31 março, 2023

Eli, Eli, lama azavtani?

E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lama azavtani?
Isto é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
(Mateus 27:46)

Aldrovando não murmurou palavra. De olhos muito abertos, no rosto uma estranha marca de dor – dor gramatical inda não descrita nos livros de patologia – permaneceu imóvel uns momentos.
Depois empalideceu. Levou as mãos ao abdômen e estorceu-se nas garras de repentina e violentíssima ânsia.
Ergueu os olhos para Frei Luiz de Souza e murmurou:
– Luiz! Luiz! Lama azavtani?!
E morreu.
De que não sabemos – nem importa ao caso. O que importa é proclamarmos aos quatro ventos que com Aldrovando morreu o primeiro santo da gramática, o mártir número um da Colocação dos Pronomes.
Paz à sua alma.
(trecho final de "O colocador de pronomes", conto de Monteiro Lobato)

Em vídeo dedicado à expressão Eli, Eli, lama azavtani?, o professor de hebraico Renato Santos esclarece que escrevê-la de qualquer outra forma constitui um erro de transliteração.

30 março, 2023

Indez (2)

Tem como sinônimos: "isca" e "chamariz".
É o ovo (pode ser natural ou artificial) que se coloca no lugar em que se quer que a ave faça a postura. Coloca-se o indez para galinhas, capotes, canários etc.


@mariozinholago, Twitter

29 março, 2023

Assim é (se lhe parece)

Mesmo tendo sido escrita em 1917, a peça "Così è (se vi pare)" , de Luigi Pirandello, é mais atual do que nunca, pois revela uma das características marcantes das pessoas: a mania pela curiosidade da vida do outro, a fofoca e a bisbilhotice.
A trama central de "Assim é (se lhe parece)", o título da peça no Brasil, gira em torno da chegada de uma família numa província do interior da Sicília, no sul da Itália, após sobreviver a um terremoto. O que provoca a curiosidade da população local é o fato de que eles moram em locais diferentes, o núcleo familiar em uma residência e a sogra em outra. Genro e sogra têm versões opostas para este fato, o que deixa os cidadãos ainda mais curiosos para saber a verdade; eles não se cansam para elucidar o porquê de uma única família não morar sobre o mesmo teto.
Além de morarem em casas separadas, a senhora Frola visita a filha diariamente, mas apenas à distância. Ela diz que em razão da possessividade do genro, mãe e filha não podem ter contatos íntimos. Já o genro diz que a sogra tem problemas psiquiátricos, pois não admite que sua filha morreu há anos e, por isso, ele pede que sua segunda esposa se passe pela filha da Sra. Frola. 
Essas versões distintas do fato é que aguça a curiosidade dos moradores locais, que promovem um verdadeiro tribunal informal para se chegar à verdade.

28 março, 2023

De cabo a rabo

A origem dessa locução adverbial remonta ao período das grandes navegações portuguesas. A expressão inicial era "de Cabo a Rabat", referindo-se ao fato de se conhecer a costa africana da Cidade do Cabo, ao Sul, até à cidade de Rabat, em Marrocos. Eram pontos da rota de navegação das caravelas portuguesas com destino às Índias.
Seu significado atual é: ir, realizar algo ou conhecer um assunto do começo ao fim, de uma ponta à outra, dos pés à cabeça, de alfa a ômega etc.
Bom para o Dicionário Brasileiro de Frases.

27 março, 2023

São Simeão


Durante os dias do Império Bizantino, monges que desistiram de uma vida normal por sua fé cristã, às vezes, pareciam competir sobre quem poderia sacrificar-se mais ou até mesmo punir-se mais.
São Simeão Estilita, o Velho, foi um pioneiro na autoprivação. Nascido por volta de 390 dC na Síria, ele entrou na vida monástica ainda adolescente. Simeão se tornou um asceta, passando semanas sem comer para se purificar. Ele era tão extremista que foi convidado a deixar o mosteiro e passou a viver a vida de um eremita sozinho no topo de uma série de pilares. O primeiro tinha três metros de altura, mas ele encontrou lugares mais altos para sentar e ficar. Simeão instalou-se em um pilar que tinha 15 metros de altura e ficou lá 37 anos! Seu espaço para viver era uma plataforma de cerca de um metro quadrado com uma espécie de grade. Simeão só foi derrubado pela morte.
Alguns dos seguidores de Simeão também tentaram viver em um pilar, e ficaram conhecidos como estilitas, ou eremitas de pilares. A prática durou até a Idade Média, pelo menos em sua forma extrema.

https://www.neatorama.com/2022/07/11/The-Monk-Who-Lived-Atop-a-Pillar-For-37-Years/
https://www.amusingplanet.com/2022/07/simeon-stylites-ascetic-who-lived-atop.html

26 março, 2023

O Rank dos Franks

Em ordem cronológica:

Frankfurt (século I)

Franklin, Benjamin (1706-1790)

Frankenstein (1818)

Frank Sinatra (1915-1998)

Anne Frank (1929-1945)

Frank Aguiar (1970)

Frankenweenie (2012)

Sinopse. Victor (de "Frankweenie") adora fazer filmes caseiros de terror, quase sempre estrelados por seu cachorro Sparky. Quando o cão morre atropelado, Victor fica triste e inconformado. Inspirado por uma aula de ciências que teve na escola, onde um professor mostra ser possível estimular os movimentos através da eletricidade, ele constrói uma máquina que permita reviver Sparky. O experimento dá certo, mas o que Victor não esperava era que seu melhor amigo voltasse com hábitos um pouco diferentes.

Crítica (por Bruno Carmelo, em AdoroCinema). O projeto de "Frankenweenie" é, por si só, um verdadeiro monstro de Frankenstein. O cineasta (Tim Burton, de "A Fantástica Fábrica de Chocolate") combinou elementos estéticos que dificilmente aparecem em um mesmo produto, como o preto e branco, o 3D e a técnica do stop motion (a animação "em massinha"). É uma grande produção, mas com a aparência das produções de baixo orçamento; é um produto novo e de última tecnologia, mas repleto de marionetes simples, e de um cãozinho cujo rabo ou orelha pode ser costurado, à mão, pelo dono.

25 março, 2023

Uma história triste

😧Trago aqui uma história triste. Uma história familiar de infortúnios repetidos, alheios à minha vontade.
Quando eu tinha 21 anos, minha mãe morreu em um terrível acidente de trânsito, e eu tive que ir morar com minha avó.
Tenho três filhos menores, e só o mais velho terá chance na vida. Os dois outros vão ter que se conformar com o destino.
Para piorar, minha avó faleceu há alguns meses e meu pai, com 74 anos, desaposentou-se.
E minha madastra vive deprimida pelo bullying que sofre por ser feia.
Lamento por tão desgradáveis notícias.
a) William, Príncipe de Gales

Para o grão pipocar

Para o grão pipocar, são necessários três fatores: grande quantidade de água em seu interior, bastante amido e um pericarpo (a casca) duro e resistente. Quando aquecida, a água encapsulada vira vapor, mas não consegue escapar.
Aos poucos, a pressão interna do grão aumenta até ao ponto de romper a casca, causando uma explosão. Quando o amido gelatinoso do interior entra em contato com o ar externo, ele esfria rapidamente e assume a forma sólida e fofinha que comemos.
A pipoca de milho é boa para isso porque o grão tem uma boa quantidade de amido e água, o que o permite crescer um bocado. Outros grãos, como sorgo e sagu, também se transformam em pipocas maiores que seus grãos, apesar de ainda não expandirem tanto quanto o milho.
Ingredientes como quinoa, arroz selvagem e amaranto também pipocam, mas a quantidade de amido em seu interior é menor, de modo que as pipocas não são muito maiores que os grãos em si. Esses alimentos podem ser usados por chefs para decorar e trazer crocância a pratos e saladas, por exemplo.

Algum alimento além do milho estoura e vira pipoca?

Links internos: O Popinator 🍿 A história da pipoca no cinema 🍿 Comer pipoca no cinema faz a publicidade ficar ineficaz 🍿 Pipocas! 🍿 A pipoca e o piruá 🍿 Pipocando 🍿 A pareidolia com pipocas 🍿 De grão em grão 🍿 A superfície solar 🍿 Pipoca no cinema 🍿 Pipocando (2) 🍿 O "milho estourado" de Quadequina

24 março, 2023

Livros envenenados: fake e fato

Em "O nome da Rosa", romance de Umberto Eco, um manuscrito, escondido na impenetrável biblioteca da abadia onde a história se passa, é descrito como a única cópia ainda existente de uma obra de Aristóteles dedicada à comédia. Quem folheá-lo para lê-lo será envenenado com arsênico, espalhado na borda de cada página, onde passa o dedo molhado para virar. Tudo, porém, acabará por ser destruído em um incêndio desastroso.
Saindo da narrativa ficcional de Umberto Eco para os manuscritos reais de Marie Curie. Os papéis de Marie Curie (mesmo seu livro de receitas) são mantidos em caixas de chumbo, devido aos altos níveis de radiação.
Se você visitar a coleção de Pierre e Marie Curie, na Bibliothèque Nationale de France, verá que muitos de seus antigos pertences - de seus móveis a seu livro de receitas - requerem roupas de proteção para serem manipulados com segurança. Você também terá que assinar um termo de isenção de responsabilidade para vê-los.

23 março, 2023

Conteúdo criado por humanos

Um novo selo para distinguir o conteúdo gerado por humano do conteúdo gerado por inteligência artificial (IA)

Not By AI é uma iniciativa curiosa e um tanto distópica que propõe adicionar rótulos ou selos de identificação ao conteúdo gerado por humanos em oposição ao conteúdo gerado pela inteligência artificial da moda, seja texto, imagens, música ou outros.
"Um especialista estima que 90% do conteúdo online pode ser gerado por IA até 2025. Com esse aumento no conteúdo gerado por IA, é importante observar que ele é originalmente treinado em conteúdo gerado por humanos. Se os humanos continuarem a depender exclusivamente da IA para gerar conteúdo no futuro, qualquer novo conteúdo poderá acabar sendo simplesmente conteúdo reciclado do passado. Isso poderia representar um grande obstáculo para o avanço da humanidade. Somente limitando nossa dependência da IA e continuando a criar conteúdo original podemos avançar como espécie."
PS. O Blog EM perguntou ao ChatGPT sobre a necessidade de usar estes selos (são três tipos: escrito, desenho e produzido), mas não obteve resposta até o momento.

22 março, 2023

A máquina de escrever. Uma invenção brasileira

A máquina que o padre Francisco João de Azevedo inventou foi feita em jacarandá. Ele utilizou-se apenas de canivete e lixa para construí-la.
Equipado com 14 teclas, contudo lembrava um piano.

Estampa da "machina tachigraphica" (1) inventada pelo padre Francisco João de Azevedo, publicada no livro Recordações da Exposição Nacional (1862). 

Cada tecla movimentava uma haste comprida com uma letra na ponta. A máquina permitia datilografar as letras do alfabeto e os sinais ortográficos. Um pedal era utilizado para trocar de linha.
Esse invento foi exibido na Exposição Agrícola e Industrial de Pernambuco de 1861, onde foi premiado com a medalha de ouro, na presença do Imperador Pedro Segundo.
Francisco João de Azevedo morreu em 1880 sem completar o sonho de patentear a máquina.O corpo foi enterrado no cemitério de João Pessoa.
De acordo com o biógrafo Ataliba Nogueira, no livro "A máquina de escrever. Uma invenção brasileira", publicado em 1934, o projeto de Francisco João foi roubado por um agente de negócios norte-americano, o qual teria passado os desenhos ao tipógrafo Christopher Lathan Sholes, (2) também norte-americano, que aperfeiçoou o invento e foi reconhecido como o inventor da máquina de datilografia.
Notas
(1) A página da Wikipédia sobre Francisco João diz que ele inventou a "máquina taquigráfica".
(2) Sholes criou o teclado QWERTY, ainda em uso.

O Brasil também tem sua lista de padres-cientistas

21 março, 2023

A cidade da Bahia

Naquele tempo, disse Gregório de Matos a seus coetâneos:
"A cada canto um grande conselheiro
Que nos quer governar cabana e vinha.
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro."
Nasceu Gregório de Matos na então capital do Brasil, Salvador, BA, em 20 de dezembro de 1636, numa época de grande efervescência social, e faleceu no Recife, PE, em data imprecisa. É o patrono da cadeira n.º 16 da Academia Brasileira de Letras.
Como poeta de inesgotável fonte satírica não poupava ao governo, à falsa nobreza da terra e nem mesmo ao clero. Não lhe escaparam os padres corruptos, os reinóis e degredados, os mulatos e emboabas, os "caramurus", os arrivistas e novos-ricos, toda uma burguesia improvisada e inautêntica, exploradora da colônia. Perigoso e mordaz, apelidaram-no de "O Boca do Inferno".

20 março, 2023

As Cobras

Cobra só têm pescoço. (Luís Fernando Veríssimo)

Marcus Ramone, em UniversoHQ:
Criada em 1975 pelo escritor e cartunista gaúcho LFV, a série de humor As Cobras estreou no jornal Zero Hora, de Porto Alegre/RS.
Durante a ditadura militar brasileira, elas satirizavam a situação social e política por que passava o País, sem deixar de lado as alfinetadas em técnicos de futebol, religião e, como não poderia ser diferente, na classe política, tema recorrente até 1997, quando Veríssimo aposentou a série - mas vários jornais continuaram a reeditar as tiras.


Como o autor apontou no press release de lançamento, as cobras são "o produto da combinação do meu gosto por quadrinhos com minhas limitações como desenhista. Cobra é muito fácil de fazer, só tem pescoço". Quando elas surgiram, "era o tempo da censura e, muitas vezes, podia-se dizer com desenhos o que não dava para se dizer com textos. As cobras dão palpite sobre tudo, mas prefiro as filosóficas, comentando a insignificância dos répteis - incluindo os répteis humanos - diante do Universo", concluiu Veríssimo.

Ah, e cobra tem cauda? Conferir no Quora.

18 março, 2023

Onde esteve João Gilberto dos 12 aos 30 anos de idade?

Como Mário de Andrade, em seus ensaios e compêndio sobre a música brasileira (1929-30), não vaticinou o que veio a ocorrer com João Gilberto dos 12 aos 30 anos de idade, muitos musicólogos se sentem na liberdade de conjeturar a esse respeito. Alguns sugerem que, nesse período, João Gilberto se afastou de Juazeiro da Bahia para ir viver, ai que alegria, em Petrolina. Outros propõem que, nessa época, ele tenha se ausentado da Bahia para visitar Chet Baker, em Los Angeles, de cujas mãos rececebeu um projeto salvífico para a MPB dos anos 1950. Já um terceiro grupo alega que ele permaneceu ignoto em Nova Jerusalém, quando esse lugar no Agreste pernambucano ainda não tinha sido reformado para virar um teatro campal. Mas, por mais originais que sejam, essas teorias (e outras que venham a surgir) não passam de meras especulações destituídas de comprovação histórica.

17 março, 2023

O touro Ferdinando

"Era uma vez na Espanha um jovem touro e seu nome era Ferdinando." Assim começa o clássico infantil de 1936 sobre um touro que prefere as flores à luta. "Ferdinand the Bull" (El toro Ferdinand) foi um sucesso instantâneo, popular entre todos os usuários de sandálias e bebedores de suco de frutas, de Eleanor Roosevelt a Gandhi. Hitler, naturalmente, mandou queimar o livro pois continha propaganda pacifista.
Eu? Sempre tive uma queda por isso – uma fraqueza compartilhada pelo matador mais famoso de todos, Juan Belmonte. Adorei a versão do filme animado de 2017, com sua representação impecável de Las Ventas, a praça de Madri.
O que a maioria das pessoas não sabe é que a história de Munro Leaf, de 1936, foi baseada em fatos reais. O Ferdinando da vida real era um belo touro preto chamado Civilón, nascido nos pastos de sobreiro em torno de Salamanca. Os touros jovens aprendem a usar seus chifres praticando esgrima com seus irmãos e, após um grave corte, Civilón fez amizade com Carmelita, a filha de sete anos de seu criador.
Algo inédito. Um touro lutador é criado para arremessar em qualquer desafiante que ele percebe. Exclusivamente entre os herbívoros, ele atacará, não por autodefesa ou medo, mas por aquilo que só pode ser chamado de coragem. No entanto, ali estava um touro bravo que, aparentemente, havia  renunciado à sua herança.
As pessoas vinham de toda a Espanha para ver a visão extraordinária de um touro de briga comendo na mão de uma menina. Civilón era tão conhecido que os comentaristas de direita começaram a zombar do nome do infeliz primeiro-ministro republicano Santiago Casares Quiroga (coincidentemente, "civilón" também era um termo pejorativo que os soldados espanhóis usavam para civis).
Em junho de 1936, o astuto gerente da antiga praça de touros de Barcelona, La Monumental, contratou Civilón como um dos cordelinhos. Era a corrida da época: todo mundo queria ver se, assim que pisasse na arena, Civilón se lembraria de seu pedigree e atuaria. Ele o fez, sem hesitar, abaixando a cabeça e se lançando sobre o cavalo do picador.
A platéia levantou-se como um só homem para exigir o indulto, a preservação de um touro excepcional para que ele pudesse ser colocado em reprodução. O presidente, confrontado com uma petição unânime, consentiu, acenando com o lenço laranja, o que raramente é visto no ringue. Então o criador, o pai de Carmelita, Juan, chamou Civilón para o canto do ringue – e o touro, tão letal momentos antes, trotou mansamente para acariciar sua mão.
Um aficionado pode passar muitas temporadas sem ver um indulto . As touradas devem terminar com a morte do protagonista. Essa morte pode ser realizada espetacularmente ou não, dependendo da qualidade e coragem do matador (e de sua espada encontrar a aorta). Mas os próprios eventos são tão predeterminados quanto em uma tragédia grega – com a qual eles se assemelham muito. Se um touro ferir gravemente ou matar um matador, outro matador completará o rito.
Essa, pelo menos, é a teoria. Na realidade, a tourada passa por espasmos ocasionais de "indultismo". O problema é que todos ganham com esses perdões. Os espectadores sentem que fizeram parte de algo especial. O matador é poupado da parte mais perigosa da tarde - ter que passar por cima dos chifres do touro, para que um impulso para cima o estripe. O criador recebe sua mercadoria de volta. Mas se o indulto for banalizado, todo o ritual corre o risco de se tornar nulo.
O "indultismo" chegou perto de destruir a festa no México. E há sinais alarmantes de que está em ascensão na Espanha. Durante a primeira década deste século, havia, em média, dez indultos por ano – aproximadamente um para cada 300 touros. Em 2019 foram 43. Este ano, como os leitores regulares saberão, vi um indulto em cada uma das temporadas que assisti – Olivenza na Espanha e Béziers e Nîmes na França.
Quase 90 por cento das corridas espanholas foram canceladas nesta temporada, e o punhado que aconteceu teve pouca ou nenhuma audiência. No entanto, houve indultos em Astorga, Mérida, Valdepeñas, Andújar e Villanueva (assim como o de Olivenza). Os espectadores estão claramente compensando demais a triste temporada de bloqueio. Mas, ao fazer isso, eles estão criando uma ameaça que durará mais que o coronavírus.
Ah, e Civilón? A vida real não é uma história para crianças, e a Espanha tem uma confiabilidade mórbida. Duas semanas depois de sua aparição em Barcelona, a guerra civil eclodiu e Civilón foi massacrado e comido por milicianos vermelhos.

NORTH, Christopher. The pardoner's tale. The Critic. Trad.: PGCS

16 março, 2023

A inteligência como um tipo de processamento de informação

"Acho que muitas pessoas descartam esse tipo de conversa sobre superinteligência como ficção científica porque estamos presos a esse tipo de ideia de chauvinismo de carbono de que a inteligência só pode existir em organismos biológicos feitos de células e átomos de carbono. Como físico, na minha perspectiva, a inteligência é apenas um tipo de processamento de informação pré-formado por partículas elementares que se movem de acordo com as leis da física. E não há absolutamente nenhuma lei na física que diga que você não pode fazer isso de maneiras muito mais inteligentes que os humanos." ~ Max Tegmark, Big Think

15 março, 2023

Morre Theo de Barros, coautor de "Disparada"

São Paulo - O violonista, compositor e arranjador Teófilo Augusto de Barros Neto morreu na madrugada desta quarta-feira (15), aos 80 anos.
Nascido no Rio de Janeiro, Theo sempre será lembrado, entre outros motivos, por integrar o Quarteto Novo, nos anos 1960.
Em parceria com Geraldo Vandré, fez a canção "Disparada", que dividiu o 1.º lugar com "A Banda", de Chico Buarque, no festival da TV Record, em 1966.
Outro de seus sucessos foi "Menino das Laranjas", que Elis Regina gravou em seu primeiro compacto.
Foi também diretor musical de peças teatrais como "Arena conta Zumbi" e gravou seis álbuns em sua carreira. Fonte: Jornal GGN


Uma nota pitoresca na apresentação de "Disparada" foi a utilização de uma queixada de burro como instrumento de percussão. A novidade, descoberta por Airto Moreira numa loja em Santo André, emprestou maior rusticidade ao acompanhamento, além de evocar uma visão forte de um sertão assolado pela seca. Zuza Homem de Mello recorda o sucesso da queixada. Era incrível como um instrumento sem ressonância (a "ressonância" ficava por conta dos dentes frouxos da queixada) pudesse fazer um som tão alto. O sertão e a cidade

Este incrível solo de baixo

Demorou 12 anos para aprender direito, mas o baixista Charles Berthoud finalmente acertou um solo para "U Can't Hold No Groove", de Victor Wooten. E é fantástico. No vídeo abaixo, ele alterna entre uma sessão de treino muito no início – onde simplesmente tocar as notas não faz a música – e como ele a executa completamente agora.



No YouTube:
"O que torna esse solo difícil não são as notas ou mesmo qualquer coisa extremamente veloz. É o fato de que só soa remotamente bom se você estiver tocando no tempo certo, acentuando o backbeat (batidas 2 e 4) com muita força, tocando tudo muito limpo e tendo uma grande variedade de técnicas até o ponto em que você não tem que pensar sobre elas, incluindo slap, dedilhado, polegar duplo, tapping, harmônicos e muito mais. Em outras palavras, tem que ir além de qualquer outra coisa. Doze anos atrás eu só conseguia tocar as notas até que consegui fazê-las soar do jeito que eu queria!"

14 março, 2023

Pifilologia

A pifilologia compreende a criação e o uso de técnicas mnemônicas para lembrar os muitos dígitos da constante matemática π. A palavra é um jogo com a própria palavra "pi" e o campo linguístico da filologia.
Existem muitas maneiras de memorizar π, incluindo o uso de "piemas" (um termo formado pela combinação de "pi" e po"ema"), que são poemas que representam π de forma que o comprimento de cada palavra (em letras) represente um dígito. 
Aqui está um exemplo de um "piema" em inglês: "Now I need a drink, alcoholic of course, after the heavy lectures involving quantum mechanics" (Agora eu preciso de uma bebida, alcoólica é claro, depois das palestras pesadas envolvendo mecânica quântica). Observe como (em inglês) a primeira palavra tem três letras, a segunda palavra tem uma, a terceira tem quatro, a quarta tem uma, a quinta tem cinco e assim por diante.
No "piku", são seguidas as regras do haicai convencional (três linhas de 5, 7 e 5 sílabas), mas com o truque mnemônico adicional de que cada palavra contenha o mesmo número de letras que os numerais de pi. Por exemplo:
"How I love a verse / Contrived to unhusk dryly / One image nutshell" (Como eu amo um verso / Concebido para descascar secamente / Uma imagem resumida).
Em exemplos mais longos, palavras de 10 letras são usadas para representar o dígito zero, e essa regra é estendida para lidar com dígitos repetidos quando em "pilês" (um tipo de escrita restrita). O conto "Cadaeic Cadenza" registra os primeiros 3.834 dígitos de π dessa maneira, e um romance de 10.000 palavras, "Not A Wake", foi escrito de acordo.
E, na língua que Gilberto Gil chorou no exílio, pifilólogos lusofalantes também contribuíram:
"Cai a neve e novas ferrovias de marfim serão por casas trocadas."
(com 11 casas decimais).
"Sou o amor,
o homem impetuoso da libido.
Homem que ataca mulheres atraentes,
meninas pecadoras que no céu imiscuem amor, paixão, fé, desejo, tudo!"
(parte inicial de um "piema)

13 março, 2023

Fazer nada

Ø

"A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda." ~ Mario Quintana

LINKS

Nada a fazer

Nada para fazer

Nada que fazer

Em preparação: Nadica de nada

12 março, 2023

Teresa da Praia

Uma canção composta em 1954 por Tom Jobim e Billy Blanco. É sobre dois homens que querem uma mesma mulher que conheceram no Leblon. Em certo momento da letra, há este diálogo: - É a minha Tereza da Praia / - Se ela é tua, é minha também / - O verão passou todo comigo / - Mas o inverno, pergunta com quem. Na época, circulavam boatos de uma rivalidade artística entre Dick Farney e Lúcio Alves, e a emblemática canção deu ensejo a que os dois, cantando-a juntos, promovessem uma "pacificação".


No segundo vídeo (legendado em espanhol), Lúcio é substituído pelo baterista Toninho.


Compilação A BELEZA EM TEREZA

11 março, 2023

Elon e o espaço

"O que aspiramos a fazer é ajudar a tornar a humanidade uma verdadeira civilização espacial e, finalmente, tornar-se uma espécie multiplanetária."


Ele nunca esconde sua paixão pelo espaço.

Musk na mosca:
"Eu gostaria de morrer em Marte. Só não no impacto."

10 março, 2023

Limeriques

Extraído de: Como escrever um limerique, por José Feldman
Um limerique é um poema curto, cômico e quase musical que beira o absurdo ou o obsceno. O nome do poema é geralmente considerado como uma referência à cidade irlandesa de Limerick, que é onde acredita-se tenha tido origem, mas seu uso foi documentado pela primeira vez na Inglaterra em 1846, quando Edward Lear publicou A Book of Nonsense, (e, portanto, o dia do Limerique é celebrado no seu aniversário, 12 de maio). Para escrever um, você precisa de um pouco de prática, mas não vai demorar para você ficar viciado em criar rimas espirituosas e imaginativas.
Aprenda as características básicas de um limerique.
Padrão de rimas. Um limerique tem cinco versos: o primeiro, o segundo e o quinto rimam entre si, e o terceiro e o quarto entre eles.
Número de sílabas. O primeiro, segundo e quinto versos devem ter oito ou nove sílabas, enquanto o terceiro e o quarto devem ter cinco ou seis.
Métrica. Um limerique tem um certo "ritmo" criado pela ênfase dada às sílabas.
Pense em diversas palavras que rimem com o fim do primeiro verso. Deixe a história e a graça do seu limerique se originarem das rimas que pensar. Desse modo você vai parecer engraçado, espirituoso e esperto.
Pense em uma reviravolta para sua história, tendo em mente as rimas do terceiro e quarto verso, mas salve a piada para o último verso.

No Brasil, a arte do limerique também foi representada por escritores como Joaquim de Sousândrade e Clarice Lispector, sendo que os mais famosos foram escritos pela escritora de livros infantis Tatiana Belinky.
Poemas de amor são difíceis de escrever. Limeriques são piadas, não poemas de amor.
Eis um exemplo de limerique:
Eu ontem comi agrião
Temperado com açafrão
Me deu um piriri
Que quase morri
Com minhas calças na mão!
(Pedro Antônio de Oliveira)

N. do E.
David Morice publicou este poema com sinais de pontuação na edição de fevereiro de 2012 da Word Ways:
% , & –
+ . ? /
“ :
% ;
+ $ [ \
É um limerique (que só funciona em inglês):
Percent comma ampersand dash
Plus period question mark slash
Quotation mark colon
Percent semicolon
Plus dollar sign bracket backslash

09 março, 2023

Perguntas ao ChatGPT



Oi, Chat

Uma amiga me presenteou com um chapéu de grife super chiquérrimo, que ela jurou que não queria mais. Então, tivemos um mal-entendido e ela estragou minha festa de aniversário. Então, eu a bloqueei. E coloquei uma batata no cano de escapamento do carro dela. E dormi com o ex dela. Nossa amizade ainda pode ser salva? Se não, tenho que devolver o chapéu?

Alyssa

08 março, 2023

Cebola cortada - 5

Usar cebolas para explicar o choro é uma piada familiar. Em The Brady Bunch, a governanta Alice atende o telefone e chora enquanto o interlocutor conta uma história triste. Depois de desligar, ela diz: "Malditas cebolas", segurando o Allium ofensivo. E Rowlf the Dog cantou, no The Muppet Show, "Eu nunca machuquei uma cebola. Então por que eles deveriam me fazer chorar?"
Além de usar óculos de proteção ao cortar, ou os métodos de congelar cebolas antes de cortar ou de cortá-las cruas debaixo d'água, não há como escapar dos efeitos colaterais lacrimosos de levar uma faca até elas. Enquanto algumas pessoas são imunes aos poderes malignos da cebola, muitas outras adorariam parar de se preocupar em chorar enquanto cozinham.
A principal pergunta no FAQ da National Onion Association é como cortar cebolas sem ligar o sistema hidráulico, e há mais de 3 milhões de resultados se você perguntar ao Google por que as cebolas fazem as pessoas chorarem. Mas graças a uma nova cebola inventada pela Bayer, as lágrimas de cebola podem ser uma coisa do passado.
O Sunion, como a nova cebola foi nomeada, levou 30 anos para ser desenvolvida usando cruzamentos à moda antiga. Os cientistas da Bayer colheram gerações de bulbos e procuraram aqueles que eram menos pungentes. Graças ao advento da cromatografia gasosa, eles puderam testar e ver a composição exata dos compostos voláteis em cada cebola.
No campo, o Sunion parece exatamente como qualquer outra cebola e, se aberto ali mesmo, provavelmente faria você chorar. "A transição acontece no armazenamento", diz Lyndon Johnson, gerente sênior de vendas de safras da Bayer. Esta é uma distinção importante, pois o cheiro forte da cebola é, em parte, um mecanismo de defesa para ajudá-la a sobreviver no subsolo. O cheiro das cebolas só fica bastante forte quanto mais tempo elas são armazenadas; Sunions ficam mais suaves e suportáveis para os olhos.
Como as apostas eram muito altas ao trazer a nova cebola para o mercado, ela teve de passar por vários testes sensoriais. Como os testes realizados pelo Bayer Sensory Lab e pelo Ohio State University Sensory Evaluation Center, em que pessoas predispostas a chorar enquanto cortavama cebolas foram solicitadas a cortar Sunions bem como cebolas comuns. Com os resultados se mostrando amplamente favoráveis aos Sunions quanto ao menor graus de pungência.


Links: 1, 2, 3 e 4 da série

Mulheres. A cronologia de suas principais conquistas no Brasil

Período 1879 - 1998 (vídeo)

Ano 2023 (em 8 de março, Dia da Mulher)
Mulheres ministras: 11. Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180, 24h). Casas da Mulher Brasileira: 40. Viaturas para a Patrulha Maria da Penha e delegacias especializadas: 270. Trabalho igual, salário igual (PL). Vagas de trabalho para mulheres vítimas de violência: 8%.

07 março, 2023

Dagon



NÃO PAGUE DÍZIMO.

ENSINE DEUS A PESCAR.


Ilustração: 

Uma representação de Dagon, suposta divindade assirio-babilônica. 

(século. 4 a.C.)

06 março, 2023

Vermelho russo

Fora da Rússia em si, a palavra "russo" acompanha uma porção de coisas, de saladas a armas e coquetéis. Nem todas elas são, porém, ligadas ao país.

A palavra russa "krásni" ("vermelho") já foi sinônimo de "belo". Assim, o nome da Praça Vermelha de Moscou não tinha nada a ver com a cor do Partido Comunista. Originalmente, aliás, a praça se chamou "Torg" ("comércio", porque era usada frequentemente como local de comércio) e até "Pojár" ("fogo", porque os estandes locais de madeiras frequentemente se queimavam).
Nos cosméticos, porém, há um tom popular conhecido em inglês como "vermelho russo" (classificação HEX: DE282E), que é realmente bastante usado na Rússia.


Os russos, porém, o chamam simplesmente de "escarlate". Em russo, o "escarlate" pode ser usado para descrever os lábios femininos, pores do sol, (*) sangue, rosas e bandeiras revolucionárias – qualquer coisa brilhante que evoque sentimentos fortes.

Georgui Manaev, RUSSIA BEYOND

(*) O plural de pôr do sol é pores do sol. No caso dessa locução, pôr não é considerada um verbo, pois tem função substantivada. Dessa forma, a formação do plural deve obedecer às regras aplicadas para palavras compostas unidas pela preposição “de”, em que apenas a primeira palavra é colocada no plural. N. do E.

05 março, 2023

Novas Ilusões

Nova Ilusão, 1941
Autores: Pedro Caetano e Claudionor Cruz
Intérpretes: Renato Braga, Lúcio Alves, Paulinho da Viola e Zélia Duncan
É dos teus olhos a luz, que ilumina e conduz minha nova ilusão. É nos teus olhos que eu vejo o amor e o desejo do meu coração. És um poema na terra, uma estrela no céu, um tesouro no mar. És tanta felicidade, que nem a metade consigo exaltar. Se um beija-flor descobrisse a doçura e meiguice que teus lábios tem, jamais roçaria as asas brejeiras por entre roseiras em jardins de ninguém. Oh, dona dos sonhos, ilusão concebida, surpresa que a vida me fez das mulheres! Há no meu coração um amor em botão que abrirás se quiseres.
As histórias dos bastidores da canção, por Laura Macedo. In: http://blogln.ning.com
Numa terça-feira do verão carioca de 1941, quatro dias antes de estrear o show no Golden Room do Copacabana Palace, Sílvio Caldas encontrou-se por acaso com o seu velho amigo Claudionor Cruz. Sabendo da estreia de Sílvio, grande cartaz a época, Claudionor ofereceu para lançar no show uma valsa inédita, apaixonada, seresteira como as que Sílvio gostava e como as que Claudionor fazia tão bem com seu parceiro Pedro Caetano. Sílvio Caldas, ele próprio compositor de belas valsas, agradeceu. Valsas tinha muitas. Que tal Claudionor e Pedro fazerem um samba. Um samba choro nos moldes de "Da cor do pecado", música e letra de Bororó, que o próprio Sílvio gravara com sucesso, em 1939. Não querendo perder a oportunidade Claudionor Cruz prometeu a Sílvio Caldas entregar o novo samba no dia da estreia, sábado. Promessa difícil de cumprir porque Pedro e Claudionor moravam um no centro e o outro no subúrbio e não poderiam se encontrar antes disso. Foi de Pedro Caetano a ideia e Claudionor aceitou na hora. Ele, Pedro, faria uma nova letra para "Da cor do pecado", ou seja, com o mesmo número de versos, cada verso com o mesmo número de sílabas, observando a pontuação e a acentuação melódica de Bororó. Ao mesmo tempo Claudionor faria a melodia que coubesse perfeitamente na letra de "Da cor do pecado". Primeira e segunda partes prontas, letra e melodia casadas, samba intitulado “Nova ilusão”. Sílvio Caldas aprendeu um pouco antes de entrar em cena. Lançou na noite de estreia, mas por algum motivo jamais o gravaria. Quem fez primeiro foi Renato Braga, irmão do compositor João de Barro, o Braguinha. Nada aconteceu. Em março de 1953, Lúcio Alves reviveu com arranjos de Radamés Ganattali, já então como samba canção. E as lições que ficam dessa história são pelo menos três: uma, o atestado do imenso talento de Pedro Caetano e Claudionor Cruz, dois gigantes da nossa música popular brasileira, ambos hábeis tanto em letra como em melodia. Outra lição: a de que até um Sílvio Caldas podia errar na hora de escolher o que gravar. A terceira: a de que o novo samba nasceu para ficar, sobretudo quando revivido mais de trinta anos depois por Paulinho da Viola (vídeo 1).



Nova Ilusão, 1948
Autores: Zé Menezes e Luiz Bittencourt
Intérpretes: Os Cariocas, Billy Eckstine e João Gilberto (vídeo 2)
Foi o destino talvez causador desse samba infeliz, ter você junto a mim outra vez, relembrar todas as juras que fiz. Tão satisfeito fiquei ao sentir nosso amor reviver, eu nem sei se sorri ou se chorei, custei até mesmo a crer. Recomeçamos assim a nossa felicidade, jamais alguém pensaria que aquela amizade viesse de novo a ter fim. Mas durou pouco afinal, essa nova ilusão terminou e não sei, se por bem ou por mal, você foi e não voltou.



José Menezes de França nasceu em 06/09/1921, em Jardim, Ceará. Compositor, arranjador e multiinstrumentista, dominava o cavaquinho, o bandolim, o banjo, o violão tenor, o violão de 6, 7 e 10 cordas, a guitarra e o contrabaixo. Em 1948, teve sua primeira composição gravada, o samba "Nova Ilusão", lançado pelo grupo "Os Cariocas", na gravadora Continental. Esse samba, inclusive, acabou se tornando o prefixo das apresentações do grupo. In: Zé Menezes, o craque das cordas

É permitido criar músicas com nomes de outras músicas que já existem?
Canções são mais que títulos e, na visão prática da lei, títulos (que são frequentemente muito curtos) não podem ter seus direitos autorais garantidos. Violações de direitos autorais requerem uma reprodução ou imitação substancial de conteúdo. Não podemos reclamar para nós o direito sobre as palavras "eu te amo", por exemplo, porque não há tantas formas de dizer a mesma coisa, convenhamos. Sequências de acordes também não têm direitos autorais; melodias e letras, por outro lado, sim.
https://pt.quora.com (Sealtiel) 
Se estiver em dúvida, consulte a Lei 9.610/98. Veja o que ela diz:
Art. 8º Não são objeto de proteção como direitos autorais de que trata esta Lei:
VI - os nomes e títulos isolados;
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm

Apóstolo Paulo do Cartum

"Sentiremos saudade do que nunca mais será desenhado pelo Paulo Caruso. Afinal, o paulistano foi quem melhor retratou o nosso último meio século."
~ Fabrício Carpinejar, GZH



04 março, 2023

No céu de Sueli

Morreu hoje (4), aos 79 anos, no Rio de Janeiro, a compositora e cantora Sueli Costa.
Ela iniciou sua carreira profissional com o apoio de Nara Leão que, em 1967, gravou a canção "Por exemplo, você", feita em parceria com João Medeiros Filho. Como intérprete, Sueli teve uma carreira tímida, com apenas seis álbuns em mais de 50 anos de trajetória. Suas composições, no entanto, voaram alto e foram sucessos nas vozes de intérpretes como Elis Regina, Maria Bethânia, Ângela Ro Ro, Fafá de Belém, Beth Carvalho, Gal Costa, Fagner e Simone, entre muitos outros (Forum).
Veja abaixo a lista de alguns dos sucessos de Sueli Costa,com os respectivos parceiros e intérpretes:

  • Altos e Baixos – letra de Aldir Blanc, O Primeiro Jornal – letra de Abel Silva, 20 Anos Blues – letra de Victor Martins - Elis Regina
  • Coração Ateu – letra de João Medeiros - Maria Bethânia
  • Nenhum Lugar – letra de Tite de Lemos - Ângela Ro Ro
  • Dentro de mim mora um anjo – letra de Cacaso - Fafá de Belém
  • Rosa Vermelha – letra de Paulo César Pinheiro - Beth Carvalho
  • Vida de Artista – letra de Abel Silva - Gal Costa
  • A Canção Brasileira, Jura Secreta – ambas com letra de Abel Silva - Fagner
  • Jura Secreta, Face a Face, esta com letra de Cacaso - Simone (vídeo)

Boxe com urso

Em 1949, ocorreu uma luta de boxe entre Gus Waldorf e um urso pardo. O objetivo dessa luta era atrair audiência para um programa de televisão.

Ainda que ele fosse um animal treinado de circo, a luta de boxe foi realizada sob a vigilância de juízes e outros profissionais, com o urso usando focinheira e luvas bem apertadas para impedir que o animal usasse os dentes a as garras durante a luta.

A fotografia mostra o exato momento em que o urso desfere um soco de esquerda em Waldorf.

03 março, 2023

O caviar de Taubaté

Em 1945, em correspondência com Hermínia de Castro Natividade, o escritor Monteiro Lobato equiparou, do ponto de vista simbólico, o içá ao caviar. Isso aconteceu como forma de barganha. Lobato acabara de receber de Hermínia, que conseguiu com uma amiga, a D. Silvina Andrade, uma lata cheia de bundinhas do formigão. A oferta não foi gratuita. O preço a pagar seria um pensamento do escritor sobre o içá:
"A sugestão me incomodou porque nunca no mundo ninguém jamais 'pensou' sobre o içá – e pelo jeito é realmente coisa 'impensável'. Mas já que dona Silvina pede, faço um esforço e digo que o IÇÁ É O CAVIAR DA GENTE TAUBATEANA."
(Correspondência de Monteiro Lobato para Hermínia de Castro Natividade, em 18/11/1945. Consultada por mim no site "Almanaque Urupês", que consultou o livro "Culinária Tradicional do Vale do Paraíba", de Maria Morgado de Abreu e Paulo Camilher Florençano.)

A definição se cristalizou ao longo do tempo e o içá continua reconhecido como iguaria típica de Taubaté. Mas não é exclusividade dessa cidade, nem no Brasil.

N. do E.
O Ceará não está fora da entomofagia. Na Serra da Ibiapaba, por exemplo, há pessoas que destacam as "bundas" das formigas tanajuras (fêmeas aladas das saúvas, que aparecem em grande quantidade no início da estação chuvosa, quando são nessas ocasiões capturadas) com os fins de serem fritas, misturadas com farinha de mandioca e comidas.

02 março, 2023

As pessoas fazem mais sexo durante a lua cheia?

Se você já se perguntou se o ciclo lunar afeta os humanos, basta olhar em volta na próxima lua cheia. Aristóteles uma vez sugeriu que o cérebro era o órgão "mais úmido" do corpo e, portanto, mais suscetível às influências da Lua. Ainda hoje pensa-se que a lua cheia tem poderes místicos que induzem comportamentos erráticos entre humanos e animais. De fato, estudos sugerem que o ciclo lunar pode até ter impacto na fertilidade, menstruação e taxa de natalidade. Mas, isso significa que os humanos realmente fazem mais sexo quando a lua está cheia?
Estranha luxúria anfíbia
Embora alguns comportamentos humanos estranhos sejam frequentemente associados à lua cheia, a maioria é simplesmente um mito. No entanto, ainda existem alguns comportamentos estranhos entre certas espécies que a ciência liga ao ciclo lunar. Por exemplo; você sabia que os anfíbios de todo o mundo sincronizam sua atividade de acasalamento na lua cheia?
Aparentemente, esse fenômeno global passou despercebido – até agora. A bióloga Rachel Grant, da BBC Earth News, sugere que rãs, sapos e tritões gostam de acasalar ao luar. E isso não é tudo…
Coral reage à primavera na lua nova
Cientistas australianos e israelenses descobriram que o luar desencadeia a desova em massa de corais duros ao longo da Grande Barreira de Corais da Austrália, de acordo com a National Geographic News. Uma semana por ano na primavera, após a lua cheia, milhões de corais [foto] liberam óvulos e espermatozoides.
Até recentemente, era um mistério como os animais primitivos sem cérebro e sem olhos sincronizavam a desova em massa. Mas agora, os pesquisadores revelam que isolaram um gene antigo no DNA dos corais que pode detectar a luz da lua. "É simplesmente mágico", disse Bill Leggat , biólogo da James Cook University. "Sentar-se na frente de um coral individual e observar os feixes de esperma cor-de-rosa serem lentamente empurrados para fora da boca dos corais e flutuarem – é incrível assistir."


Então, e o DNA humano? Nosso DNA está de alguma forma ligado ao ciclo lunar, fazendo-nos desejar mais sexo em cada lua cheia?
(continua)

http://www.thealternativedaily.com/do-people-have-more-sex-during-the-full-moon/

01 março, 2023

O riso na internet

Que linguagem usa a onomatopeia mais engraçada para escrever o riso na internet?

Português: tanto em Portugal como no Brasil, o riso escreve-se "kkkkk", mas também existe  "rsrsrs" (abreviatura de "riso", vários "risos") e o irônico "rarara".

Inglês: a forma mais típica de transcrever o riso em inglês é "haha". Você também verá "hehe" para risada irônica ou "hihi" para transmitir uma risada travessa. Mas, nas redes sociais, é muito comum escrever "LOL" (Laughing Out Loud).

Espanhol: o riso é representado com "jajaja" . Quando expressar ironia, use "jejeje" e quando for mais travesso, "jijiji".

Francês: embora você possa ler "héhé" / "hihi" / "hoho" , o mais comum é "MDR" que significa "Mort de Rire" (Morto de Rir). Para uma risada maligna, você verá "mouhaha".

Italiano: "ahahah" ou "eheheh" porque os italianos não têm o som forte aspirado "ha".

Japonês: "www" no Japão significa não apenas World Wide Web, mas também a forma como os japoneses representam o riso, já que o riso ("warau" / 笑う) e o sorriso ("warai" / 笑い) começam com "w" em japonês e, na cultura japonesa, o "W" lembra o emoticon de um rosto torto.

Hindi: na língua mais difundida da Índia os homens riem com "haha" e as mulheres, com "hehe".

Ucraniano: na Ucrânia eles escrevem "ахахахах" para o riso normal. Para risadas sarcásticas, eles usam "азаза", escrito assim em caracteres cirílicos.

Continue lendo e aprendendo a rir em diferentes idiomas (26) no preply.

Arqueologia do kkkkk