Porém, mais de cem anos antes, um cientista já havia criado uma ferramenta bem interessante dentro desse tema; neste caso, ele tentou mostrar como o céu é azul. O cianômetro de 1789, do físico suíço Horace Bénédict de Saussure (1740-1799) era "um círculo de amostras de papel tingidas de azuis cada vez mais profundos, do branco ao preto" e incluía 53 tons em sua interação mais avançada, pretendendo mostrar como a cor do céu muda conforme sua elevação. A ideia era fazer experimentos e catalogar as cores do céu.
Mas como medir o "azulado"? Usando suspensões de azul da Prússia, o papel tingido de Saussure formava quadradinhos de cada tom que ele conseguia distinguir as nuances. Assim, eram reunidos em um círculo de cores numerado que podia ser erguido até a distância padrão do olho – e o quadrado correspondente estabelecia o grau de azul.
O fascínio de Saussure com o azul do céu começou quando ele era um jovem estudante e viajou para Mont Blanc e ficou impressionado com o cume. Ele então sonhou em escalá-lo, mas em vez disso usou a riqueza de sua família para oferecer uma recompensa à primeira pessoa que pudesse. Vinte e sete anos depois, o próprio Saussure subiu ao topo com uma equipe, em 1786, carregando consigo "pedaços de papel de diferentes tons, para se erguer contra o céu e combinar com sua cor".
Mas após sua invenção, o cianômetro rapidamente caiu em desuso, como Maria Gonzalez de Leon aponta. "Afinal, pouca informação científica foi dada". Porém, dizem que Horace confiou em seu cianômetro pelo resto de sua vida.
A ferramenta, no entanto, acompanhou o famoso geógrafo Alexander von Humboldt também através do Atlântico, "para o Caribe, as Ilhas Canárias e a América do Sul", onde Humboldt "estabeleceu um novo recorde, no 46º grau de azul, para o céu mais escuro já medido" no cume da montanha andina Chimborazo. Este seria um dos únicos usos notáveis do artifício poético. Quando a verdadeira causa do azul do céu, a dispersão da luz, foi descoberta décadas depois, na década de 1860, o círculo azul de Saussure já havia caído na obscuridade.
O cianômetro está agora em exibição no Museu de História da Ciência de Genebra, perto da sobrecasaca de Saussure e dos muitos instrumentos que ele levou para o topo do Mont Blanc no início de agosto de 1787. Mesmo em uma vitrine de vidro, os pequenos quadrados azuis não perderam em nada do seu brilho.
Fonte: Carol T. Moré, FTC Mag
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