24 janeiro, 2012

VADA A BORDO, CAZZO!

"Volte para bordo. Isto é uma ordem. Não há nada mais para você considerar. Parece que você abandonou o barco. Eu estou dando as ordens agora. Volte para bordo. Está claro? Volte para o navio, caralho!" (Capitão Gregorio de Falco, da guarda costeira italiana, ao Capitão Schettino, comandante do navio Costa Concordia)

O grito do comandante da Capitania dos Portos italiana, no caso do naufrágio do navio Costa Concordia, é um brado para todos nós, medrosos de plantão, retomarmos nossas vidas, colocando o leme novamente em nossas mãos.
O medo talvez seja um dos principais mecanismos de defesa do ser humano desde os primórdios dos primeiros primatas bípedes. Ele nos alerta contra situações de perigo, real ou imaginário, e nos dá condições de enfrentá-lo ou fugir.
Por isso, não vejo mérito nenhum em quem diz não ter medo de nada e sai por aí enfrentando qualquer tipo de desafio como se não ligasse a mínima para as consequências ou como se desprezasse solenemente os riscos envolvidos na ação, seja ela qual for, desde sentar no parapeito da janela no décimo andar de um prédio até assumir dívida em banco.
Ora, se a pessoa não tem medo de nada no mundo é como se o risco não existisse para ela. Sem risco, onde está a coragem de quem enfrentou uma situação que, para uma pessoa normal, seria considerada perigosa?
Todo ser humano tem medo e somente pode ser chamado de corajoso quem sabe enfrentar o medo.
Para enfrentar o medo e ajudar alguém em dificuldades, o ser humano, além de corajoso tem que ter uma boa dose de solidariedade e saber se desfazer do instinto egoísta que o impele para o "salve-se quem puder e que eu seja o primeiro".
Senão a vida se desmorona a cada tempestade, a cada necessidade de termos ousadia e coragem. Ou a cada perigo de naufrágio.
Sejam esses perigos reais ou potenciais.
Como relata Joseph Conrad, no livro "Lord Jim", onde o primeiro oficial de um barco repleto de muçulmanos, abandona-os à própria sorte quando o barco ameaça naufragar. O barco não naufraga, todos se salvam e o primeiro oficial fica completamente desonrado. Porém, há a possibilidade de, em outra ocasião de sua vida, ele colocar à prova sua coragem e restabelecer sua biografia. Será que é possível?
Então, se a vida anda meio perigosa e você está com medo:
"VOLTE PARA O NAVIO, CARALHO!"
Fernando Gurgel Filho

Leitura complementar
MEDO, MEDO, MEDO...

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