31 julho, 2024

A mesóclise na música brasileira

"Dar-te-ei"
(Marcelo Camelo)
Dar-te-ei, finalmente os beijos meus.
Deixarei que esses lábios sejam meus, sejam teus.

"Os Passistas"
(Caetano Veloso)
Amor,
Onde quer que estejamos juntos
Multiplicar-se-ão assuntos de mãos e pés
E desvãos do ser. (vídeo)

"O homem deu nome a todos animais"
Esta canção na música popular traz outro exemplo de mesóclise. A letra é a versão de uma composição de Bob Dylan ("Te man gave names to all animals") pelo poeta da Paraíba (Zé Ramalho). Neste caso, por que podemos distinguir a mesóclise, que está gramaticalmente correta e não soa sinteticamente, talvez graças à dramaticidade da voz do cantor. Segue um trecho da melodia.
O homem deu nome a todos animais
desde o início, há muito tempo atrás.
Viu um bicho com tal poder
garras afiadas e um porte
quando rugia, tremia o soalho.
Disse com razão: invocar-se-á leão.

"Rap da mesóclise"
A mesóclise seria / a real democracia / Põe no meio da ação / pronomes de mão vazia / E falando no futuro / Ela incluir-lhes-ia.

30 julho, 2024

Sem combinar com os russos

Na Copa de 1958, antes da partida contra a União Soviética, o técnico Feola reuniu os jogadores da seleção brasileira para uma preleção. 
Reza a lenda que teria dado ao escrete nacional as seguintes recomendações:
No meio de campo, Nilton Santos, Zito e Didi trocariam passes curtos para atrair a atenção dos adversários... Vavá puxaria a marcação deles, caindo para o lado esquerdo do campo... Depois de uma nova troca de passes, a bola seria lançada nas costas do marcador de Garrincha, que venceria o marcador na corrida...Com a bola dominada, Garrincha invadiria a área de defesa dos adversários, sempre pela direita, e ao chegar à linha de fundo cruzaria a bola para a marca do pênalti... E Vavá, que viria de frente em grande velocidade e, já sabendo aonde a bola seria lançada, faria o gol. 
Sentindo a falta de certo detalhe, o ponta-direita Garrincha perguntou:
- Tudo bem, seu Feola. Mas o senhor já combinou com os russos?
O Brasil venceu a União Soviética por 2x0.

Camaradas, Cuidado Com o Pelé

29 julho, 2024

"Festa dos Deuses"

Jogos Olímpicos franceses vêm a público esclarecer que a performance das drag queens não fazia referência ao quadro "A Última Ceia", de Leonardo da Vinci, como muitos acreditaram, mas sim à obra 👉"Festa dos Deuses" (Le Festin des Dieux), de Jan Harmensz van Bijlert,👈 pintada por volta de 1635 e mantida no Museu Magnin, em Dijon.

No Olimpo, os deuses estão reunidos para um banquete que celebra o casamento de Tétis e Peleu. À esquerda estão Minerva, Diana, Marte e Vênus acompanhados de Cupido. Flora, a deusa da primavera, está por trás deles. Apolo coroado, identificável por sua lira, preside o centro da mesa. Reconhecemos ainda Hércules com sua clava e Netuno com seu tridente. Na extrema direita, Eris colocou o pomo da discórdia sobre a mesa. Faltam alguns deuses, provavelmente devido ao corte sofrido pela tela na parte esquerda; a presença do pavão de Juno sugere isso. (Magnin Musée)

28 julho, 2024

Tocando 111 instrumentos em 111 segundos

Luke Pickman é maníaco por instrumentos musicais. Ele tem uma vastíssima coleção de instrumentos musicais de todo o mundo. Chamá-lo de "multi-instrumentista" chega a ser um eufemismo.
Em 111 segundos, ele executa uma composição com 111 instrumentos.
Para cada um deles, Pickman lista o fabricante. Curiosamente, para a serra musical, é apenas a sua garagem. E, para uma concha, Pickman identifica o oceano como o fabricante do instrumento.


- Ei, Luke, que tal incluir a trompa alpina?

27 julho, 2024

Jogos Olímpicos da era moderna

Os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna foram realizados em Atenas, Grécia, berço dos Jogos da Antiguidade, entre os dias 6 e 15 de abril de 1896, com a participação de 241 atletas masculinos representando catorze países.
O evento realizou-se graças ao empenho do francês Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin, idealizador do renascimento dos Jogos existentes na Grécia Antiga, mentor do movimento olímpico e fundador do Comitê Olímpico Internacional.
Sem qualquer experiência na organização de semelhante evento, os organizadores dos primeiros Jogos quase arruinaram a própria competição graças a uma diversidade de datas, pois os gregos utilizavam na época o antigo calendário juliano, paralelo ao convencional usado pelo mundo ocidental.
Isso fez com que ocorresse uma diferença de doze dias entre os dois calendários, o que atrapalhou a inauguração dos Jogos e a chegada dos atletas dos diversos pontos do planeta. Nos registros onde foi utilizado o calendário juliano os Jogos realizaram-se entre 25 de março e 3 de abril de 1896.

26 julho, 2024

O estudo e o trabalho

"Livre pensar é só pensar." (Millôr Fernandes)

Estudar, trabalhar... Será isso um looping infinito da vida?

Não estuda nem trabalha / Muito cedo se atrapalha.

A caneta é muito mais leve que a marreta.

Estude como se estivesse trabalhando; trabalhe como se estivesse estudando.

O estudo e o trabalho são como notas enarmônicas. Denominações diferentes, porém mesmas frequências sonoras.

Em resumo, enquanto o estudo e o trabalho compartilham algumas características, como comprometimento e desenvolvimento pessoal, as diferenças fundamentais residem em seus objetivos principais, remuneração, estrutura de tempo, ambiente e responsabilidades. Ambos desempenham papéis importantes na vida das pessoas. (IA)

25 julho, 2024

Hello, Halley

Halley é um dos cometas mais brilhantes que nos visitam, e é o único com um período curto – 76 anos em termos cósmicos é curto – pelo que sua passagem pelos céus do nosso planeta está documentada há muito tempo: desde 239 a.C. Embora tenha o nome de Edmund Halley, que calculou a sua órbita a partir de suas observações da visita de 1682.
Em sua visita mais recente, em 1986, enviamos para visitá-lo uma verdadeira flotilha de sondas espaciais, que na verdade ficou conhecida como a "Flotilha Halley". Entre elas estava a sonda Giotto, da Agência Espacial Europeia, que na noite de 13 para 14 de março de 1986 fez a maior aproximação ao cometa, alcançando apenas 596 quilômetros do seu núcleo.
Presumivelmente, na próxima visita enviaremos sondas ainda mais sofisticadas. Não podemos nos esquecer que, desde então, conseguimos visitar vários outros cometas e até colocar a sonda Rosetta em órbita em torno de 67p/Churyumov-Gerasimenko e o módulo de aterragem Philae em sua superfície, numa das missões espaciais mais espectaculares dos últimos anos.
E o cometa certamente será fotografado da Terra com equipamentos muito mais sofisticados do que os disponíveis em 1986 e, sobretudo, acessíveis a muito mais pessoas.
Mas, acima de tudo, dará mais uma vez um espetáculo que poderá ser apreciado a olho nu.
(https://www.microsiervos.com/archivo/ciencia/cometa-halley-afelio-acercarse-sol.html)

(https://slideshows-pg.blogspot.com/2010/08/o-encontro-marcado.html)

24 julho, 2024

A cidade velha de Odessa

Todos os anos vários locais são designados como Patrimônio Mundial da UNESCO. Em 2023, oito locais foram adicionados a esta lista: a herança judaica medieval em Erfurt, Alemanha; o bairro histórico de Kuldīga, na Letônia; o sítio arqueológico de Koh Ker, Camboja; os sítios antigos da Menorca Talayótica, Espanha; os complexos sagrados de Hoysala, no sul da Índia; o Si Thep, na Tailândia; a Maison Carrée, em Nîmes, França; e a cidade velha de Odessa, Ucrânia.
(http://www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=17599)
A importância da cidade velha de Odessa, Ucrânia, reside em seu estatuto de cidade portuária que cresceu sob diversas influências culturais. A sua criação remonta a 1794, após o término da Guerra Russo-Turca, e floresceu rapidamente ao longo do século XIX, impulsionada pela prosperidade de Odessa e suas estratégias de governação. A paisagem urbana de Odessa é uma intrincada rede de vias adornadas com edifícios que representam uma infinidade de projetos arquitetônicos, servindo como testemunhos do extenso e opulento passado da cidade. Marcos notáveis no bairro histórico incluem a famosa Escadaria de Potemkin e a ilustre Ópera de Odessa (foto).


23 julho, 2024

Dez anos da morte de Ariano Suassuna

Esta terça-feira (23) marca os 10 anos da morte de Ariano Suassuna, um dos principais nomes da literatura brasileira. Paraibano que teve sua história marcada por um assassinato político e se revelou um dos gênios da cultura nordestina.
Ariano Suassuna nasceu em 1927, na capital paraibana. Ele era filho do então deputado e ex-governador da Paraíba, João Suassuna, que foi morto por motivos políticos no Rio de Janeiro, em 1930, e de Rita de Cássia Dantas Vilar. Ariano foi o oitavo dos nove filhos do casal.
Em várias obras, Ariano refletiu suas vivências na cidade de Taperoá, no Cariri paraibano, onde morou durante a infância. E a casa onde ele viveu se tornou um museu, mantido até hoje pela família Dantas Vilar.
Neste 23 de julho, quem estiver em Taperoá, no sertão da Paraíba, terá o privilégio de participar de uma exposição itinerante sobre a obra do escritor, passando pela Casa Museu, repleta de xilogravuras, e o cortejo com músicos e artistas que levam adiante o Movimento Armorial, criado por Ariano Suassuna na década de 1970 com expressões artísticas baseadas na raízes da cultura popular brasileira.

Letreiro com fôrma armorial, de Ariano Suassuna, estampa a fachada de casa em que ele viveu na Paraíba — Foto: Beto Silva/TV Paraíba — G1

Calendário Ariano (notas sobre ele no Blog EntreMentes): 
2007 Ariano e os computadores. 2013 Por causa de uma gravata... 2014 Ariano Suassuna, o homem da esperança. 2015 O episódio de "La Cumparsita". 2015 Para que serve o secretário de um poeta? 2017 Asas à imaginação. 2018 A chegada de Suassuna ao Céu. 2018 O corretor automático de texto. 2019 O carrinho de mão virado. 2020 Uma precária compensação. 2020 Funk do Suassuna. 2021 O fator frio. 2022 Você já foi à Disney? 2022 Matias Aires. 2023 O poeta e o repentista.

Registro civil de pessoas nobres

O maior número de nomes já detidos por uma realeza histórica pertenceu a Don Alfonso de Borbón y Borbón (1866-1934), filho do infante Sebastião de Portugal e Espanha e de sua segunda esposa, a infanta Maria Cristina. Os 88 nomes do nobre espanhol Don Alfonso incluem vários com mais de uma palavra, que são hifenizados. No total, 115 palavras precedem o sobrenome de Borbón y Borbón. 
Seu nome completo, conforme o Guinness World Records, era Alfonso María Isabel Francisco Eugenio Gabriel Pedro Sebastián Pelayo Fernando Francisco de Paula Pío Miguel Rafael Juan José Joaquín Ana Zacarías Elisabeth Simeón Tereso Pedro Pablo Tadeo Santiago Simón Lucas Juan Mateo Andrés Bartolomé Ambrosio Gerónimo Agustín Bernardo Cándido Gerardo Luis-Gonzaga Filomeno Camilo Cayetano Andrés-Avelino Bruno Joaquín-Picolimini Felipe Luis-Rey-de-Francia Ricardo Esteban-Protomártir Genaro Nicolás Estanislao-de-Koska Lorenzo Vicente Crisóstomo Cristano Darío Ignacio Francisco-Javier Francisco-de-Borja Higona Clemente Esteban-de-Hungría Ladislado Enrique Ildefonso Hermenegildo Carlos-Borromeo Eduardo Francisco-Régis Vicente-Ferrer Pascual Miguel-de-los-Santos Adriano Venancio Valentín Benito José-Oriol Domingo Florencio Alfacio Benére Domingo-de-Silos Ramón Isidro Manuel Antonio Todos-los-Santos de Borbón y Borbón.

22 julho, 2024

Lemniscata

É o nome do símbolo do infinito, o conhecido "oito deitado", ou "laço simples".
A lemniscata foi descrita pela primeira vez em 1964 pelo matemático suíço Jacob Bernoulli que, por sua vez, não tinha o conhecimento de que, quatorze anos atrás, esta curva havia sido estudada pelo astrônomo e matemático italiano Giovanni Cassini, enquanto buscava respostas sobre o curso relativo da Terra em torno do Sol, sendo então a lemniscata um caso especial das ovais de Cassini.
Está presente em 4 cartas do Tarot (na ilustração ao lado).
Precisamos esclarecer sobre o infinito: 
Ele não é um número, é um conceito. O infinito não tem fim. Metade de infinito, ainda é infinito. Duas vezes infinito, ainda é infinito. E os números naturais, que são infinitos, não podem ser contados até o fim. Algo que não pode ser contado até o fim é, inclusive, uma definição de infinito.
- É melhor o "8" esperar deitado. (PGCS)

21 julho, 2024

Iracema

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara.

(ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Ática, 1994, cap 2)

Iracema
Adoniran Barbosa (no vídeo - c/ Elis)
Iracema, eu nunca mais eu te vi / Iracema, meu grande amor foi embora / Chorei, eu chorei de dor porquê / Iracema, meu grande amor foi você.

Aquarela brasileira
Caminhando ainda um pouco mais / Deparei com lindos coqueirais / Estava no Ceará, terra de Irapuã / De Iracema e Tupã.

Tropicália
Caetano Veloso
Viva Iracema-ma-ma / Viva Ipanema-ma-ma-ma-ma / Viva Iracema-ma-ma / Viva Ipanema-ma-ma-ma-ma.

Iracema voou
Chico Buarque
Iracema voou / Para a América / Leva roupa de lã / E anda lépida / Vê um filme de quando em vez / Não domina o idioma inglês.
Há nessa canção algo sobre a identidade pois a heroína está construindo uma nova personalidade. Ela deseja se diluir completamente no novo país que escolheu, abandonar sua cultura e adotar a do novo país, esquecer tudo o que foi e começar vida nova. Iracema quer até mesmo se tornar esse próprio país, país altaneiro que para se nomear, tomou posse do nome do continente. E essa relação especular tão alienadora é colocada através dos dois nomes próprios da canção: «Iracema» é o anagrama de «América». Bem, Chico não é chegado apenas a palíndromos.

Iracema, a virgem dos lábios de mel
samba-enredo do G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis (1917)
A jandaia cantou no alto da palmeira / O nome de Iracema / Lábios de mel / Riso mais doce que o jati.

Iraci (bônus)
Carlos Gonzaga
Ô, Iraci, ai como eu amo a ti / Sem ti não sei viver / Mas que coisa louca é amar alguém.

20 julho, 2024

Incidente CrowdStrike de 2024

Em 19 de julho de 2024, uma atualização defeituosa do software de segurança produzido pela CrowdStrike, uma empresa americana de segurança cibernética, causou o travamento de inúmeros computadores e máquinas virtuais executando o Windows 10 e o Windows 11. Empresas e governos em todo o mundo foram afetados pelo que foi descrito como a maior interrupção da história da tecnologia da informação.
Entre as empresas que foram interrompidas estavam companhias aéreas, aeroportos, bancos, hotéis, hospitais, bolsas de valores e radiodifusão; serviços governamentais como números de emergência e sites também foram afetados. O erro foi descoberto e uma correção foi feita no mesmo dia, mas a interrupção continua a atrasar voos de companhias aéreas, a causar problemas no processamento de pagamentos eletrônicos e a interromper serviços de emergência.
Meme: Dia Internacional da Tela Azul

19 julho, 2024

Confiança e Inteligência Artificial

Não é frequente alguém largar o microfone no terceiro parágrafo de uma palestra de 7 páginas, mas Schneier fê-lo:
Confiei muito hoje. Confiei em meu telefone para me acordar na hora certa. Confiei no Uber para providenciar um táxi para mim e no motorista para me levar ao aeroporto com segurança. Confiei em milhares de outros motoristas na estrada para não baterem no carro em meu caminho. No aeroporto, confiei nos agentes de passagens, nos engenheiros de manutenção e em todos os demais que mantêm as companhias aéreas operando. E no piloto do avião em que voei. E em milhares de outras pessoas no aeroporto e no avião, qualquer uma das quais poderia ter me atacado. E em todas as pessoas que prepararam e serviram meu café da manhã, e em toda a cadeia de abastecimento alimentar – qualquer uma delas poderia ter me envenenado. Quando cheguei aqui, confiei em milhares de pessoas: no aeroporto, na estrada, neste prédio, nesta sala. E isso tudo foi antes das 10h30 desta manhã.
A confiança é essencial para a sociedade. Os humanos, como espécie, são confiáveis. Estamos todos sentados aqui, a maioria estranhos, confiantes de que ninguém nos atacará. Se fôssemos uma sala cheia de chimpanzés, isso seria impossível. Confiamos milhares de vezes por dia. A sociedade não pode funcionar sem ela. E o fato de nem pensarmos nisso é uma medida de quão bem tudo funciona.
Nesta palestra, apresentarei vários argumentos. Primeiro, que existem dois tipos diferentes de confiança – confiança interpessoal e confiança social – e que regularmente as confundimos. Segundo, que a confusão aumentará com a Inteligência Artificial. Cometeremos um erro de categoria fundamental. Pensaremos nas IAs como amigas quando na verdade são apenas serviços. Terceiro, que as empresas que controlam os sistemas de IA aproveitarão a nossa confusão para tirar vantagem de nós. Eles não serão confiáveis. E quarto, que é papel do governo criar confiança na sociedade. E, portanto, é seu papel criar um ambiente para uma IA confiável. E isso significa regulamentação. Não regulamentando a IA, mas regulamentando as organizações que controlam e utilizam a IA. 

[...]

18 julho, 2024

Bonés e armas de fogo no Capitólio

Trump continua um século de tradição autoritária no uso de estratégias de marketing para criar uma nova comunidade sagrada. Ele dá a seus seguidores de base uma identidade tribal e uma maneira de baixo custo de ostentá-la com orgulho (o chapéu ou boné MAGA), transformando-os em embaixadores ambulantes da marca. O chapéu dá aos devotos uma conexão pessoal com ele. Eles podem não ter condições de pagar seus ternos Brioni sob medida, mas compartilham o mesmo capacete.
"Ele estava vendendo Trump, mas poderia estar vendendo tênis", disse um estrategista rival do diretor de mídia digital de Trump, Brad Parscale, e do modelo de comércio eletrônico que a campanha usou para levar Trump ao cargo.
O chapéu MAGA os atrai, mas a arma os mantém lá. A ilegalidade machista sempre foi a raiz do apelo de Trump. Ser encorajado pelo líder a transgredir (a verdade, a "correção política", o estado de direito, os tabus contra bater no vizinho) foi e continua sendo uma grande parte da emoção de ser um seguidor de Trump.
A arma aparece no chapéu porque a violência está embutida no modelo político de Trump, que prega que alguns devem ser prejudicados, ou pelo menos ameaçados ao silêncio, ou "trancados", para que a glória da verdadeira nação possa se concretizar.
A arma, já símbolo da repressão sistemática do governo às pessoas de cor, representa os direitos dos civis portadores de armas de criar e policiar a nova comunidade nacional. Mandel pode ser um ex-fuzileiro naval, mas a arma que ele retrata é presumivelmente uma questão privada. As armas já figuram em uma visão de mudança política, incorporada na tentativa de golpe de 6 de janeiro, que depende da força e de medidas extralegais.


Autoritários sempre precisam de um verniz de respeitabilidade para manter as elites financeiras e outras a bordo e deixar as pessoas pensarem: "Não é tão ruim; não é tão sério". Essa é a função do chapéu ou boné MAGA. No entanto, não há nada de inofensivo na violência cometida por aqueles que usam esses chapéus, que incluem muitos que invadiram o Capitólio. Os chapéus MAGA podem se referir a um futuro Trumpiano alegre, mas a violência é a maneira como esse futuro provavelmente será realizado. (Trad.: PGCS)

http://lucid.substack.com/p/the-maga-hat-and-the-gun, Lucid archive

17 julho, 2024

Estrada branca / This happy madness

Pelo grupo vocal Ordinarius.
Autores: Tom Jobim / Vinicius de Moraes
Versão para o inglês: Gene Lees


https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-14032013-100444/publico/2011_MariaLuciaCruzSuzigan_VCorr.pdf

16 julho, 2024

As primeiras vítimas civis de uma explosão atômica

~ "I became Death, the destroyer of worlds" ("Tornei-me a Morte, a destruidora de mundos").

Na manhã de 16 de julho de 1945, um grupo de doze adolescentes dormia em um acampamento de verão em um lugar remoto chamado Ruidoso, Novo México. Então, eis que foram acordados por uma explosão muito poderosa que os derrubou da cama.
Eles fugiram, logicamente assustados e tiveram que cobrir os olhos. Como disseram mais tarde: "O céu estava estranho", "doía olhar para o céu". Uma luminosidade estranha e poderosa inundou tudo.
Duas horas depois começou a cair uma estranha cinza branca que parecia flocos de neve e as meninas começaram a brincar com aquela “neve” que era bem macia.
Mais tarde banharam-se numa cascata local que deu nome ao local e que acharam surpreendentemente quente.
Não tinham como saber que a 40 km dali, num lugar chamado “Jornada del Muerto”, havia explodido a primeira bomba atômica da história (uma bomba de plutônio de 6 kg, dos quais 1,2 kg sofreu fissão). Apenas uma dessas meninas viveu o suficiente para chegar aos 30 anos.
O Projeto Manhattan era o segredo mais importante dos EUA, tanto que eles não podiam fazer nada para suspeitar de espiões em potencial. Nem mesmo para expulsar a população local, que era considerada muito pequena (de origem indígena e hispânica).
Além disso, a explosão foi muito maior do que o esperado.
Nos dias seguintes, uma equipe científica analisou a área da explosão. Para minimizar os riscos, eles se movimentavam dentro de tanques e usavam traje de proteção. Ninguém avisou a população local que continuou circulando pela área como se nada tivesse acontecido.
Ainda hoje existe uma grande área que permanece fechada e onde o acesso não é permitido, então havia gente morando ali.
Nos meses que se seguiram à explosão, os efeitos começaram a ser sentidos.
Inúmeras crianças nasceram com malformações, muitos bebês morreram com diarréia estranha e o número de pessoas que sofrem de câncer começou a aumentar. Muitos animais de estimação morreram inexplicavelmente. Ninguém deu qualquer explicação para o que estava acontecendo por muitos anos.
A precipitação radioativa contaminou os aquíferos de que bebiam a população local e o seu gado. A poeira radioativa contaminou os campos que os alimentavam. Os moradores encontraram alguns cristais muito atraentes (trinitites, oriundos da Experiência Trinity) e, sem saber que eram altamente radioativos, levaram-nos para casa.
Logicamente, muitas pessoas sentiram e viram a explosão, mas a imprensa local publicou que um enorme depósito de munições havia explodido e as pessoas acreditaram.
Com o tempo foram chamados de "downwinders" (aqueles ao sabor do vento), aqueles que viviam na direção que soprava o vento naquele dia.
Até hoje, os EUA não reconheceram qualquer responsabilidade por este incidente e há associações downwinders que continuam a exigir algum gesto de reconhecimento.
Fonte: http://mastodon.social/@Tiberio@mastorol.es
Os grifos são nossos. PGCS

15 julho, 2024

Morre Sérgio Cabral

Morreu ontem Sérgio de Oliveira Cabral Santos (Rio de Janeiro, 27 de maio de 1937 – Rio de Janeiro, 14 de julho de 2024), jornalista, escritor e pesquisador. 
Ele trabalhou em jornais como O Globo, Última Hora e Diários Associados e foi um dos fundadores do semanário O Pasquim, um dos órgãos referenciais do humor e da crítica política no país.
Conviveu com artistas como Ary Barroso, Eliseth Cardoso, Pixinguinha, Cartola, Nelson Cavaquinho, Nara Leão, Tom Jobim, entre outros importantes nomes da MPB, o que faz com que seus textos tenham um misto de história pesquisada e vivida.
No final da década de 1980, junto com Teresa Aragão, dirigiu os lendários shows do Teatro Opinião, reduto de resistência à ditadura no Rio de Janeiro. Os espetáculos, sempre às segundas, serviram de abertura para o público da Zona Sul carioca conhecer nomes geniais do samba, como Martinho da Vila (lançado por Sérgio Cabral), Nelson Cavaquinho, Cartola, Carlos Cachaça, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Nelson Sargento, Rildo Hora, Dona Ivonne Lara, Marçal, Guilherme de Brito e Clementina de Jesus, entre muitos outros.
Seus livros (atualmente publicados pela Lazuli Editora) são considerados referências para todos aqueles que desejam conhecer os bastidores da cultura brasileira dos últimos 50 anos, por conta de sua linguagem acessível e direta e da intimidade que teve com algumas das maiores personalidades do período.

14 julho, 2024

Breaking

O breaking (break dance ) foi incluído como modalidade de disputa para as Olimpíadas de Paris de 2024.
Muitos podem ter se surpreendido com a decisão. Mas, para o escritor, produtor, artista, empresário e autodenominado pioneiro do hip hop Michael Holman, foi a realização de uma visão que ele teve 40 anos atrás.
O site dos Jogos Olímpicos descreve o breaking como estilo de dança hip hop caracterizado por "movimentos acrobáticos e passos estilizados".
Mas é um formato muito diferente da patinação no gelo e da ginástica. Os atletas não aguardam sua vez de se apresentar individualmente e impressionar os jurados. Os dançarinos do breaking irão para as pistas de Paris em pares, disputando ombro a ombro e superando os movimentos uns dos outros para levar uma medalha para casa.

Imagens do New York City Breakers dos anos 80

"Os [New York City] Breakers eram como giroscópios", segundo Holman. "Eles começavam a dar os passos, desciam até o chão e usavam algum tipo de propulsão interna, misturada com a fricção do solo, para impulsionar-se simultaneamente ou espalhar-se de uma certa forma. Eles criavam uma energia interna."

13 julho, 2024

Faça você mesmo

Em 1962, determinado a começar uma vida nova, o editor do jornal de Yorkshire, Brendon Grimshaw, comprou a pequena Ilha Moyenne, nas Seychelles, por £ 8.000. Ele permaneceu lá pelos próximos 40 anos. Naquela época, Grimshaw e um assistente plantaram 16 mil árvores manualmente, construíram cinco quilômetros de trilhas naturais, atraíram 2 mil novos pássaros e tornaram-se cuidadores de 120 tartarugas gigantes. A ilha acolhe agora dois terços de todas as plantas endêmicas das Seicheles.


Certa vez, Grimshaw recusou uma oferta de US$ 50 milhões pela ilha, dizendo que não queria que ela se tornasse um destino de férias para milionários. Em vez disso, em 2008 foi nomeado parque nacional. Grimshaw morreu em 2012, mas hoje um diretor está destacado na ilha para cobrar taxas de entrada dos turistas.
Fonte: http://www.futilitycloset.com/2023/11/22/diy-7/

12 julho, 2024

Em nome do pai e do filho

- Pai, eu fui adotado?
- Foste, mas te devolveram pra gente.

- Pai, o que é uma personalidade assertiva?
- Não sei, filho. Eu não sou!

- Pai, eu hoje não vou ao colégio. E não vou por três razões: primeiro, porque eu estou morto de sono; segundo, porque eu detesto aquele colégio; terceiro, porque eu não aguento mais aqueles meninos.
- Ah, você tem que ir. E tem que ir, exatamente, por três razões: primeiro, porque você tem um dever a cumprir; segundo, porque você já tem 45 anos; terceiro, porque você é o diretor do colégio.

- Pai, tirei 9 no teste.
- Parabéns, filho. Que teste era esse?
- Teste do bafômetro. E levaram seu carro.

Cidadão de bem
- Pai, se matarmos todos os homens maus, ficarão só os bons, né?
- Não, filho, ficarão só os assassinos.

11 julho, 2024

César Lattes

11/07/2024 - Nesta quinta-feira, celebra-se o centenário de nascimento do físico e professor brasileiro César Lattes. Ele descobriu a partícula subatômica méson pi, também conhecido como píon, e suas descobertas auxiliaram na compreensão das forças nucleares.
Quando tinha pouco mais de 20 anos, Lattes passou a estudar os raios cósmicos, conhecidos também como partículas de alta energia do Espaço. Ele compreendeu que, ao adicionar boro a placas fotográficas, obteria imagem mais clara das partículas se decompondo, o que lhe permitiu ver cada próton.
Em teste realizado por um pesquisador no topo de uma montanha, visando a alcançar mais raios cósmicos, a placa modificada por Lattes mostrou rastros de uma partícula até então não observada: descobriu-se, então, o píon.
O feito rendeu o Prêmio Nobel de Física de 1950. Contudo, oficialmente, ele foi entregue a Cecil Powell, que foi considerado o líder do estudo e, até 1960, o Comitê do Nobel só premiava os líderes das pesquisas.
O artigo foi publicado na Nature.

Má taxidermia

O Leão do Castelo de Gripsholm é considerado um exemplo histórico notável de má taxidermia, ou do que um taxidermista pode fazer para preservar um leão morto, na Suécia do século XVIII, sem ter visto um leão vivo.

Em 1731, o rei Frederico I da Suécia recebeu como presente um leão do Bey de Argel. Foi um dos primeiros leões da Escandinávia, mas foi mantido em cativeiro com sucesso, sendo exposto durante anos até sua morte. Reza a história que o taxidermista contratado para o trabalho nunca tinha visto um leão de verdade e tomou algumas liberdades artísticas. Pior ainda, outra teoria diz que o taxidermista sabia como era um leão real, mas optou deliberadamente por enchê-lo de forma a se assemelhar a um leão heráldico encontrado no brasão de armas da Suécia.
https://twitter.com/Rainmaker1973/status/1728854295003406386

10 julho, 2024

Além do universo observável

O universo observável é a parte do universo que podemos detectar e estudar diretamente com os instrumentos disponíveis como telescópios. Ele tem 93 bilhões de anos-luz de largura e contém dois trilhões de galáxias. No entanto, o universo é muito maior do que o que podemos observar.
Existem razões para isso:
  1. Expansão do Universo: O universo está em constante expansão desde o Big Bang. Isso significa que as galáxias estão se afastando umas das outras ao longo do tempo. A velocidade de expansão é maior do que a velocidade da luz em distâncias astronômicas, o que impede que certas regiões do universo sejam observáveis para nós.
  2. Horizonte cósmico: Devido à expansão, existe um limite para o quão longe podemos ver. Esse limite é chamado de horizonte cósmico. Existem regiões além do horizonte cósmico que estão se afastando de nós mais rapidamente do que a luz poderia alcançar, tornando-as inobserváveis.
  3. Inflação cósmica: No início do universo, acredita-se que tenha ocorrido um período de inflação cósmica, durante o qual o universo expandiu a taxas extremamente altas. Isso resulta em regiões do espaço que estão tão distantes umas das outras que nunca teriam tido tempo suficiente para trocar informações, via luz.
Portanto, quando se diz que o universo não observável é maior, isso significa que há regiões além do que podemos ver diretamente devido à expansão do universo e a outras características cósmicas. É uma conclusão lógica baseada nas observações e nas teorias que explicam o comportamento do universo em grande escala. No entanto, vale ressaltar que a natureza exata do universo além do que podemos observar diretamente é uma área ativa de pesquisa na cosmologia, e novas descobertas podem trazer ajustes ou refinamentos a essas ideias.

Meme dos alienígenas
Nós poderíamos dominar a Terra e escravizar a humanidade, mas preferimos roubar vacas e fazer círculos no mato.

09 julho, 2024

Controle do peso - 13

Acabei de entrar no site do Slimming World.
Pediram que eu aceitasse uns cookies, o que deve ser algum teste de admissão.

08 julho, 2024

VIVE LA FRANCE!

(no Xwitter, a partir de ontem)

Melhor texto, por Paulo RJ:
Madame Le Pen está ouvindo Re(i)ginaldo Rossi desde cedo.
🎵Serveur, ici à cette table de bar
Êtes-vous fatigué d'écouter
Des centaines d'histoires d'amour.
🎵

Melhor imagem, por Mario Lago Filho:

Antes de viajar no tempo à Idade Média: o que saber?


Aplicável a viagens à Europa Medieval entre os séculos XI e XIV, uma época razoavelmente interessante
O normal seria viajar para as cidades, onde os estrangeiros seriam mais bem recebidos; claro, para as cidades (onde viviam 90% da população), muito menos para os castelos, que seriam como fortalezas privadas da época, fortemente protegidas e destinadas a espantar estranhos.
As cidades ideais seriam as da Inglaterra, França, Alemanha e norte da Itália.
Entre as coisas a ter em mente estão:
  • Doenças. É melhor estar vacinado para tudo e mesmo assim é muito provável que adoeça, principalmente de infecções gastrointestinais, sem falar de algo pior, por exemplo a malária.
  • Segurança pessoal. O ideal é viajar em grupo, pois viajar sozinho seria tão perigoso que seria raro sair vivo de qualquer confronto. Melhor estar armado com adagas e coisas do gênero, é claro.
  • Dinheiro. Naquela época era normal negociar moedas de prata, então trazer prata para derreter/comercializar e trocar por "dinheiro local" seria uma boa ideia.
  • Tenha uma história confiável. Para evitar levantar suspeitas, o melhor seria ter uma história preparada sobre de onde você vem, o idioma e o sotaque que vai usar, o motivo da viagem, seu "status social" e coisas assim. Caso contrário, as pessoas ficarão desconfiadas (e com razão)... e serão maus negócios.
  • Alojamento. Não existem hotéis propriamente ditos; É normal concordar em ficar em casas particulares, mosteiros ou talvez pousadas. As pessoas não têm jornais ou outras formas de entretenimento, por isso apreciam que você possa contar histórias ou trazer notícias de fora para quando anoitecer.
  • Refeição. Você come o que lhe oferecem no alojamento, mas não se esqueça da opção de fazer sopa com o que pode comprar no típico "mercado medieval" da época.
  • Línguas. Cada região tem seu dialeto e o ruim é que o inglês ou o francês na Idade Média eram bem diferentes e variavam de uma região para outra; como hoje, mas de uma forma selvagem. E também é difícil saber hoje como era a pronúncia exata. Havia também a língua franca ou "língua comercial" que permitia administrar desta forma as viagens de um lugar para outro. Além disso, o latim poderia ser utilizado como língua de alto nível cultural, por exemplo, nos mosteiros.
  • Raça e gênero. Não havia racismo "como tal" naquela época, mas um visitante negro na Inglaterra despertaria curiosidade, por isso é melhor ter a história preparada de antemão ("Eu venho do sul da Europa", ou "do Norte de África", "Leste", etc.) As mulheres também faziam peregrinações, para poderem ir de um lugar para outro, embora não devamos esquecer as questões de segurança e, novamente, nunca viajar sozinhas.
  • Religião. A religião era muito mais importante do que é hoje, e as diferenças de crenças eram piores do que as de raça ou género. Na Europa era preciso ser cristão ou arriscar-se a ter problemas ou ser acusado de qualquer coisa e acabar mal.
https://www.microsiervos.com/archivo/mundoreal/consejos-viajeros-tiempo-destino-edad-media.html

07 julho, 2024

Matita Perê

É um álbum de estúdio de Antônio Carlos Jobim lançado em 1973. O disco faz referência ao mitológico personagem Matita Perê em duas gravações:
na faixa 1 - "Águas de Março", música e letra de Jobim", em que o personagem é designado por Matita-Pereira
É peroba no campo, é o nó da madeira / Caingá candeia, é o matita-pereira.
na faixa 3 - "Matita Perê", de Jobim e Paulo César Pinheiro, como título da canção e também do álbum.
No jardim das rosas / De sonho e medo / Pelos canteiros de espinhos e flores / Lá, quero ver você / Olerê, olará, você me pegar.
Mas o que é Matita Perê?
Matita Perê (18.900 resultados no Google) ou Matita Pereira (4.180.000 resultados) ou Matinta Perera (72.500 resultados) é uma personagem do folclore brasileiro, mais precisamente na Região Norte do país. Trata-se de uma bruxa velha que à noite se transforma em um pássaro agourento (rasga-mortalha) que pousa sobre os muros e telhados das casas e se põe a assobiar, e só para quando o morador, já muito enfurecido pelo estridente assobio, promete a ela algo para que pare (geralmente tabaco, mas também pode ser café, cachaça etc.).
Com poderes sobrenaturais, ela lança feitiços sobre suas vítimas capazes até de levar à morte. Quando está na sua forma mais comum, uma velha de vestido preto e cabelos caídos no rosto, costuma soltar um assobio agudo como se estivesse gritando o próprio nome. Costuma-se descrevê-la como uma bruxa idosa que se transforma durante as noites em um pássaro. Por outro lado, há versões que relatam que ela se transforma em uma coruja. Mais ainda, essa transformação envolve a representação da alma de um antepassado da personagem.

https://twitter.com/twittndre/status/1506725046550556672

A razão por que você não vê muitas corujas tocando instrumentos musicais é que você não sai muito.

06 julho, 2024

Por que Michael A. Fox é Michael J. Fox?

Nos EUA, quando alguém passa a atuar em filmes, tem que se juntar à guilda dos atores. E a guilda (associação) não permite que dois atores tenham o mesmo nome, para evitar riscos de confusão, especialmente no pagamento de direitos autorais.
Como já havia um ator chamado Michael Fox, Michael J. Fox teve que escolher outro nome.
Geralmente, os atores tomam a inicial de seu nome do meio. Mas Michael J. Fox não queria ser chamado de Michael A. Fox (seu nome do meio é Andrew).
Ele temia que se tornasse uma piada de mau gosto se sua carreira decolasse. De fato, Michael A. Fox seria pronunciado "Michael, uma raposa!" ("Michael, um cara bonito!"). Fox = hunk ("um pedaço de mau caminho"), em linguagem coloquial.
O ator escolheu, portanto, o "J" em vez do "A", em homenagem a um ator que admirava: Michael J. Pollard.

Em 2000, o ator canadense fundou a The Michael J. Fox Foundation, que viria a se tornar o maior financiador sem fins lucrativos de pesquisas sobre a doença de Parkinson no mundo, com mais de US$ 1 bilhão em projetos de pesquisas até o momento. E o logo desta Fundação é uma raposa estilizada.



05 julho, 2024

Toda invenção é uma descoberta?

Não, nem toda invenção é uma descoberta, e vice-versa. As palavras "invenção" e "descoberta" têm significados distintos.

Uma descoberta refere-se a encontrar algo que já existia, mas que era até então desconhecido. Exemplos: a descoberta de um novo planeta, de uma espécie animal ou de uma ilha ignorada. Envolve o reconhecimento ou a revelação, por meio de observação, pesquisa ou exploração, de algo que já estava presente no mundo.

Uma invenção, por outro lado, envolve a criação de algo totalmente novo que não existia antes. Pode ser um objeto, um processo, um conceito ou qualquer outra coisa que seja concebida pela mente humana e trazida ao mundo real. Exemplos: a invenção da lâmpada elétrica, do telefone ou de uma nova tecnologia. Requer criatividade, imaginação e a aplicação de conhecimentos e habilidades para desenvolver algo original.

Exemplos combinados: às vezes, uma descoberta pode servir como base para futuras invenções. Por exemplo, a descoberta da eletricidade que levou à invenção dos dispositivos elétricos. E invenções podem também levar a descobertas. Como instrumentos científicos avançados, que podem levar a novas descobertas ao permitirem a observação mais detalhada do mundo natural.

Em resumo, enquanto a descoberta está relacionada a encontrar algo que já existe, a invenção está relacionada a criar algo novo. Há áreas onde os limites podem parecer turvos, mas a distinção geral entre descoberta e invenção permanece.

04 julho, 2024

Elefantes têm medo de ratos?


Desde os desenhos animados até às fábulas antigas, uma das imagens mais emblemáticas é a de um elefante que se encolhe diante de um rato. Esta imagem é frequentemente utilizada como uma alegoria para os mais pequenos, mas será que existe alguma verdade?
Um mito antigo: de onde veio a ideia de que os elefantes têm medo dos ratos?
Não se sabe ao certo onde ou quando surgiu o primeiro mito do "elefante assustado por um rato". Uma versão remonta a Plínio, o Velho – que, depois de Aristóteles, deve ter sido o acadêmico mais influente da Antiguidade. Segundo o ZME Science, Plínio foi o primeiro a dizer que "o elefante odeia o rato acima de todas as outras criaturas" e, por ser tão influente e conceituado, esta história acabou por se impor, e não apenas entre os romanos. Esta anedota entrou depois no folclore, mais tarde infiltrou-se nos livros infantis e até chegou aos desenhos animados, especialmente à série "Tom e Jerry".
Lembre-se, os elefantes não viviam no chamado mundo ocidental "civilizado". Por isso, tal como outras espécies exóticas, o seu aspeto e comportamento eram deixados à imaginação. Basta ver como as pessoas pensavam que eram os elefantes na Idade Média – totalmente hilariante.
Mas à medida que o mito se espalhou, algumas pessoas instruídas começaram a aperceber-se do ridículo de um animal de três toneladas ficar petrificado por um ratinho. Entre esses pensadores críticos encontrava-se Allen Moulin, um médico irlandês de 1600.
Moulin, que não estava de todo familiarizado com os elefantes, mas pelo menos tinha algum conhecimento da sua anatomia através dos limitados trabalhos acadêmicos do seu tempo, ofereceu uma explicação aparentemente sensata. Ele argumentou que, uma vez que os elefantes não têm epiglote – uma cartilagem que protege a traqueia durante a deglutição – poder-se-ia supor que uma criatura tão grande poderia ter medo de uma tão pequena, se esta última pudesse rastejar pela tromba do elefante e sufocá-lo.
Infelizmente, tal como Plínio antes dele, Moulin não estava realmente a fazer nada. No entanto, perpetuou uma explicação aparentemente científica para o fato de o maior mamífero terrestre do mundo ter medo de ratos.
Como qualquer biólogo da vida selvagem lhe dirá atualmente, os elefantes têm, de fato, aquela cartilagem que protege suas traqueias. Mesmo que um rato, um inseto ou qualquer tipo de "detrito" acabasse na tromba, o elefante só precisa de soprar. De fato, "é assim que fazem na maior parte das vezes quando sentem que a tromba está a ficar entupida".
Perguntemos aos “Caçadores de Mitos”
Em 2006, num episódio de "Os Caçadores de Mitos", Adam Savage e Jamie Hyneman descobriram que o mito era "plausível". Na experiência, um elefante caminhava ao longo de um determinado percurso. A equipe havia introduzido um rato ao longo do percurso, escondido debaixo de um monte de estrume. Quando o elefante se aproximava do monte, o rato era libertado.
Quando os elefantes repararam nos pequenos animais, recuaram e até começaram a deslocar-se no sentido oposto.
No entanto, o elefante não mostrava sinais de medo ou angústia. Pelo contrário, o elefante parecia mostrar-se cauteloso, evitando uma potencial perturbação no seu passeio calmo.
O site explica que esta foi uma experiência pequena e informal. O mesmo pode ser dito sobre o mesmo segmento feito noutro programa de televisão popular, o 20/20 da ABC. O apresentador do 20/20 contatou um circo local onde Troy Metzler, um treinador de elefantes certificado, deixou a equipe de produção mostrar a um dos seus elefantes um rato branco. O pequeno roedor foi depois mostrado a outros elefantes, nenhum dos quais pareceu reparar no rato.
De acordo com John Hutchinson, do Royal Veterinary College, em Londres, os elefantes em estado selvagem ficam nervosos sempre que um animal pequeno, mas rápido, surge inopinadamente. Isto significa que não são apenas os ratos que podem perturbá-los, mas também cães, gatos e praticamente tudo o que seja ágil.
Os elefantes em cativeiro, como os dos jardins zoológicos ou dos circos, são frequentemente vistos a dormir com roedores mesmo em cima deles. A maior parte dos tratadores de jardins zoológicos dirão que não se importam muito com eles.
Assim, em vez de terem medo dos ratos propriamente ditos, os elefantes parecem assustar-se com os movimentos frenéticos. Mas, na verdade, o mesmo pode ser dito sobre qualquer animal que viva em estado selvagem.
Os elefantes, apesar do seu imenso tamanho, são seres gentis e cautelosos. São conhecidos por evitarem pisar em criaturas pequenas e podem até sair do seu caminho para não as perturbar.
"À luz das provas científicas e dos conhecimentos dos especialistas, é seguro concluir que os elefantes não têm um medo inerente dos ratos. Este mito antigo teve provavelmente origem no fato de a natureza cautelosa e empática dos elefantes ter sido mal interpretada como medo", conclui o ZME Science.
https://www.quora.com/Is-it-true-that-elephants-are-afraid-of-mice-or-is-that-just-a-myth
https://greensavers.sapo.pt/os-elefantes-tem-mesmo-medo-de-ratos/

03 julho, 2024

Samba em prelúdio

No início dos anos 1960, o violonista Baden Powell havia composto este samba. Exibindo-o a Vinicius de Moraes, o amigo poeta teria se animado em escrever uma letra para o tema instrumental. Mas, após muitas doses de uísque, Baden percebeu que a tal letra não saía. Perguntando a Vinícius sobre o motivo de seu entusiasmo inicial ter minguado, eis que este confessou, constrangido: não poderia escrever sobre um tema plagiado de Chopin.
Baden repeliu a acusação: "Eu conheço os prelúdios, os noturnos de Chopin… isso não tem nada a ver com Chopin!" E a discussão prosseguiu, com as acusações mútuas, até Vinícius ter uma ideia que poderia resolver, de uma vez por todas, a contenda: acordar a então esposa Lucinha (Maria Lúcia Proença), pianista e conhecedora do repertório do compositor polaco, para dar seu veredito. Eram seis da manhã, a moça teve seu descanso interrompido, escutou pacientemente a melodia apresentada por Baden e deu seu parecer:
– Isso não é Chopin, não!
E o poeta, assim, se entregou à máquina de escrever e, de uma só vez, escreveu a letra por inteiro.
Acontece que Vinícius de Moraes, com seu bom ouvido musical, não poderia estar completamente errado. E o tema em questão, que teria inspirado Baden, não era de Chopin, e sim de Heitor Villa-Lobos! Trata-se do Prelúdio da Quarta Bachiana Brasileira (1941).
Ignorando-se a inspiração erudita do tema instrumental de Baden, e o próprio título da canção, "Samba em prelúdio" traz um outro elemento que alude à música clássica: sua constituição enquanto composição polifônica, para canto e contracanto.
Fonte: 365 Canções Brasileiras
Com efeito, em suas diversas gravações, a obra traz duas vozes que dialogam e que se unem no final.
Vinicius de Moraes e Odete Lara
Toquinho e Maria Creuza
Vinicius e Ornella Vanoni (em italiano)
Toquinho e Maria Bethânia
Geraldo Vandré e Ana Lúcia
Aqui se chega ao grande violonista Paulinho Nogueira, que planejou a seguinte estratégia para gravar o "Samba em prelúdio":
1.ª parte - a melodia com notas mais graves;
2.ª parte - a melodia com notas mais agudas;
3.ª parte - a 2.ª utilizando-se da 1.ª como playback.
Mas, ao criar o arranjo violonístico, Paulinho descobriu que poderia dispensar o playback para gravar  a última parte. Se, para tanto, ele executasse as duas primeiras partes simultaneamente (vídeo). Coisa de gênio!


02 julho, 2024

COINCIDÊNCIA X "CONHECIDÊNCIA"

Coincidência é o termo utilizado para se referir a eventos com alguma semelhança, mas sem relação de causa e consequência. Por exemplo, jogar uma moeda não viciada e obter três caras consecutivamente é uma coincidência. Pois não existe relação de causa e efeito entre o resultado anterior e o próximo resultado.
"conhecidência" é você avisar que não vai trabalhar por que precisa ir ao enterro de uma pessoa da família. E logo depois encontra-se com o patrão num pagode.

01 julho, 2024

Abandonados

Fernando Gurgel Filho

Quem foi abandonado primeiro? O recém nascido ou a mulher?

Sem querer justificar atos desse tipo, devemos pensar nas causas que levam uma mãe a abandonar um recém nascido. Ou uma criança de qualquer idade parida por aquela mulher.

Na minha opinião, o motivo principal é um só. Mesmos nas situações em que seja diagnosticada falta de sanidade mental da mulher.

Antes de a mulher abandonar uma criança, podemos afirmar com quase total segurança, que a mulher foi abandonada à própria sorte.

Para uma sociedade que prefere fugir de responsabilidades, uma gravidez indesejada é um problema para o resto da vida.

Assim, muitas grávidas são abandonadas pelo marido/companheiro/namorado, são abandonadas pela família, pela sociedade, pelo mercado de trabalho, pelo Estado, assim que anuncia sua gravidez.

Grávidas, sozinhas e tendo que assumir uma enorme responsabilidade, sem ninguém para oferecer sequer um ombro onde derramar suas lágrimas, é como se uma pesada cortina se fechasse diante de seus olhos. Nesta situação não se vê nada. O futuro não existe. O hoje é um tormento sem fim. Tormento que a mulher, naquela hora dramática, pensa poder se livrar se livrando da criança numa lata de lixo. Sozinha, abandonada.

E continuará assim.

Um dos responsáveis diretos por uma gravidez, o pai, é o primeiro a cair fora da relação e abandonar a mulher à própria sorte. Fácil para quem a comprovação de paternidade somente pode ser provada - apenas por probabilidade - após o nascimento da criança. Com custo proibitivo para a maioria da população. E a mãe que se vire e sofra todas as consequências, inclusive a criminalização de seus atos.

Todos os responsáveis diretos e indiretos pelo abandono de recém nascidos - o pai, a família, o Estado - têm a certeza que nunca poderão ser criminalizados por esses inúmeros abortos após o parto.

Isso mesmo, aborto pós parto, essa sim uma prática criminosa de responsabilidade de toda a sociedade que joga nas lixeiras, nas ruas e nas praças inúmeros órfãos de pais vivos, que farão a felicidade da criminalidade e o tormento da própria sociedade que os abandonou e os mantém abandonados.

E ainda tem gente que é contra a interrupção de ua gravidez indesejada. Esses, preferem crianças praticamente perdidas para a vida em sociedade em prol de uma gravidez bem sucedida (sic???!!!).

E as próprias mulheres que, em número, são a maioria da população ainda permanecem caladas ou apenas esboçam reações tímidas ante essa monstruosidade que lhes jogam nos ombros.

Se depender da população masculina, ainda levará muito tempo antes que mulheres grávidas parem de ser jogadas nas lixeiras. Isto porque jogar na fogueira, atualmente, é crime.

Niagara Fools

Até hoje, 17 pessoas tentaram o feito de sobreviver a uma queda livre nas cataratas do Niágara (lista na Wikipédia). Destas, 5 morreram, 11 sobreviveram sendo que 1 uma delas sobreviveu na primeira vez e acabou morrendo na segunda. Todas as pessoas que tentaram descer, aventuraram-se nas Cataratas da  Ferradura (lado Canadense), em vez das Cataratas Americanas (que têm mais pedras).

Uma estimativa aponta que cerca de 5000 corpos já foram encontrados no pé das quedas desde 1850, e que cerca de 40 pessoas são mortas todo ano afogando-se nas cataratas, muitas delas por suicídio.

Esta tentativa de descer as cataratas do Niágara é mostrada inclusive em desenhos animados. No episódio de animação "Niagara Fools" (br: Vamos às cataratas), o Pica-Pau tenta descer as cataratas em um barril, inicialmente sem sucesso, pois o guarda local cumpre leis, que proíbem que pessoas desçam as cataratas em barris, mas sempre acidentalmente acaba caindo no barril, que cai sobre o salto, fazendo com que os transeuntes aclamem o feito.

Em 1990, o mágico David Copperfield supostamente teria entrado para este seleto grupo. Porém, anos mais tarde foi-se revelado que tudo não passou de um truque.