09 abril, 2021

O furto das relíquias

As relíquias podem provir do corpo de uma pessoa sagrada ou de seus pertences. Ontem como hoje, são objetos de veneração para os devotos de um santo.
Entre os séculos IX e XII, a prática de furtá-las colocou um mosteiro contra outro na competição por fragmentos de santos famosos. As relíquias ofereciam proteção na forma de milagres, mas isso não era tudo: uma relíquia bem acreditada poderia colocar uma cidade no mapa, trazendo peregrinos, dinheiro e prestígio para o lugar.
Sendo assim, muitos clérigos participaram da tradição do furto de relíquias, por vezes utilizando-se de medidas drásticas apenas para garantir uma relíquia.
Consideremos o caso de Sainte-Foy (em latim; Sancta Fides;  em português: Santa Fé). O monge que trouxe suas relíquias para Conques, uma comuna francesa, ficou disfarçado por dez anos no mosteiro de Agen, antes de aproveitar a chance de fugir com o crânio de Sainte-Foy.
Além do misterioso Duesdona, suspeita-se da atuação de traficantes profissionais de relíquias entre aqueles que invadiram as catacumbas romanas em busca dos despojos de santos mártires. Era um bom negócio: o corpo de um único santo podia ser dividido em muitas relíquias vendáveis. Os teólogos sustentavam que "o todo estava em cada parte", significando que o santo estava igualmente presente em cada fragmento de seu corpo, por menor que fosse.

Fontes
http://www.neatorama.com/2020/04/28/When-Monks-Became-Relic-Thieves/
http://daily.jstor.org/when-monks-went-undercover-to-steal-relics/
http://www.jstor.org/stable/20463605

Nenhum comentário: