Em 6 de junho de 1969, botei umas cervejas para gelar e encomendei umas bandejas de salgadinhos. Reuni em casa Francisco Dário, Osternes Brandão, o violonista Claudio Costa e o compositor Belchior, entre outros. Por volta da meia-noite, encerramos a parte doméstica da noitada e fomos ao "Pombo Cheio", onde nos encontraríamos com o Miguel da Flauta em seu retorno de um compromisso profissional. Naquela data, eu estava completando 21 anos. Uma fita-cassete registrou todas aquelas maravilhosas canções que foram tocadas e cantadas durante o encontro. Uma delas, por exemplo, era sua canção "Paralelas", que inicialmente Belchior cantava assim: "No Karmann-Ghia, sobre o trevo a cem por horas, meu amor". Mas que depois foi modificada para: "Dentro do carro...".
Dentro do carro, sobre o trevo a cem por hora,
Oh! Meu amor
Só tens agora os carinhos do motor
E no escritório em que eu trabalho e fico rico
Quanto mais eu multiplico diminui o meu amor
Em cada luz de mercúrio vejo a luz do teu olhar
Passas praças, viadutos, nem te lembras de voltar
De voltar, de voltar
No Corcovado, quem abre os braços sou eu!
Copacabana, esta semana o mar sou eu!
Como é perversa a juventude do meu coração
Que só entende o que é cruel e o que é paixão.
E as paralelas dos pneus n'água das ruas
São duas estradas nuas em que foges do que é teu
No apartamento, oitavo andar, abro a vidraça e grito
Grito quando o carro passa:
"Teu infinito sou eu, sou eu, sou eu, sou eu".
No Corcovado, quem abre os braços sou eu
Copacabana esta semana o mar sou eu
Como é perversa a juventude do meu coração
Que só entende o que é cruel e o que é paixão.
Oh! Meu amor
Só tens agora os carinhos do motor
E no escritório em que eu trabalho e fico rico
Quanto mais eu multiplico diminui o meu amor
Em cada luz de mercúrio vejo a luz do teu olhar
Passas praças, viadutos, nem te lembras de voltar
De voltar, de voltar
No Corcovado, quem abre os braços sou eu!
Copacabana, esta semana o mar sou eu!
Como é perversa a juventude do meu coração
Que só entende o que é cruel e o que é paixão.
E as paralelas dos pneus n'água das ruas
São duas estradas nuas em que foges do que é teu
No apartamento, oitavo andar, abro a vidraça e grito
Grito quando o carro passa:
"Teu infinito sou eu, sou eu, sou eu, sou eu".
No Corcovado, quem abre os braços sou eu
Copacabana esta semana o mar sou eu
Como é perversa a juventude do meu coração
Que só entende o que é cruel e o que é paixão.
Tu dentro l'auto sul raccordo a centoventi
Amore mio,
Hai solamente le carezze del motore
E nello studio in cui lavori e fai i soldi
Quanto più fai bene i conti tanto meno arrivi a me
Ogni fanale di mercurio prende luce agli occhi tuoi
Questo è uno strano viadotto vuoi tornare ma non puoi
Ma non puoi, ma non puoi
Sui manifesti ogni ragazza son io
La ballerina sesso e neon ma si, son io
Com'è perversa questa giovinezza che io porto in me
Che esiste solo quando brucia e quando è in croce
Le parallele delle gomme sul bagnato
Son due rotaie nude su cui fuggi anche da te
Io da lassù, dal sesto piano, a vetri aperti grido
Grido all'auto che si perde:
"Il tuo infinito son io, son io, son io".
Sui manifesti ogni ragazza son io
Amore mio,
Hai solamente le carezze del motore
E nello studio in cui lavori e fai i soldi
Quanto più fai bene i conti tanto meno arrivi a me
Ogni fanale di mercurio prende luce agli occhi tuoi
Questo è uno strano viadotto vuoi tornare ma non puoi
Ma non puoi, ma non puoi
Sui manifesti ogni ragazza son io
La ballerina sesso e neon ma si, son io
Com'è perversa questa giovinezza che io porto in me
Che esiste solo quando brucia e quando è in croce
Le parallele delle gomme sul bagnato
Son due rotaie nude su cui fuggi anche da te
Io da lassù, dal sesto piano, a vetri aperti grido
Grido all'auto che si perde:
"Il tuo infinito son io, son io, son io".
Sui manifesti ogni ragazza son io
La ballerina sesso e neon ma si, son io
Com'è perversa questa giovinezza che io porto in me
Che esiste solo quando brucia e quando è in croce.
Com'è perversa questa giovinezza che io porto in me
Che esiste solo quando brucia e quando è in croce.
Um comentário:
Eu tenho sido acusado de um quase crime de lesa-pátria, de âmbito musical. Ao que consta, Belchior estava lançando no aniversário do meu irmão Paulo, em “avant-première”, a sua canção “Paralelas”, que se tornaria um dos seus maiores sucessos.
Alguns dias depois, o Paulo procurou recuperar a dita gravação e descobriu que nela havia algo inteiramente desusado e diferente do teor da fita original.
A voz era, inegavelmente, a minha. Sobre a fita em foco estava a leitura dos apontamentos de uma aula de Botânica, sobre taxinomia vegetal, ministrada pelo médico e professor de Biologia em cursinhos de Fortaleza, o Dr. Hildemar Andrade, que fora esquematizada e escrita por nossa irmã Marta Gurgel.
Marta era muito caprichosa em suas anotações das aulas quando do seu período de pré-vestibular.
Em minha defesa posso dizer que o gravador em uso não possuía “refil”; não era do tipo fita-cassete. Era uma fita única e cada gravação se fazia por cima da anterior.
Marcelo Gurgel
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