um shopping center).
Escapou-me, porém, uma declaração de apego ao mangue.
A matéria saiu no dia seguinte. Lia-se, deste entrevistado, uma declaração bem sucinta. Do tipo “adoro este lugar, venho aqui a qualquer hora”. E, para que não restassem dúvidas de quem a fizera, o jornal também publicou uma pequena foto do declarante.
Pessoas da minha família que leram a reportagem passaram a ter questionamentos. Estaria o entrevistado tão ocioso para caminhar no mangue a qualquer hora? Ainda mais que ele, quero dizer, eu já estou de aposentadoria anunciada...
Ora, entendam do seguinte modo. A qualquer hora, esclareça-se, é porque é possível ao freqüentador caminhar no parque às 3 horas da tarde, por exemplo. Resguardado do sol forte deste horário, graças às sombras que as suas árvores projetam nas trilhas. Mas, para mim, esse “a qualquer hora” é e será sempre... apenas uma vez por dia.
À noite, nunca.

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