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30 novembro, 2021

pira vs. forca


Durante o domínio colonial britânico do subcontinente indiano, a antiga tradição Sati do Hinduismo ainda era praticada: a queima de viúvas vivas nas piras funerárias de seus maridos mortos.
Os britânicos - horrorizados com essas práticas bárbaras - aprovaram lei proibindo essa tradição Sati. Isso enfureceu sacerdotes hindus, que reuniram uma grande multidão para protestar contra a interferência em sua religião.
Então, Sir Charles Napier disse:
Vocês dizem que é seu costume incinerar as viúvas. Pois muito bem. Nós também temos um costume: quando homens queimam uma mulher viva, passamos uma corda em volta do pescoço deles e os enforcamos. Construam sua pira funerária; pois ao lado dela meus carpinteiros construirão um patíbulo. Vocês podem seguir seu costume. E nós seguiremos o nosso.
– Sir Charles James Napier, Comandante das forças britânicas na Índia, 1843–1847.

29 novembro, 2021

Noivazilla

Aristides, Aristides
Eu sou ouro
E tu, ourives.

"Pretty Boy" Floyd

Foto: WIKI
Charles Arthur Floyd (3 de fevereiro de 1904 - 22 de outubro de 1934), apelidado de "Pretty Boy" Floyd, era um ladrão de bancos americano. Ele operava nos estados do oeste e centro dos EUA, e suas façanhas criminosas ganharam ampla cobertura da imprensa na década de 1930.
Floyd era visto de forma positiva pelo público porque, durante seus assaltos, teria queimado documentos hipotecários, livrando assim muitas pessoas de suas dívidas. CARECE DE FONTES
O FBI chamou-o de "Inimigo Público n.º 1", em 1934, após a morte de John Dillinger. A polícia local e agentes do FBI liderados por Melvin Purvis atiraram em Floyd, em 22 de outubro de 1934, em um campo de milho em East Liverpool, Ohio. Os relatos divergem sobre quem atirou nele e a maneira como foi morto.
O corpo de Floyd foi embalsamado e colocado em exibição pública. Seu funeral foi assistido por entre 20.000 e 40.000 pessoas e continua sendo o maior funeral da história de Oklahoma.

28 novembro, 2021

O cachorro-quente

A teoria mais aceita sobre o surgimento desse peculiar sanduíche começa com um açougueiro de Frankfurt, na Alemanha. Em 1852, ele resolveu batizar as salsichas que fabricava com o nome da raça de seu cachorro: Dachshund (cão bassê, em alemão). Um imigrante alemão, Charles Feltman, levou essas salsichas para os Estados Unidos em 1880. Lá, criou um sanduíche quente com pão, salsicha e molhos. Para chamar a atenção dos consumidores, ele anunciava na porta dos estádios "Get your hot dachshund!" ("Pegue seu cachorro-salsicha quente!", em português).
No Brasil, por volta de 1926, o empresário Francisco Serrador, que idealizou a famosa Cinelândia, no Centro da cidade do Rio de Janeiro, lança o cachorro-quente em seus cinemas. A novidade inspirou Lamartine Babo e Ary Barroso, a criarem em 1928, a marchinha de carnaval "Cachorro-Quente".
Comer
Cachorro quente lá no bar
Por certo a moda vai pegar
Por não ser vulgar
Comer
Vai toda a gente ao "quarteirão" (do Serrador)
Pois há linguiça (sic) em profusão
Pra comer com pão
A partir de 1945, depois da Segunda Guerra Mundial, quando o nosso país passou a sofrer grande influência da cultura americana, o cachorro-quente conquistou definitivamente seu lugar no Brasil.

Vodu acidental

27 novembro, 2021

A certidão de nascimento do samba


Há 105 anos, o primeiro samba gravado, "Pelo telephone" (Pelo telefone), começou a gingar no coração dos brasileiros. Tratava-se de uma ode às novas tecnologias, escrita por Ernesto dos Santos (mais conhecido como Donga) e Mauro de Almeida. Por ter sido criado na casa de Tia Ciata, onde os músicos costumavam participar de rodas de samba, ou improvisações em grupo, muitos outros tentaram reivindicar a autoria da melodia. Mas foi Donga quem registrou a partitura na Biblioteca Nacional do Brasil em 27 de novembro de 1916.
Logo em seguida, são realizadas três gravações pela Casa Edison, baseadas nesses registros públicos. A primeira e a terceira são apenas gravações instrumentais, realizadas pela Banda Odeon e a Banda do 1.º Batalhão da Polícia da Bahia. A segunda gravação, interpretada por Baiano (1870-1944) e acompanhada somente de cavaquinho e violão, é sucesso no carnaval de 1917. 
Fonte: PELO Telefone (1916). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: . Acesso em: 27 de Nov. 2020. Verbete da Enciclopédia.ISBN: 978-85-7979-060-7
Até então, a maioria das pessoas não sabia o que era samba. Tudo isso mudou conforme a popularidade do Pelo Telefone disparou. De repente, o estilo lúdico da música estava no centro das celebrações do carnaval e, eventualmente, na vanguarda da cultura brasileira. Muito do sucesso do gênero pode ser creditado a Donga, que continuou a tocar e gravar músicas do gênero por grande parte de sua vida.
No doodle de 27/11/2019, o lendário músico mostra seus movimentos enquanto nos divertimos com sua famosa composição.

26 novembro, 2021

Crenças conspiratórias

"Conspiranoia" básica
- Eu não creio em conspirações, se bem que esta (aqui a pessoa insere sua teoria de conspiração preferida) tem o seu lado racional.

Uma conspiração pode realmente permanecer secreta? Existe uma resposta científica para isso.
Um exemplo famoso de teoria de conspiração é a "farsa" da Apollo 11. As teorias conspiratórias alegando que o pouso na Lua de 1969 foi falsificado ainda circulam desde que Neil Armostrong e Buzz Aldrin pisaram na superfície da Lua. Ora, manter um segredo dessa magnitude por esses 50 anos teria sido muito difícil. O físico e biólogo David Robert Grimes publicou uma equação matemática que estima quantas pessoas seriam necessárias para manter uma conspiração em segredo e quanto tempo levaria para que a mesma fosse exposta ao público. A equação leva em consideração o número de conspiradores envolvidos, quanto tempo se passou e a probabilidade de alguém dar com a língua nos dentes. De acordo com a fórmula de Grimes, se o pouso na Lua foi uma farsa, teriam sido necessárias 411.000 pessoas para mantê-lo em segredo. Além do mais, por sua matemática, alguém teria revelado a verdade em menos de quatro anos.
(http://www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=16595)

Abstrato de: "Sobre a viabilidade de crenças conspiratórias", por David Robert Grimes
Ideação conspiratória é a tendência dos indivíduos de acreditar que eventos e relações de poder são secretamente manipulados por certos grupos e organizações clandestinas. Muitas dessas conjecturas ostensivamente explicativas não são falsificáveis, carecem de evidências ou são comprovadamente falsas, mas a aceitação pública continua alta. Os esforços para convencer o público em geral da validade das descobertas médicas e científicas podem ser dificultados por tais narrativas, que podem criar a impressão de dúvida ou discordância em áreas onde a ciência está bem estabelecida. Por outro lado, existem exemplos históricos de conspirações expostas e pode ser difícil para as pessoas diferenciar entre afirmações razoáveis e duvidosas. Neste trabalho, estabelecemos um modelo matemático simples para conspirações envolvendo múltiplos atores com o tempo, que produz probabilidade de falha para qualquer conspiração. Parâmetros para o modelo são estimados a partir de exemplos da literatura de escândalos conhecidos, e os fatores que influenciam o sucesso e o fracasso da conspiração são explorados. O modelo também é usado para estimar a probabilidade de reivindicações de algumas crenças conspiratórias comumente sustentadas; isto é, que os pousos na Lua foram fingidos, a mudança climática é uma farsa, a vacinação é perigosa e que a cura do câncer está sendo ocultada por interesses particulares. Simulações dessas afirmações preveem que a falha intrínseca seria iminente mesmo com as estimativas mais generosas para a capacidade de manter segredos dos participantes ativos - os resultados deste modelo sugerem que grandes conspirações (≥1000 agentes) rapidamente se tornam insustentáveis e propensas ao fracasso.
http://doi.org/10.1371/journal.pone.0147905

25 novembro, 2021

Rinoceronte - de cabeça para baixo

O logotipo do Ig Nobel é uma variação de "The Thinker" ("O Pensador") de Rodin, representando a famosa estátua derrubada de seu pedestal ... e rebatizada de The Stinker ("O Fedorento"). E os projetos que homenageia podem parecer um pouco tolos à primeira vista - mas o prêmio definitivamente não é o equivalente científico dos Razzies (o anti-Oscar, dado aos piores filmes e performances do ano). Vai para estudos sólidos, revisados por pares, feitos por cientistas respeitados.
E, de fato, uma pessoa ganhou tanto o Ig quanto o original: o físico russo Andre Geim levou para casa o Prêmio Nobel de 2010 por "experimentos inovadores relacionados ao grafeno bidimensional" - uma década depois de ganhar o Ig "por usar ímãs para levitar um sapo". "E ele diz às pessoas", observa o professor veterinário Robin Radcliffe, "que valoriza cada prêmio igualmente".
Radcliffe e seus colegas, que ganharam um Ig Nobel em 2021 "pelo trabalho na Namíbia sobre métodos de realocação de rinocerontes negros", ficaram igualmente entusiasmados com a premiação Ig. "Nossa equipe está super animada", diz ele. "Conseguimos tanta exposição para a conservação dos rinocerontes que não a teríamos de outra forma. Obter este reconhecimento foi maravilhoso".


Cornellians, a revista de ex-alunos da Universidade Cornell

24 novembro, 2021

Corridas de táxi

A Sra. Nogueira está visitando parentes em Amsterdã e decide levar seu filho de 12 anos para um passeio pela cidade.
Chamam um táxi e pedem ao motorista que os leve aos pontos mais interessantes da cidade. Ao passarem pelo famoso Bairro da Luz Vermelha, Juquinha vê algumas mulheres na calçada e pergunta:
"Mamãe, o que essas mulheres estão fazendo aí no frio?"
"Nada", diz a encabulada Sra. Nogueira. "Provavelmente esperando um táxi."
"Não, não", interrompe o motorista. "A senhora não deve mentir para seu filho. Essas são prostitutas. Elas cobram dinheiro para fazer sexo." 
O menino está chocado.
"Mas, mamãe, o que vai acontecer com os filhos dessas mulheres?"
"Todos eles serão motoristas de táxi, Juquinha."
(http://www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=16390)

Num dia chuvoso, um passageiro de um táxi rumo ao aeroporto precisa fazer uma pergunta, e gentilmente cutuca o ombro do motorista para chamar sua atenção.
O motorista grita de susto, perde o controle do táxi, quase atinge um ônibus, sobe no meio-fio e para a poucos centímetros da vitrine de uma loja, quase causando um acidente ainda maior. Por alguns instantes, fez-se silêncio no táxi. Em seguida, o motorista vira para trás e pergunta ao passageiro:
"Você está bem? Eu sinto muito, mas é que você me assustou!"
O passageiro, muito abalado, pediu desculpas ao motorista. E disse:
"Eu não sabia que um simples toque no ombro poderia assustar alguém tanto assim!"
O motorista respondeu:
"Não, não, é inteiramente minha culpa. Hoje é meu primeiro dia como motorista de táxi, depois de passar 25 anos dirigindo um carro funerário..."
(http://www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=4458)

😊Ler também:
"Coisas do Quadradim", um comentário de Fernando Gurgel Filho.

23 novembro, 2021

Conjuntos

Tudo o que você queria saber sobre conjuntos e tinha medo de cair no vazio.


Homenagem a John Venn ⵔ⋂ⵔ⋂ⵔ
O diagrama de Venn da minha vida ⵔ⋂ⵔ⋂ⵔ
O cálculo do 42 de Douglas Adams ⵔ⋂ⵔ⋂ⵔ
Elementos químicos ⋂ Estados brasileiros ⵔ⋂ⵔ⋂ⵔ

22 novembro, 2021

Quão impiedosa é a velhice?

How merciless is old age?
Você escolheu um adjetivo particularmente apropriado, pois a velhice pode ser realmente implacável.
[imagem] Esta é Elli, uma deusa nórdica tão poderosa que nem mesmo Thor pôde derrotá-la. Ela o desafiou a lutar e, como esperado, inicialmente ele provou ser o mais forte. Mas Elli foi persistente e, como Paul Newman em Rebeldia Indomável, ela sempre tentava novamente.
A luta continuou e, eventualmente, Thor começou a se cansar enquanto Elli ficava cada vez mais forte.
Não foi uma luta justa, pois Elli era a deusa da velhice e, como você sugeriu, ela é impiedosa.
Praticamente todos nós, se vivermos o suficiente, perderemos um pouco de nossa tranquilidade juvenil. Nossa visão escurece, nossa audição enfraquece, nossos dentes caem, nossos órgãos se desgastam e, como disse algum engraçadinho anônimo, nossos baús desabam em nossas gavetas *.
E ainda, apesar disso, a vida ainda é doce para muitos de nós. Para algumas pessoas, isso não é possível. Elli é implacável.
David Evans, QUORA
* No original: "our chests fall into our drawers". Esta curiosa frase de duplo sentido entre "nossas baús (ou cômodas) desabam em nossas gavetas"  e "nossos peitos caem até a cintura (ou mais)" 

The Furniture Disease (A Doença dos Móveis)


Tradução: "Este é o pior caso de doença de móveis que eu já vi! Não apenas seu baú caiu em suas gavetas, você também tem cupins."

21 novembro, 2021

Deus e o Diabo no Enem

A pessoa estuda o ano inteiro para o ENEM, ora e pede a Deus iluminação, aí na hora da prova vem o capeta para distrair.

O passo de ganso

O passo de ganso é um estilo de marcha desenvolvido originalmente no século 18 pelo comandante prussiano Leopoldo I, Príncipe de Anhalt-Desau (1676 - 1746). Mas este estilo de marcha não foi usado somente pelos alemães. No século 19, o exército britânico também usou uma variação do passo em desfiles militares.
Estudos mostram que atividades harmonizadas em grupo, fortalecem a lealdade do individuo para com o grupo. Talvez sabendo disso, os líderes nazistas promoveram marchas, com o passo de ganso e com cantos rítmicos. A ideia era criar uma cultura que promovesse os ideais do grupo sobre os interesses do próprio indivíduo.
De qualquer maneira, marchar no estilo passo de ganso equivale a caracterizar um exército como seguidor da linha nazista. Um artificio inclusive utilizado em filmes como, por exemplo, em "Se Preparem", uma cena do Rei Leão:



www.kidbentinho.com (link inativo)

20 novembro, 2021

Em movimento: a montanha-russa

Equipamento de parques de diversão que contém uma sequência de subidas e descidas a ser percorrida por veículos sobre trilhos em grande velocidade.

Mesmo que pareça piada, a montanha-russa (inventada na Rússia), é chamada em russo de американские горки (tradução: deslizador ou escorregador americano). 
É verdade que, como a conhecemos atualmente, ela foi reinventada nos Estados Unidos.
No entanto, montanha russa em inglês não é "russian hill" nem nada parecido. Mas "roller coaster".

A montanha-russa em outras línguas ocidentais:
montaña rusa (esp.)
montagnes russes (fr.)
montagne russe (it.)
achterbahn (al.)


19 novembro, 2021

Arqueologia do KKKKK

Tendência ou não, o "KKKKK" não é novo. Aliás, é velhíssimo. Essa gargalhada - que quando lida em voz alta, deve soar como um gostoso "kakakakaka" - é usada pelo brasileiro há pelo menos 150 anos. Mas era algo mais para os vagarosos "cá cá cá", "quiá quiá quiá" ou "quá quá quá". 
Temos algumas evidências disso.
A primeira está em "Til", romance regionalista de José de Alencar (1829-1877) publicado em 1872 que se passa em uma fazenda no interior de São Paulo. O livro conta a história de Berta, uma menina acolhida pela viúva Nhá Tudinha. Em um trecho, Nhá Tudinha aparece "debulhando-se em uma risada gostosa". "Não fazia a menina um trejeito, nem dizia uma facécia, que a viúva não se desfizesse em gargalhadas."
"— Ai, menina!... Quiá!... quiá!... quiá!... Já se viu, que ladroninha?...", diz um trecho.
Uma rápida busca no acervo de jornais mostra a gargalhada na "Secção Livre", onde eram publicados comentários, discussões religiosas ou políticas e casos pessoais n'A Província de São Paulo, jornal que antecedeu o Estado de S. Paulo. O texto é do dia 20 de fevereiro de 1884:
"O mió de tudo nhô dotô é mecê se calá e não buli n'essas vergonha (...) Quiá, quiá, quiá, cá, cá, cá!!!", diz o comentário que faz troça de um caso polêmico com uma advogado no interior paulista.
No mesmo ano, Machado de Assis (1839-1908) registrava o riso "cá cá cá" no conto "A Segunda Vida": "Então, o Diabo, escancarando uma formidável gargalhada: 'José Maria, são os teus vinte anos.' Era uma gargalhada assim: — cá, cá, cá, cá, cá... José Maria ria à solta, ria de um modo estridente e diabólico."
Monteiro Lobato (1882-1948) também colocou a onomatopeia na boca de personagens em dois contos de "Urupês". O livro, de 1918, é notório por ter dado origem ao icônico Jeca Tatu.
"Toda gente gozou do caso, entre espirros de riso e galhofa", diz um trecho do conto "Um Suplício Moderno", sobre o personagem Izé Biriba, um pobre estafeta (espécie de carteiro), que fazia correspondência entre cidades não conectadas por ferrovia. Biriba se lamenta por haver transportado um bode para só depois descobrir que era para um inimigo seu, e é alvo de risos. "Trazer o bode da oposição! Quiá! quiá! quiá!", ele ouve de interlocutores.
Na Folha da Manhã, uma crônica chamada "Um Homem que Ri", publicada em 1926, diz o seguinte: "Quem foi o tolo que afirmou que a humanidade deve meditar e crer, chorar e sonhar? Que patetice é essa, em pleno século XX? A humanidade só deve rir. A vida, no fundo, não passa de uma grossa piada. Quá, quá quá!"


Ok, já deu para entender. O "quá quá quá" era a maneira corrente de expressar riso.
E um dos espaços onde estava presente é terreno fértil para onomatopeias no Brasil e no mundo: as histórias em quadrinho.
Nas décadas seguintes, textos de jornais são repletos de "quá quá quá", principalmente os humorísticos. E marchinhas carnavalescas como "Clube dos barrigudos", uma sátira de Haroldo Lobo e Cristóvão Alencar,  "Sorri, palhaço", de Anício Bichara e Soares Filho, e "O soro dos velhinhos", de Haroldo Lobo e Miton de Oliveira, registram essas "protogargalhadas". 
No Carnaval de 1955, é a vez de "Vou gargalhar", de Edgar Ferreira, gravada por  Jackson do Pandeiro (Copacabana: 5.331/B):
"Quem disse que a escola não sai / Não tem cabeça pra pensar. / A escola vai sair / O povo da vila vai sambar / Vou gargalhar / Quá, quá, quá, quá." http://youtu.be/44VyamxEneU
Em 1959, os recifenses caíram na frevança do "Bloco da Vitória", de Nelson Ferreira, cujas paródias ainda aqueceriam as campanhas políticas em Pernambuco:
"Neste carnaval / Quá, quá, quá, quá / O prazer é gargalhar / E com bate-bate de maracujá / A nossa vitória vamos festejar." http://youtu.be/BuhSbY_r9a8
Elis Regina gargalha e canta "quaquaraquaqua, quem riu?, quaquaquaraquaqua, fui eu" em "Vou deitar e rolar", composta por Baden Powell e Paulo César Pinheiro, em 1970.
O "quá quá quá" ainda resiste e aparece forte nos anos 1980, 1990 e no início dos anos 2000.
E é bem aí, no final dos anos 1990 para a virada do século, quando o "quá quá quá" começa a desaparecer, que o "kkkkkk" dá as caras. Na internet, claro.
Especialista em redes sociais e professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Raquel Recuero lembra que, nos anos 1990, as onomatopeias de riso tinham "o estilo dos quadrinhos como "hahaha". E muita gente usava o "rsrsrs", lembra ela."O kkkkk começou a aparecer depois, no início dos 2000".
E como ocorre o pulo entre "quá quá quá" e "kkkkk"?
"No chat, escrevemos com muita rapidez, comemos acento, reduzimos tudo o que podemos para ganhar tempo", observa Gomes, da UEMS. Se um k representa um quá, por que não?
"Qual é mais fácil ou mais rápido: escrever q-u-a, q-u-a, q-u-a, ainda com acento, ou escrever só kkkk? É só botar o dedo que a letra corre", diz Gonçalo Junior.
Extraído de: http://www.bbc.com/portuguese/geral-57612393 (@julianagragnani). 
Os grifos são nossos.

18 novembro, 2021

Meu caro Chico — Depoimentos


O designer pernambucano Augusto Lins Soares está lançando pela Editora Francisco Alves o livro "Meu caro Chico — Depoimentos". O livro reúne 60 crônicas, ensaios, poemas, bilhetes e comentários em redes sociais sobre o compositor de olhos de ardósia. Foram escritos por ninguém menos que Luís Fernando Veríssimo, Clarice Lispector, Glauber Rocha, Rubem Braga, Antonio Candido, Augusto Boal, Cacá Diegues. José Saramago, Lula, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Teresa Cristina… Uma lista de personalidades de várias áreas que aqui se revelam seus admiradores.


ADMIRÁVEL CHICO, por Luís Fernando Veríssimo
Admiro o Chico desde que ele apareceu nos anos 1960, com "Ole olá". Aquela cara de garoto não combinava com suas primeiras melodias e suas letras incomparáveis, já tão engenhosas e inteligentes. Tudo o que Chico fez desde então – suas músicas, sua poesia, suas peças, seus romances – foi admirável, num nível sempre espantosamente alto. É tão difícil lembrar uma composição ou um texto do Chico que não mantenha o mesmo nível, quanto é difícil escolher uma canção favorita entre todas que ele produziu e continua produzindo (as minhas favoritas são "Samba do grande amor", "Sabiá", em parceria com o Tom Jobim, e "Sobre todas as coisas", em parceria com o Edu Lobo). Admirável também é o jeito do Chico de ser célebre e engajado sem ser autodeslumbrado nem panfletário. Durante a ditadura, foi dele a trilha sonora da resistência, driblando a censura, assegurando aos militares que, apesar deles, amanhã seria outro dia.
Temos nos encontrado pouco, bem menos do que eu gostaria, mas acho que posso dizer que somos amigos. Eu tocava saxofone numa banda de jazz em Porto Alegre e o Chico estava na cidade para um show. Ele e outros membros da sua banda foram nos ouvir no bar em que nos apresentávamos – e o Chico deu uma canja! Cantou "A Rita". Depois seu baterista nos diria que o “seu Chico” nunca fazia aquilo. Foi o maior momento na vida da nossa banda. E eu toquei com o Chico Buarque. Até hoje não sei o que fazer com essa frase. Acho que vou pedir que seja meu epitáfio.

Leia mais em: http://vejario.abril.com.br/beira-mar/trecho-inedito-livro-personalidades-chico-buarque/

Chico Buarque no catálogo da Livraria da Travessa: 83 livros e 12 DVDs

(((quinze anos)))

Nascia, num dia como este há exatos quinze anos, a revista eletrônica de variedades EntreMentes.

Está na internet há mais tempo do que o Facebook (no Brasil), o Instagram, o WhatsApp, e o Tik Tok.

Abraços (virtuais) nos colaboradores Fernando Gurgel, Jaime Nogueira e Nelson Cunha.

E nos seguimores, com os quais a debutante vai dançar uma valsa-turbilhão.

http://blogdopg.blogspot.com/2011/08/valsinha.html

17 novembro, 2021

Por que o cursor de seta aponta levemente para a esquerda?

Não tinha prestado atenção a este detalhe?


Não, não é por que o cursor esteja em itálico (o que o apontaria levemente para a direita). 
Há razões históricas e práticas.
O cursor de seta para cima e para a esquerda se originou no Xerox PARC, na década de 1970, no computador Alto. A razão pela qual a borda esquerda da seta é vertical é simples: ela é exibida como uma linha reta sem recortes. Uma seta apontando diretamente para cima teria o discernimento mais difícil pelo olho humano devido às diagonais irregulares. Essa forma de seta tem sido usada desde então.
A razão pela qual a seta foi inclinada para a esquerda era para que a posição do clique ficasse mais fácil de calcular, já que a origem do bitmap do cursor situa-se no canto superior esquerdo. Com o "ponto quente" do cursor convenientemente em (0,0) isto poupa à sub-rotina de rastreamento do mouse alguns ciclos de computação para calcular seus deslocamentos (não é muito, mas ajudava em máquinas mais antigas).
http://www.blogger.com/blog/post/edit/37677847/8269737962136400833#
http://www.reddit.com/r/explainlikeimfive/comments/1qhzym/why_is_the_computer_arrow_slightly_tilted/

Um truque topológico

Um pequeno e perturbador quebra-cabeça do matemático David Richeson, do Dickinson College.


through one hole or two?

A descoberta da fita ou faixa de Möbius (n. 17/11/1790) desencadeou uma nova área de estudos na Matemática, conhecida como topologia. A qual é como uma geometria sem escala, que trata os objetos pelas relações que têm entre si, independentemente de suas dimensões.
Um topologista, dizem, é alguém que não consegue diferenciar seu donut de sua caneca de café.

16 novembro, 2021

Os filhos de Vassilyev

Feodor Vassilyev (c. 1707 - 1782) era um camponês de Shuya, Rússia. Sua primeira esposa, Valentina Vassilyev, teria vivido até os 76 anos e, entre 1725 e 1765, teve 69 filhos (16 partos de gêmeos, 7 partos de trigêmeos e 4 partos de quadrigêmeos), o recorde de maior número de filhos nascidos de uma única mulher.
Memória do cálculo
16 x 2 = 32
  7 x 3 = 21
  4 x 4 = 16
           = 69


Com a segunda esposa, Feodor Vassilyev ainda teve 18 filhos (6 partos de gêmeos e 2 partos de trigêmeos), tornando-se pai de 87 filhos no total.
Os dados sobre os filhos de Vassilyev estão incluídos no Guinness Book of World Records.

A personificação da República do Brasil no século 19

Mesmo antes de 1889, as imagens da República eram abundantemente difundidas nos diversos jornais e revistas da época. Dentre estas, destacavam-se a Revista Illustrada, O Mequetrefe e o Besouro. Destes periódicos, a Revista Illustrada era, de longe, a que mais dava espaço às imagens da República e foi nela que saiu sua primeira representação personificada como uma figura feminina, publicada no dia seguinte à Proclamação.
Ela se chama Marianne (Mariana), é mestiça e está vestida com os símbolos da República (o barrete frígio e a toga). Também leva uma espada e um escudo (porque a ideia não era que o Brasil fosse esse fracalhão indefeso que se tornou) e olha para a frente, para o futuro (em vez de ter saudades de um passado ideal). A coroa do império lhe é oferecida e ela a recusa.
Além de evidenciar a associação com a imagética revolucionária francesa, à Marianne brasileira cabia representar o cotidiano de um regime que se esforçava para aparecer. Dentre as várias atividades como representante da Pátria, apareceu vencedora das urnas da Assembleia Constituinte; foi mostrada ao povo como criança em roupas de batismo nas mãos de Deodoro, nas comemorações do primeiro aniversário do regime; recebeu das mãos de Deodoro, acompanhado de Rui Barbosa, a Constituição de 1890; como amiga - e após um "longo período de desconfiança" - recebeu fraternalmente a República Argentina; foi guiada e amparada pela República Francesa por um caminho florido e coube a ela enfrentar a horda do Conselheiro em 1896.

Fonte: PINTO JUNIOR, Rafael Alves. Manoel Lopes Rodrigues e a Alegoria da República (1896): do cotidiano da política à imortalidade do Panteão. 19e20, Rio de Janeiro, v. V, n. 4, out./dez. 2010. 

15 novembro, 2021

Desastres em publicidade

1
Um publicitário retorna de uma viagem à Arábia Saudita, aonde tinha ido para realizar uma campanha de um refrigerante.
Vendo-o triste e cabisbaixo, um amigo lhe pergunta: "Por que essa cara?"
Ele responde: "Minha campanha foi um fracasso total!"
"Como assim?", pergunta o amigo. "Eu pensei que você havia preparado uma boa campanha."
"Bem, quando eu fui para lá, esperava fazer um grande discurso de vendas para os sauditas. Mas havia um problema: Eu não falo árabe! Então, planejei transmitir o significado da mensagem com a utilização de três imagens."
1.º cartaz:
Um homem deitado na areia quente do deserto, em absoluta exaustão - desmaiado.
2.º cartaz:
O homem está bebendo a nova Coca-Cola.
3.º cartaz:
O homem agora aparece totalmente renovado e sentindo-se ótimo."


"E aí?"
"Pois bem. Eu coloquei isto em outdoors  por toda parte! Não era possível alguém ir a qualquer lugar do país sem vê-los."
"Isso deveria ter funcionado!"
"É... Só que ninguém tinha me avisado que, na Árábia Saudita, eles leem da direita para a esquerda!"

2
Em junho (17), a relação entre Cristiano Ronaldo e um dos patrocinadores da Eurocopa se tornou o assunto do momento. Após o jogador, no início de uma coletiva à imprensa, ter retirado da bancada de entrevista duas garrafas de Coca-Cola, substituindo-as por uma garrafa de água mineral. O gesto do jogador fez as ações da Coca-Cola caírem abruptamente em 1,6%, fazendo a empresa perder (temporariamente) US$ 4 bilhões em seu valor de mercado. Mas essa não foi a primeira vez que que ele esnobou o refrigerante americano por não ser saudável. Quando CR7 recebeu o prêmio de melhor jogador do século pela Globe Soccer Awards, em dezembro, ele conversou com a imprensa sobre seu filho, Cristiano Junior, e deixou escapar que não gosta da bebida açucarada. Cristiano Ronaldo é notoriamente meticuloso com sua dieta. ele praticamente só bebe água e faz seis pequenas refeições ao longo do dia, que quase sempre incluem frutas, vegetais e proteínas de frango e peixe, tudo preparado sem óleo.

Poulaines

Poulaines, sapatos ou botas com o bico extremamente alongado e pontudo, que foram usados na Europa, nos séculos 14 e 15.  Na Inglaterra, foram introduzidos durante o reinado de Ricardo II (1367 - 1400). De tão compridas, suas pontas eram enchidas com musgos ou crinas de cavalo, além de presas por barbante ou corrente de ouro/prata, logo abaixo dos joelhos, a fim de não atrapalharem o caminhar do usuário.
Receberam os nomes de "poulaines", "souliers à la poulaine" e "crakows", em alusão a seu suposto local de origem (Cracóvia, Polônia).
Essa tendência da moda nos pés, que agora parece tola a um observador moderno, um dia saiu do controle. Em um ponto, o rei Edward IV (1442 - 1483 ) teve que proibir os súditos de usarem pontas com mais de cinco centímetros. Alguns anos depois, ele decidiu proibir totalmente este tipo de sapatos.
Um design pontiagudo do sapato também foi criado em metal para ser usado juntamente com a armadura. "A History from Sandals to Sneakers" relata a história de uma "derrota infligida por  camponeses suíços na Batalha de Sempach (1386) contra os poderosos cavaleiros Habsburgos, a qual se deveu parcialmente ao uso dos sapatos de pontas compridas por estes últimos". Na Batalha de Nicópolis, em 1396, quando os otomanos derrotaram um exército de cruzados europeus, o contingente francês foi forçado a cortar as pontas de seus sapatos para bater em retirada com rapidez.

Representação da Batalha de Sempach mostrando uma grande pilha de pontas de sapato em uma colina no canto superior esquerdo da ilustração. Wikipedia (para ver a imagem ampliada)

http://fashionhistory.fitnyc.edu/poulaine/
http://bigthink.com/culture-religion/medival-shoes-bunions
http://blogdopg.blogspot.com/2011/10/competicao-pela-aparencia.html

14 novembro, 2021

A Chiquinha, de "Chaves"

María Antonieta de las Nieves, a eterna Chiquinha do seriado Chaves, entrou para o Guinness Book de 2022. Aos 70 anos, a atriz mexicana foi incluída no livro dos recordes justamente por conta da personagem, que interpreta há quase cinco décadas.
No Instagram, a artista esclareceu que entrou para a publicação por ser a dona do recorde de atriz com a carreira profissional mais longa interpretando o mesmo personagem infantil. María Antonieta posou para a foto segurando o certificado e o livro de 2022, diante de uma estante repleta de bonecas da Chiquinha e outros personagens de Chaves.


María Antonieta começou a interpretar a filha de Seu Madruga em 1971, quando tinha 21 anos. No seriado, ela ainda viveu a avó de Chiquinha, Dona Neves.
Em 2002, Bolaños — que morreu em 2014 — processou María Antonieta, com o objetivo de proibir a atriz de continuar interpretando Chiquinha. Ela, porém, venceu a ação e conseguiu seguir dando vida à personagem em seus trabalhos.
Ao todo, foram exibidos 312 episódios de Chaves, mas 39 estão perdidos. A produção alcançou grande sucesso no Brasil, marcando a infância de diversas gerações.

Bordôes da Chiquinha
Os adultos são como as crianças, só que os adultos já estão usados.
Não tem um sábado que eu não tome banho. Porque eu tomo banho todos os sábados, precise ou não precise.
De agora em diante, nós, mulheres, não temos mais que pedir permissão aos homens para cometer as barbaridades que cometíamos quando não nos davam permissão.
Ai, Chaves, você só não é mais burro por falta de vitaminas.
Minhas tias não me deixavam fazer nada, eu queria brincar de fogueirinha com os móveis novos da minha tia, não. Eu queria fazer uma tenda de campanha no jardim, com a cortina da sala, não. Eu queria laçar a televisão com uma corda, não. Acredita que não me deixaram fazer um dominó com as teclas do piano? E com o trabalho que eu tive pra tirar as teclas do piano...
De longe, ela é feia; de perto, parece que está longe.
Pois é, pois é, pois é.
(Usava no final de uma história, normalmente mentirosa.)

Sr. Barriga e Nhonho (a publicar)
E a Bruxa do 71 (a publicar)

Obrigado, Prof. António Nóvoa

Quando alguém, diante de um benefício recebido, diz ao benfeitor "obrigado", está lhe dizendo "diante desta benfeitoria que você me fez e eu reconheço, eu lhe agradeço e estou vinculado a você, minha alma está penhorada por causa do favor que você me concedeu e eu nunca me esquecerei disso".



Por conseguinte:
- Obrigado, Prof. António Nóvoa, por esta aula tão esplêndida que me fará usar sempre a palavra "obrigado", um dos tesouros de nossa língua portuguesa e que, de acordo com a "Suma Teológica" de São Tomás de Aquino, "exprime o significado mais elevado do conceito de gratidão".
Ao que o senhor, na qualidade de meu benfeitor, certamente responderá:
- De nada. Ou seja, "eu o fiz de maneira tão gratuita que lhe declaro livre de dívida".

13 novembro, 2021

O sabotador inconsciente

Adelmo se atrasou e encontra seus três amigos jogando cartas com Peiú, que completa o quarteto.
Acontece que Peiú é o cachorro da turma.
Adelmo se admira de ver o cachorro jogando com eles, na maior naturalidade.
- Que impressionante! E Peiú joga bem?
- Que nada. Tá perdendo horrores.
- Por quê?
- É que toda a vez que entra um jogo bom pra ele, o coitado abana o rabo.
Fonte: Tesco Dantas, no Face

Provérbio português
"Abana-se o cão, não por ti mas pelo pão (pela mão?)."

Dia da Gentileza (2021)

13 de novembro: Kindness Act Day (O Dia da Gentileza)

"A gentileza faz com que o homem pareça exteriormente como deveria ser interiormente."
~ Jean de la Bruyère


Cada um dá o que tem no coração. Cada um recebe com o coração que tem.

12 novembro, 2021

Fanfic

As fanfics (abreviação de fanfictions) são histórias criadas por fãs de determinados livros, filmes, games, séries ou sagas, utilizando os mesmos personagens, porém com novos enredos. Esse tipo de narrativa teria surgido nos EUA, na década de 1970, com a publicação em fanzines de histórias que eram tributos à série Star Trek (Jornada nas estrelas). E, posteriormente, com a publicação de histórias com outros personagens apropriados em blogs, sites e em outras plataformas pertencentes ao ciberespaço.
Portanto, o surgimento das primeiras fanfictions deu-se muito antes da concretização da Web.
Como em geral essas histórias são escritas sem a permissão do criador original, um aviso de isenção de responsabilidade é incluído como padrão, declarando que eles não possuem direitos autorais sobre os personagens.
A franquia "Cinquenta Tons de Cinza", por exemplo, era originalmente uma fanfic escrita com os personagens da saga "Crepúsculo". Sua autora, E.L. James, inicialmente publicou o romance em um fórum de ficção para fãs da saga. Antes de se tornarem Christian Grey e Anastasia, o casal era parte de uma realidade alternativa dos personagens Edward e Bella.
Alguns autores (por exemplo, JK Rowling) encorajaram fanfics, alegando que a obra original não é afetada (significando que não haverá um processo judicial), algo que os autores de fanfics geralmente aceitam.
No entanto, outros autores (por exemplo, Anne Rice) solicitaram que fanfics baseadas em suas histórias não sejam postadas em sites de fanfiction. Esses autores são mais comumente conhecidos como Kill Joys.

Utilidade lúdica
Fanlore, um wiki sobre obras de fãs e comunidades de fãs que qualquer pessoa pode editar.

Spock chega à conclusão:
Fanlore: É lógico!

O Novo Acadêmico da ABL

A Academia Brasileira de Letras elegeu, no dia 11 de novembro, o novo ocupante da Cadeira 20, na sucessão do Acadêmico e jornalista Murilo Melo Filho, falecido no dia 27 de maio de 2020. O vencedor foi o músico Gilberto Passos Gil Moreira (nascido em 26 de junho de 1942, em Salvador - BA), que recebeu 21 votos. Os ocupantes anteriores da cadeira 20 foram: Salvador de Mendonça (fundador) – que escolheu como patrono Joaquim Manuel de Macedo –, Emílio de Meneses, Humberto de Campos, Múcio Leão e Aurélio de Lyra Tavares.
"Gilberto Gil traduz o diálogo entre a cultura erudita e a cultura popular. Poeta de um Brasil profundo e cosmopolita. Atento a todos os apelos e demandas de nosso povo. Nós o recebemos com afeto e alegria", declarou o Presidente da ABL, Acadêmico Marco Lucchesi.
Gilberto Gil iniciou sua carreira no acordeon, ainda nos anos 50, inspirado por Luiz Gonzaga, pelo som do rádio e pela sonoridade do Nordeste. Com a ascensão da bossa nova, Gil deixa de lado o acordeon e empunha o violão, e em seguida a guitarra elétrica, que abriga as harmonias particulares da sua obra até hoje. Suas canções desde cedo retratavam seu país, e sua musicalidade tomou formas rítmicas e melódicas muito pessoais. Seu primeiro LP, "Louvação", lançado em 1967, concentrava sua forma particular de musicar elementos regionais, como nas conhecidas canções "Louvação", "Procissão", "Roda" e "Viramundo".
Em 1963 inicia com Caetano Veloso uma parceria e um movimento, a Tropicália, que contempla e internacionaliza a música, o cinema, as artes plásticas, o teatro e toda a arte brasileira. O movimento gera descontentamento da ditadura vigente, que o considera nocivo à sociedade com seus gestos e criações libertárias, e acaba por exilar os parceiros. O exílio em Londres contribui para a influência do mundo pop na obra de Gil, que grava inclusive um disco em Londres, com canções em português e inglês. Ao retornar ao Brasil, Gil dá continuidade a uma rica produção fonográfica, que dura até os dias de hoje. São ao todo quase 60 discos e em torno de 4 milhões de cópias vendidas, tendo sido premiado com 9 Grammys.
Em 2002, após sua nomeação como Ministro da Cultura, o Acadêmico passa a circular também pelo universo sócio político, ambiental e cultural internacional. No âmbito do Minc, em particular, desenha e implementa novas políticas que vão desde a criação dos Pontos de Cultura até a presença do Brasil em Fóruns, Seminários e Conferências mundo afora, trabalhando temas que vão desde novas tecnologias, direito autoral, cultura e desenvolvimento, diversidade cultural e o lugar dos países do sul do planeta no mundo globalizado. Suas múltiplas atividades vêm sendo reconhecidas por várias nações, que já o nomearam, entre outros, de Artista da Paz pela UNESCO em 1999, Embaixador da FAO, além de condecorações e prêmios diversos, como Légion d’ Honneur da França, Sweden’s Polar Music Prize, entre outros. 
(ABL - 11/11/2021)

Clarão em noite de tempestade (vídeo c/ entrevista de Josias de Souza)


11 novembro, 2021

Seminário Internacional Futuro da Memória

Acontecerá nos dias 17 e 18 de novembro de 2021, inteiramente gratuito, o Seminário Internacional Futuro da Memória. É uma iniciativa do Museu da Pessoa e do BNDES, com apoio do Itaú Cultural e parceria do ICOM Brasil e Editora Companhia das Letras.
Qual será o papel da cultura, da educação, da economia e das novas tecnologias para moldar as memórias pessoais e coletivas no futuro?
A palestra inaugural estará a cargo do escritor Orhan Pamuk. Será uma chance única - a transmissão será ao vivo e não ficará disponível depois -, a de ouvir o Nobel de Literatura de 2006 e autor de livros como "Meu Nome é Vermelho", "Neve", "Istambul" e "O Museu da Inocência".
O evento seguirá com três mesas temáticas no dia 17/11 (quarta-feira) com temas que conectam a memória à inovação social, economia criativa e revolução digital. E mais: três oficinas no dia 18/11 (quinta-feira) que objetivam aproximar o público da experiência pioneira do Museu da Pessoa.
As inscrições já estão abertas.
Assista ao vídeo para conferir a programação:
 

De boa raça

- Por que você diz que seu cachorro é inteligente?
- É muitíssimo. Basta que diga pra ele: vem ou não vem?
- E aí?
- Ele vem... ou não vem!
(Tesco Dantas)

"Meu cigarro de palha
Meu cavalo ligeiro
Minha rede de malha
Meu cachorro arteiro."
(Luiz Gonzaga, modificado)


Uma cena modelada em barro pelo Mestre Vitalino, de Caruaru. O nome completo: "Gatos maracajás trepados numa árvore, acuados por um cachorro, e embaixo o caçador fazendo pontaria com a espingarda.
http://blogdopg.blogspot.com/2007/04/pontaria.html

Provérbio do cachorro procrastinador
Cão de boa raça, se não caça hoje, amanhã caça.

10 novembro, 2021

Manuais do esculápio

Encaminhada. Não creio na existência de distúrbios mentais que não estão no DSM-5, mas que eles existem, existem.

Troco 2 DSM-5 por 1 CID-10.

A morte de Houdini

A história da morte de Harry Houdini - ou pelo menos alguma versão dela - é quase tão famosa quanto ele próprio. Uma narrativa popular (embora não totalmente precisa) é que Houdini, que desafiava as pessoas a socá-lo no estômago para mostrar sua tolerância à dor, estava dormindo nos bastidores quando alguém decidiu aceitar o desafio (quando ele nem sequer esperava).
A verdade é que Houdini estava acordado durante os socos que supostamente o mataram, embora estivesse sentado e com o tornozelo quebrado. O desafiante, um estudante universitário de Montreal, deu não um, mas cinco golpes sucessivos em seu estômago. Ele começou a sentir dores de estômago naquela noite. Foi uma façanha que deu errado, um acidente. Quem iria querer matar Harry Houdini?
(A resposta: aparentemente, muitas pessoas.)
Houdini tinha muitos inimigos. Ele era um crítico dos médiuns, videntes e clarividentes, e apostou sua fama e influência nos esforços para expô-los como mentirosos. Esses esforços incluíram (mas não se limitaram a) aprender seus truques e executá-los, e também apoiar um projeto de lei que regulamentaria a profissão - ele até testemunhou perante o Congresso em apoio ao referido projeto. Harry Houdini desprezava os paranormais autoproclamados, e a recíproca era verdadeira.
No que diz respeito às evidências de assassinato, não há nenhuma. Embora em 2008, o sobrinho-neto de Houdini, George Hardeen, tenha tentado exumar seu corpo em um esforço para encontrar essa evidência. De acordo com seu advogado , "havia um motivo para assassinar Harry Houdini, e foi suprimido e encoberto" - a tentativa não teve sucesso; nenhuma exumação ocorreu.

O túmulo de Harry Houdini, no bairro de Queens, em NY. 
O ilusionista morreu de apendicite e peritonite em 31/10/1926.

http://www.newsweek.com/how-did-harry-houdini-die-halloween-looking-his-legacy-92-years-after-his-1195588
http://time.com/3537452/houdini-1926/

09 novembro, 2021

Os mortos do Everest

"Há uma espécie de ideia de que há apenas uma montanha que realmente importa para a imaginação popular ocidental", disse a cineasta Jennifer Peedom ao Business Insider, quando seu documentário "Mountain" foi lançado.

Mais de 300 pessoas morreram tentando escalar o Monte Everest, e uma parte desses corpos permanece na montanha.
Acredita-se que mais de 100 corpos ainda estejam por lá - na verdade, como o aquecimento global faz com que o gelo derreta, mais e mais corpos estão sendo descobertos. Na maioria dos casos, é muito caro ou muito perigoso (ou ambos) remover os corpos. Algumas expedições de resgate até resultaram em mortes adicionais.

Isso é tão fácil de resolver!

Em resposta à nota As regras dos apoios de braço nos assentos das aeronaves comerciais, datada de 6 de novembro, Romão, de Florianópolis, expôs no Twitter o vídeo APERTO, do grupo Porta dos Fundos.


08 novembro, 2021

Sadako e os 1000 grous de papel

Os mil grous de papel foram originalmente popularizadas através da história de Sadako Sasaki, uma garota japonesa que tinha dois anos quando foi exposta à radiação do bombardeio atômico de Hiroshima durante a Segunda Guerra Mundial. Sasaki logo desenvolveu leucemia e, aos 12 anos, após passar um tempo significativo em um hospital, começou a fazer grous de origami com o objetivo de fazer mil, inspirado na lenda do senbazuru.
 Em uma versão ficcional da história, contada no livro "Sadako and the Thousand Paper Cranes", ela dobrou apenas 644, antes de ficar muito fraca para dobrar e morrer (em 25 de outubro de 1955). Para honrar sua memória, seus colegas concordaram em dobrar os 356 grous restantes para ela.
Na versão da história contada por sua família e colegas de classe, o Museu Memorial da Paz de Hiroshima afirma que ela completou os mil grous e continuou apesar de seu desejo não se concretizar. Há uma estátua de Sadako segurando um "grou" no Parque Memorial da Paz de Hiroshima (FOTO: coisas do Japão) e, todos os anos, no dia de Obon, as pessoas deixam grous na estátua em memória dos espíritos de seus ancestrais que partiram.
De acordo com sua família e especialmente seu irmão mais velho, Masahiro Sasaki, que fala sobre a vida de sua irmã em eventos, Sadako não apenas ultrapassou as 644 aves de papel, ela excedeu sua meta de 1.000 e morreu após ter dobrado aproximadamente 1.400 delas. Em seu livro, "The Complete Story of Sadako Sasaki", coescrito com Sue DiCicco, fundadora do Peace Crane Project, Masahiro garante que Sadako excedeu seu objetivo.

WIKI
http://coisasdojapao.com/2017/03/grou-conheca-o-valor-simbolico-dessa-ave-no-japao

A falácia da pergunta complexa

Consiste em fazer uma insinuação na forma de uma pergunta que combina proposições universalmente aceitas com proposições ainda passíveis de aceitação ou comprovação.

Exemplo: "Você já parou de dedicar-se a negócios ilícitos?" 

A tal "pergunta carregada", loaded question em inglês.

O exemplo clássico é o do promotor que pergunta ao acusado: "Responda sim ou não. Você já deixou de espancar sua mulher?" Se o acusado diz que sim, reconhece que a espancava antes. Se responde não, reconhece que ainda a espanca.

A resposta adequada certamente seria: "Eu nunca bati em minha esposa". O que remove a ambiguidade da resposta esperada, anulando a tática. No entanto, o autor da pergunta provavelmente acusará aquele que respondeu de se esquivar da pergunta.

Tem pergunta tão capciosa que só respondendo assim: VALE MORRER?

07 novembro, 2021

Bares clandestinos

Um bar clandestino é um estabelecimento ilícito que vende bebidas alcoólicas ou um bar de estilo retro que reproduz aspectos de bares clandestinos históricos.
Escreve a arquiteta Bárbara Cassou, em Archtrends Portobello:
El Born, bairro emblemático de Barcelona, abriga um dos bares mais surpreendentes que você poderia visitar. No estilo speakeasy, o bar Paradiso é uma joia escondida por trás de uma geladeira industrial e oferece drinques criativos.
Um bar speakeasy (*) é um conceito de bar escondido. Sua origem se deu através dos bares clandestinos, na época da Lei Seca. Geralmente possui um local em frente, e por uma passagem secreta abre-se para o bar nos fundos. Para entrar lá ou pedir uma bebida escondida, era preciso falar uma palavra-chave.
O bar Paradiso inspira-se neste conceito. De frente à rua está um pequeno restaurante, que vende sanduíches (sua especialidade são os sanduíches de pastrami). Dentro do restaurante, uma grande geladeira branca industrial faz parte do cenário, que ao abrir, é a entrada principal para o bar nos fundos do edifício.
Como se fosse uma transição de ambientes completamente diferentes, você passa pela geladeira industrial e entra em um bar sofisticado e icônico.
O diferencial do Paradiso são seus drinques criativos. Os drinques, além de saborosos, são servidos nos mais inusitados e diferentes tipos de copos e recipientes. Entre eles: El Camaleón (O Camaleão), o qual vem com uma proposta de bebida perfumada e afrutada com vodka marinada com manjericão, Tokaji seco (vinho húngaro), licor elaborado com ingredientes naturais inspirado no Amazonas, jasmim e xarope de água de coco.

Os bares clandestinos, embora ilegais, eram numerosos e populares durante os anos da Lei Seca. Alguns eram operados por pessoas que conhecidamente faziam parte do crime organizado. Embora a polícia e os agentes do Bureau of Prohibition frequentemente os invadissem e prendessem seus proprietários e clientes, eles eram tão lucrativos que continuaram a florescer. O speakeasy logo se tornou uma das maiores partes da cultura americana durante esse tempo.
Várias mudanças aconteceram conforme os bares clandestinos se formaram: uma foi a integração. Com essoas das raças negras e brancas se reunindo, e até mesmo se misturando, com poucos ou nenhum problema.
Outra mudança ocorrida foi a maior participação das mulheres. Muitas empresas criaram seus bares clandestinos para atrair mulheres e obter mais lucros. E as mulheres também começaram a se inserir no negócio de bares clandestinos. Texas Guinan, uma ex-atriz de cinema e teatro, abriu muitos bares clandestinos durante a Lei Seca, como o 300 Club e o El Fey. Guinan admitia que não seria nada sem a Lei Seca, e suas duas maiores concorrentes eram Helen Morgan e Belle Livingston. WIKI

(*) speakeasy, assim chamados por causa da prática de falar baixinho sobre tal lugar em público, ou quando dentro dele, para não alertar a polícia ou vizinhos.

Dia da Preguiça

Meu vizinho me viu deitado na rede, então disse:
- Preguiça é pecado.
Eu respondi:
- Inveja também é.



Preguiça que eu tive sempre / De escrever para a família / E de mandar contar pra casa / Que esse mundo é uma maravilha / E pra saber se a menina / Já conta as estrelas e sabe a segunda cartilha / E pra saber se o menino / Já canta cantigas e já não bota mais a mão na braguilha

Como os tempos mudam!
2019: um cara preguiçoso
2021: um adulto responsável


Provérbio para hoje/amanhã
"Não há domingo sem missa, nem segunda-feira sem preguiça."

06 novembro, 2021

A menor fronteira do mundo

Até 1934, Peñón de Vélez de la Gomera era uma pequena ilha espanhola na costa do Norte da África. Mas então uma tempestade levou areia suficiente para dentro do canal de modo a criar um istmo na costa marroquina.
Portanto, agora a ilha é um enclave espanhol em uma península, e as duas nações compartilham a fronteira mais curta do mundo (85 metros). 

Vista da possessão espanhola Peñón de Vélez de la Gomera
(Wikimedia Commons)

As regras dos apoios de braço nos assentos das aeronaves comerciais

No fim de semana, um avião teve que voltar para o portão e a tripulação chamou as autoridades porque dois passageiros estavam brigando por um descanso de braço. Sim, parece ridículo entrar nisso por causa de algo tão trivial, mas é exatamente para esse tipo de situação que a etiqueta foi desenvolvida - para que todos saibam o que é esperado. O uso dos apoios de braço limitados em um avião deve ser de conhecimento comum, mas aparentemente algumas pessoas precisam ser ensinadas. Jason Torchinsky explica como os apoios de braço das companhias aéreas devem ser alocados e o raciocínio existente por trás das regras não escritas no Jalopnik.

De todas as coisas para entrar numa briga em um avião, esta pode ser a mais estúpida, porque as regras para alocação de braço a assento foram estabelecidas há muito tempo, e todo viajante deveria estar ciente do Grande Compromisso do Apoio de Braço que nossos predecessores nos céus lutaram tanto e por tanto tempo para se estabelecer.
Mas está estabelecido. Sabemos qual assento recebe quais apoios de braço e por quê. As razões não são arbitrárias, mas sim baseadas em lógica sólida e inflexível e no próprio senso inato de decência básica de cada ser humano.


Estas são as regras:
Corredor
Este assento recebe apenas o apoio de braço externo. O assento no corredor tem livre acesso para sair da fileira para usar o banheiro, espaço considerável para alongamento do lado do corredor e a sensação mais aberta da fileira.
As responsabilidades do assento no corredor são se levantar para permitir que seus companheiros de fila tenham acesso aos banheiros ou ao resto da aeronave.
Centro
Este assento recebe os dois apoios de braços. O assento central não tem nenhum dos benefícios do corredor ou janela e, como tal, é compensado com o uso de ambos os apoios de braços que circundam o assento.
É geralmente aceite que é o pior banco da fila e, como tal, merece o apoio de braço extra compensatório.
Janela
Este assento recebe o apoio de braço do lado da parede. O assento da janela tem, é claro, a janela, o que revela o milagre do voo mais pesado que o ar para quem ainda é capaz de sentir tantas alegrias, por isso é a escolha de assento mais popular para crianças. A parede também oferece opções valiosas de encosto para dormir e um mínimo de privacidade, se você empurrar seu rosto contra a parede durante uma ligação ou algo assim.
A desvantagem é que você está tão preso quanto o assento do meio e pode ser solicitado a ajustar a cortina da janela, que deve ser obedecida se solicitado de maneira razoável.
É isso. Essas são as regras, e elas são inabaláveis. Você e seus companheiros de linha podem negociar outros acordos se assim desejarem, incluindo mover os apoios de braço internos para fora do caminho, mas o Grande Compromisso do Apoio de Braço é o acordo padrão e deve sempre ser atendido, a menos que o consentimento total de todos os três membros da linha seja alcançado.
Este é o caminho.
http://jalopnik.com/these-are-the-definitive-rules-for-airplane-armrest-all-1847095061

05 novembro, 2021

De pai para filho



 a estátua do filho foi feita 

com as peças retiradas da estátua do pai 

como a significar 

o quanto os pais se sacrificam 

por seus próprios filhos

De "víbora" a "briba"

O dicionário Houaiss (Lisboa, 2003) diz que briba é provavelmente uma modificação popular de víbora e Mário Marroquim, em "A Língua do Nordeste", (1934) assegura que foi isso mesmo que aconteceu. Ou melhor, foi provavelmente modificação popular de bíbora ou bíbera, que eram formas correntes e cultas nos séculos XV e XVI. Dou pormenores mais abaixo. Mas primeiro, víbora designa em seu sentido primário, como todos sabem, várias espécies de cobras; mas designa também, segundo o Houaiss, várias espécies de lagartos do Nordeste do Brasil, sendo neste sentido o mesmo que briba. Transcrevo do Houaiss:
briba s. f. (1913 cf. CF2) 1 HERP design. comum às lagartixas do gen. Briba, representadas no Brasil por uma única sp. (Briba brasiliana), que ocorre do Piauí a Minas Gerais 2 HERP design. comum a algumas spp. de lagartos da fam. dos cincídeos, e dos anguídeos, que ocorrem no Nordeste do Brasil, de corpo alongado e membros reduzidos; víbora 3 B infrm aguardente de cana; cachaça ʘ ETIM lat. cien. gen. Briba, prov. corruptela de víbora.
Briba passou a latim científico em 1935, quando o herpetólogo brasileiro Alfrânio Amaral descobriu um nova espécie de lagarto e a batizou de Briba brasiliana (Wikipédia). A palavra briba já então existia, e Mário Marroquim diz explicitamente que bibra é uma modificação popular nordestina de víbora. Mais: ele identificou, entre os muitos fenómenos linguísticos do Nordeste, a troca do "v" inicial por "b" em três outras palavras: vesica > bexiga, vagina > bainha, votum > bodo.
 A mudança, portanto, vem do processo de formação da lingua. Incorrendo em um fenômeno linguístico chamado betacismo, dizem os matutos: barrer, bassoura, béspa, berruga e briba, por varrer, vassoura, véspera, verruga e vibora. E briba não tem qualquer relação com o espanhol briba (mal intenção / vagabundagem) nem com o inglês bribe (suborno).

http://portuguese.stackexchange.com/questions/4501/etimologia-de-briba

04 novembro, 2021

O Pássaro do Ano em 2021

A organização Forest and Bird, da Nova Zelândia, realiza uma votação anual para determinar a ave do ano. 
Prepare-se para o alvoroço.
Este ano, o vencedor foi o morcego de cauda longa, ou pekapeka-tou-roa. Que voou com 7.031 votos.


O anúncio dos resultados da pesquisa fez as pessoas se perguntarem como um morcego conseguiu entrar na competição, além de tudo, derrotar os pássaros reais que estavam na corrida.
"A campanha para obter o apoio a essa bola de pelos voadora conquistou a nação!"
O segundo colocado foi um velho conhecido nosso, o kakapo, com 4.072 votos.


Chapéus e capacetes contra a invasão mental

No início do século vinte, provavelmente mais ou menos quando o conhecimento sobre eletromagnetismo estava começando a chegar aos leigos com maior intensidade, explodiram teorias conspiratórias sobre controle mental. O mundo estava passando pelas turbulências ideológicas que levaram às grandes guerras e que foram por elas causadas, e o medo da figura do governo controlador era uma das palhas mais fáceis de queimar. 
Então, os teóricos da conspiração fizeram o que fazem melhor, pegaram um monte de informação solta, amarraram de uma forma conveniente, e criaram o chapéu de papel-alumínio, a proteção n.º 1 contra controle mental governamental. 
Bruno Prado Santos, QUORA

Mas a história do chapéu é ainda mais antiga. Há referências ao acessório num conto muito esquisito e presciente, escrito em 1927 por ​Julian Huxley, irmão do famoso Aldous e meio-irmão de Andrew, laureado do prêmio Nobel.
Além de escrever, Huxley era biólogo evolucionista e, infelizmente, eugenista, e o conto ​"The Tissue-Culture King" (A Cultura de Tecidos do Rei) explora bastante tal ofício. O enredo trata de um cientista chamado Hascombe, que se perde numa floresta e é capturado por uma tribo. Hascombe ganha a simpatia da tribo com sua capacidade "mágica" de cultivar amostras de carne do rei local, Bugala.
O que sucede é tão distópico e agradavelmente detestável quando os trabalhos mais famosos de Huxley. Mantido em prisão domiciliar, Hascombe se torna uma espécie de Dédalo e é forçado a emprestar seus talentos a um regime corrupto. Mas a proximidade do poder sobe à sua cabeça, e Hascombe transforma suas "ambições intelectuais pervertidas" em controle de mentes em massa.
Por fim, o cientista hipnotiza o rei e escapa vestindo uma "capa de papel-alumínio", que é "relativamente à prova dos efeitos telepáticos". Mas ele é dominado assim que tira a capa. O narrador lamenta:
"Roguei e implorei para que ele pensasse bem e mantivesse a decisão, que seguisse em frente. Nossa, como eu me arrependi! No ímpeto de descartar todo e qualquer peso inútil, deixamos para trás nosso capacete, nossa proteção contra a telepatia."
Roisin Kiberd, Uma breve história do chapéu de papel-alumínio, VICE 

Em 2005, pesquisadores realizaram no Massachusetts Institute of Technology (MIT) um estudo empírico sobre a eficácia dos capacetes de folha alumínio. Entre uma comunidade periférica de paranóicos, os capacetes de alumínio servem como medida de proteção de escolha contra sinais de rádio invasivos.


Investigamos a eficácia de três modelos de capacete de alumínio (O clássico, O Fez e O centurião) em um grupo de amostra de quatro indivíduos. 
Usando um analisador de rede de US $ 250.000, descobrimos que, embora em média todos os capacetes atenuem as frequências de rádio invasivas em ambas as direções (seja proveniente de uma fonte externa ou proveniente do crânio do sujeito), certas frequências são de fato bastante amplificadas.
Essas frequências amplificadas coincidem com as bandas de rádio reservadas para uso governamental de acordo com a Federal Communication Commission (FCC).
A evidência estatística sugere que o uso de capacetes pode de fato aumentar as habilidades invasivas do governo.
Especulamos que o governo pode de fato ter iniciado a mania dos capacetes por esse motivo.
Conclusão
Os capacetes amplificam bandas de frequência que coincidem com as atribuídas ao governo dos Estados Unidos entre 1,2 Ghz e 1,4 Ghz.
De acordo com a FCC, essas bandas são supostamente reservadas para "localização de rádio" (ou seja, GPS) e outras comunicações com satélites.
A banda de 2,6 Ghz coincide com a tecnologia de telefonia móvel. Embora não sejam filiadas ao governo, essas bandas estão nas mãos de empresas multinacionais.
Não é necessário esforço de imaginação para concluir que a atual mania dos capacetes provavelmente foi propagada pelo governo, possivelmente com o envolvimento da FCC.
Esperamos que este relatório incentive a comunidade paranóica a desenvolver designs de capacete aprimorados para evitar ser vítima dessas deficiências. (17/02/2005, MIT)
http://web.archive.org/web/20100708230258

03 novembro, 2021

O milagre de Purun Baghat

Escrito em maio de 1894, enquanto Kipling estava de férias em Vermont, morando perto de seus pais em Tisbury, Wiltshire. Publicado no Pall Mall Gazette e no Pall Mall Budget, em 18 de outubro de 1894, e no New York World em 14 de outubro, com o título "Um milagre dos dias atuais". Na publicação em Pall Mall a história tinha ilustrações de Cecil Aldin.

Purun Dass é um brâmane de alta casta, altamente educado e uma figura poderosa como primeiro-ministro de um dos Estados nativos semi-independentes. Então, no auge de sua carreira, ele deixa de lado todas as posses, pega um cajado e uma tigela de mendicância e se torna um santo homem errante, "Purun Bhagat", dependendo da caridade para viver. Por fim, ele chega ao alto Himalaia, de onde seu povo tinha vindo, e encontra um santuário deserto  numa aldeia da montanha, onde passa a morar. Por muitos anos ele viveu lá, alimentado pelos devotos aldeões, fazendo amizade com as criaturas selvagens ao redor, macacos, veados e ursos, e ponderando sobre o significado da existência.
Então, um ano vêm semanas e semanas de chuva, e uma noite ele é acordado pelas criaturas selvagens e vê que a montanha está prestes a deslizar. Ele desce rapidamente a encosta na chuva gelada. Com toda a autoridade de sua vida de antes, ele acorda os aldeões adormecidos e os incita a deixarem o vale. Eles fazem isso bem a tempo, antes que um grande deslizamento de terra aconteça. As pessoas agora estão seguras em um terreno elevado, mas o Baghat, extenuado por seus esforços, está morto. Eles constroem um santuário em sua memória, mesmo não sabendo que, anteriormente, ele foi o brâmane Sir Purun Dass.
Comentários: http://www.kiplingsociety.co.uk/rg_purun1.htm

Romeu e Julieta

É uma tradicional sobremesa brasileira composta por queijo e goiabada. Sua provável origem se deu em Minas Gerais ainda durante o período colonial, quando os portugueses começaram a produzir queijo em suas colônias. O Romeu é representado pelo queijo, um ingrediente mais salgado, e a Julieta é a goiabada, mais doce, assim como as mulheres (sic).
Mas há quem relate a influência búlgara na origem desta sobremesa.
Quanto ao nome Romeu e Julieta, faz referência ao par romântico que William Shakespeare fez surgir no meio das turbulências entre Montecchios e Capuletos, na Verona do século XVI.
Assim como eles, o queijo e a goiabada são dois ingredientes bastante diferentes, mas suas diferenças apenas propiciam que se combinem tão perfeitamente.
E a verdade mesmo é que ninguém sabe se essa explicação é real.
Em meados dos anos 60, a Cica lançou no mercado uma goiabada (imagem) sugerindo que a goiabada combinada com o queijo seria a combinação perfeita. Na embalagem do doce, apareciam Mônica e Cebolinha, criações do desenhista Maurício de Souza, representando os personagens de Shakespeare.

RANCHO DA GOIABADA
Nesta versão
Em que eu vejo:
Goiabada cascão
Com muito queijo...



Outras iguarias do Livro de Receitas do Mestre Cuca Beludo (maître de la cuisine), cujos originais encontram-se na Editora @EntreMentes aguardando impressão:

02 novembro, 2021

No Dia do Julgamento

Um rapaz morreu e compareceu na Cortel Celestial para ser julgado.
Ao chegar lá, os anjos lhe disseram: "Antes de se encontrar com Deus, devemos lhe dizer que verificamos sua vida e, honestamente, não encontramos qualquer coisa que você tenha feito particularmente boa ou má, então não sabemos bem o que fazer. Você pode nos dar algum exemplo que nos ajude a tomar uma decisão?".
"A alma recém-chegada pensou por um momento e respondeu: "Sim! Uma vez eu estava dirigindo e vi uma pessoa sendo atacada por uma gangue. Então, eu não pensei duas vezes, tomei coragem e fui em direção a eles. Tinha um cara grande, musculoso, com um piercing no lábio. Bem, eu arranquei o piercing dele com toda a minha força e disse que era melhor que sua gangue parasse de incomodar o rapaz, ou eles teriam que lidar comigo!"
"Uau, impressionante! Quando foi isso?", perguntou um dos anjos.
"Olha, foi meia hora atrás", respondeu o rapaz.

http://www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=7021

Memento mori - 3

Pelo amor de Deus (For the Love of God) é uma escultura do artista Damien Hirst produzida em 2007. Ela consiste em um molde de platina de um crânio humano do século 18, incrustado com 8.601 diamantes perfeitos, incluindo um diamante rosa em forma de pera localizado na testa que é conhecido como o Diamond Star Skull. [1] Os dentes do crânio são originais e foram comprados por Hirst em Londres. A obra de arte é um memento mori, ou um lembrete da mortalidade do espectador.
Localização: Galeria White Cube, Londres
 

Memento mori: 1 e 2

01 novembro, 2021

Filósofos do Fim do Mundo

A data

Se os Maias nos ensinaram alguma coisa é que, se você não terminar alguma coisa, não é o Fim do Mundo. ~ Jonco Stl

Jonco Stl é de uma família que detesta vogais. ~ Paulo Gurgel

A "indústria" de óleo de pinguim

Extraído da resposta de Bruce Graham à pergunta What are some interesting lesser known facts abouts penguins?, no Quora em inglês:
O que muitas pessoas não sabem é que provavelmente os pinguins ainda existem por causa de uma campanha feita após a Primeira Guerra Mundial.
Naquela época, o abate desenfreado de pinguins alimentava uma "indústria" de óleo de pinguim, e as ilhas ao sul da Nova Zelândia se tornaram grandes fornecedores desse óleo. 
Joseph Hatch, um "empresário", construiu uma usina de óleo na ilha Macquarie. Durante um período de 30 anos, e apesar das difíceis condições locais, Hatch abateu mais de 3 milhões de pinguins.
Em 1909, a produção da usina de Hatch era maior do que nunca. Suas duas caldeiras nunca esfriavam, e as equipes de funcionários queimavam também mais de 500 pássaros por dia como combustível nas fornalhas, para complementar o carvão. Durante uma temporada de seis meses, já estavam produzindo mais de 100 toneladas de óleo de pinguim.[imagem abaixo: veja que há muitos barris do lado de fora do prédio]


Apsley Cherry-Garrard, que mais tarde escreveu "A Pior Viagem do Mundo", juntou-se à campanha em favor dos pinguins, escrevendo para o britânico The Times:
"Os relatos da ilha Macquarie “fazem com que as atrocidades da Bélgica (no Congo) pareçam um mimo de escola dominical."
H. G. Wells, no auge de seu sucesso na época, escreveu em seu livro de 1919, "The Undying Fire":
"Mas o pinguim-rei está chegando ao fim da sua história. Deixem que eu conte como sua história está se encerrando. Me deixem contar o que está acontecendo nos tranquilos Mares do Sul neste momento. Este meu velho amigo está em grande perigo por causa de um tráfico vil que surgiu... E, a menos que seja interrompido, vai destruir totalmente essas colônias de pinguins. Essas aves estão sendo assassinadas em massa por causa do seu óleo. Grupos de homens atacam e os abatem a golpes de porrete ainda em seus ninhos, que as pobres aves se recusam a abandonar, de onde os mortos, os moribundos e os apenas atordoados são arrastados e jogados em caixotes de ferro para serem fervidos para a extração do seu óleo."
Um ano depois, em 1920, o primeiro-ministro australiano cancelou a licença para caçar pinguins, pondo fim à matança.
Estas informações vieram do livro "Pinguin", de Stephen Martin, altamente recomendado para os que buscam um livro curto e cheio de informações sobre os pinguins.

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Comentário
Como se não bastassem as atrocidades cometidas contra os pinguins na ilha Macquarie - NZ (descritos por Bruce Graham), ainda há o novo comportamento sexual dos pinípedes (a superfamília de mamíferos aquáticos que inclui focas, lobos-marinhos, leões-marinho e morsas).
Este novo comportamento sexual dos pinípedes não é de agora. Em 2006, biólogos do periódico Polar Biology viram, pela primeira vez, um lobo-marinho tentando copular com um pinguim-rei, em Marion Island, uma ilha subantártica que é lar de ambas as espécies.
Eles publicaram detalhes desse incidente e especularam, na época, que o ato sexual pode ter sido o comportamento de um animal frustrado, sexualmente inexperiente.
Em três dos quatro incidentes já registrados, o pinípede pagou o preço combinado pelo ato e deixou o pinguim ir embora. Mas, no quarto, a foca comeu, matou e depois comeu de verdade o pinguim. (Paulo Gurgel)
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