12 julho, 2020

Escrita automática

in memoriam Vladimir Morais
1
Escrita automática é o processo de produção de material escrito que objetiva evitar os pensamentos conscientes do autor, através do fluxo do inconsciente. É um método de escrita criado pelos dadaístas, mais especificamente pelo posterior líder do movimento surrealista, André Breton, no ano de 1919. Ou seja, para a literatura, se trata somente de um método literário defendido, principalmente, pela vanguarda surrealista.
Através da escrita automática o "eu" do poeta se manifestaria livremente de qualquer repressão da consciência. Seu propósito é vencer a censura que se exerce sobre o inconsciente, libertando-o através de atos criativos não programados e sem sentido imediato para a consciência, os quais escapam à vontade do autor.
O primeiro livro produzido por escrita automática foi "Os campos magnéticos"(1921), de André Breton e Philippe Soupault, e suas raízes se encontram na poesia em prosa de Rimbaud e Lautréamont e na poesia, mais remota, de William Blake.

2
Poesia sonâmbula. Diz Claudio Willer que Jorge de Lima acordava no meio da noite, em uma espécie de transe, para escrever passagens de sua "Invenção de Orfeu".
Interpretando poemas de "Invenção de Orfeu", como os do Canto IV, e comparando-os com passagens de "A Divina Comédia" de Dante, César Leal mostra como, à luz dessa comparação, o aparentemente esdrúxulo e arbitrário da poesia de Jorge de Lima ganha sentido – desde que se conheça Dante, é claro.
A mesma história foi contada a César Leal pelo próprio irmão de Jorge de Lima. O poeta, já consumido pelo câncer, despertava no meio da noite para escrever sua epopéia fragmentária. Dizia ao irmão que outra mão guiava a sua mão.

3
"Quando se tem o álibi / de ter nascido ávido / e convivido inválido / mesmo sem ter havido." Djavan, canção Álibi.

4
E continuemos com Djavan, por Adnet - uma paródia para alegrar o dia.

Fontes
Escrita automática, WIKI
A escrita automática e outras escritas, por Claudio Willer. In: Agulha - Revista de Cultura
Álibi, por Maria Bethania. Álbum musical de 1978
Açaí (paródia), por Marcelo Adnet, Twitter

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