28 março, 2012

Millôr Fernandes (1923-2012)

Morreu ontem, aos 88 anos, no Rio de Janeiro, o desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, jornalista e tradutor Millôr Fernandes.
Pseudônimos e cognomes: Vão Gogo, O Filósofo do Méier, O Patrono dos Cartunistas, Papaverum millor...


Frases marcantes do "escritor sem estilo":
“Fiquem tranquilos os poderosos que têm medo de nós: nenhum humorista atira para matar.”
“A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades.”
“Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.”
“De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência.”
“Os nossos amigos podem não saber muitas coisas, mas sabem sempre o que fariam no nosso lugar.”
“Se todos os homens recebessem exatamente o que merecem, ia sobrar muito dinheiro no mundo.”
“Há duas coisas que ninguém perdoa: nossas vitórias e nossos fracassos.”
“O mal de se tratar um inferior como igual é que ele logo se julga superior.”
“O homem é o único animal que ri. E é rindo que ele mostra o animal que é.”
"Eu não sou um grande humorista. Sou apenas o sujeito mais engraçado, da família mais engraçada, da cidade mais engraçada, do país mais engraçado do mundo."

Áudio: O Brasil - Reflexões Sem Dor - Outras

2 comentários:

Nelson Cunha disse...

Paulo,
Millór não acreditar na notícia. Millôr é imortal.

Poema do Millôr
Enterrem meu corpo em qualquer lugar.
Que não seja, porém, um cemitério.
De preferência, mata;
Na Gávea, na Tijuca, em Jacarepaguá.
Na tumba, em letras fundas,
Que o tempo não destrua,
Meu nome gravado claramente.
De modo que, um dia,
Um casal desgarrado
Em busca de sossego
Ou de saciedade solitária,
Me descubra entre folhas,
Detritos vegetais,
Cheiros de bichos mortos (Como eu).
E, como uma longa árvore desgalhada
Levantou um pouco a laje do meu túmulo
Com a raiz poderosa,
Haja a vaga impressão
De que não estou na morada.
Não sairei, prometo.
Estarei fenecendo normalmente
Em meu canteiro final.
E o casal repetirá meu nome,
Sem saber quem eu fui,
E se irá embora,
Preso à angústia infinita
Do ser e do não ser.
Ficarei entre ratos, lagartos,
Sol e chuva ocasionais,
Estes sim, imortais.
Até que um dia, de mim caia a semente
De onde há de brotar a flor
Que eu peço que se chame
Papáverum Millôr

Paulo Gurgel disse...

O poema está também no áudio da postagem.
Um abraço, Nelson.