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12 novembro, 2021

O Novo Acadêmico da ABL

A Academia Brasileira de Letras elegeu, no dia 11 de novembro, o novo ocupante da Cadeira 20, na sucessão do Acadêmico e jornalista Murilo Melo Filho, falecido no dia 27 de maio de 2020. O vencedor foi o músico Gilberto Passos Gil Moreira (nascido em 26 de junho de 1942, em Salvador - BA), que recebeu 21 votos. Os ocupantes anteriores da cadeira 20 foram: Salvador de Mendonça (fundador) – que escolheu como patrono Joaquim Manuel de Macedo –, Emílio de Meneses, Humberto de Campos, Múcio Leão e Aurélio de Lyra Tavares.
"Gilberto Gil traduz o diálogo entre a cultura erudita e a cultura popular. Poeta de um Brasil profundo e cosmopolita. Atento a todos os apelos e demandas de nosso povo. Nós o recebemos com afeto e alegria", declarou o Presidente da ABL, Acadêmico Marco Lucchesi.
Gilberto Gil iniciou sua carreira no acordeon, ainda nos anos 50, inspirado por Luiz Gonzaga, pelo som do rádio e pela sonoridade do Nordeste. Com a ascensão da bossa nova, Gil deixa de lado o acordeon e empunha o violão, e em seguida a guitarra elétrica, que abriga as harmonias particulares da sua obra até hoje. Suas canções desde cedo retratavam seu país, e sua musicalidade tomou formas rítmicas e melódicas muito pessoais. Seu primeiro LP, "Louvação", lançado em 1967, concentrava sua forma particular de musicar elementos regionais, como nas conhecidas canções "Louvação", "Procissão", "Roda" e "Viramundo".
Em 1963 inicia com Caetano Veloso uma parceria e um movimento, a Tropicália, que contempla e internacionaliza a música, o cinema, as artes plásticas, o teatro e toda a arte brasileira. O movimento gera descontentamento da ditadura vigente, que o considera nocivo à sociedade com seus gestos e criações libertárias, e acaba por exilar os parceiros. O exílio em Londres contribui para a influência do mundo pop na obra de Gil, que grava inclusive um disco em Londres, com canções em português e inglês. Ao retornar ao Brasil, Gil dá continuidade a uma rica produção fonográfica, que dura até os dias de hoje. São ao todo quase 60 discos e em torno de 4 milhões de cópias vendidas, tendo sido premiado com 9 Grammys.
Em 2002, após sua nomeação como Ministro da Cultura, o Acadêmico passa a circular também pelo universo sócio político, ambiental e cultural internacional. No âmbito do Minc, em particular, desenha e implementa novas políticas que vão desde a criação dos Pontos de Cultura até a presença do Brasil em Fóruns, Seminários e Conferências mundo afora, trabalhando temas que vão desde novas tecnologias, direito autoral, cultura e desenvolvimento, diversidade cultural e o lugar dos países do sul do planeta no mundo globalizado. Suas múltiplas atividades vêm sendo reconhecidas por várias nações, que já o nomearam, entre outros, de Artista da Paz pela UNESCO em 1999, Embaixador da FAO, além de condecorações e prêmios diversos, como Légion d’ Honneur da França, Sweden’s Polar Music Prize, entre outros. 
(ABL - 11/11/2021)

Clarão em noite de tempestade (vídeo c/ entrevista de Josias de Souza)


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