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14 dezembro, 2025

Café para a estrada

Se a sua ideia de “café para a estrada” se limita a beber café quando você dirige um carro na estrada, este estudo de pesquisa pode expandir seu horizonte mental:

Efeitos de reologia e microestrutura de resíduos de borra de café na modificação de ligante asfáltico”, Mingjun Xie, Linglin Xu, Kai Wu, Yutong Wen, Hongmi Jiang e Zhengwu Jiang, Materiais de baixo carbono e construção verde, vol. 1, n.º 1, 2023, artigo 3.

Nesse estudo, os autores relatam que a borra de café resultante de produtos da indústria cafeeira quando incorporada a ligantes asfálticos melhora o desempenho destes.

Bônus: "One more cup of coffe", uma canção de Bob Dylan a respeito do café na estrada.


One more cup of coffee for the road
One more cup of coffee 'fore I go
To the valley below.
Mais uma xícara de café para a estrada
Mais uma xícara de café antes que eu vá
Para o vale abaixo.

13 dezembro, 2025

O verde de Scheele

Em 1775, investigando as propriedades químicas de uma substância que continha arsênico, o químico sueco Carl Wilhelm Scheele (imagem) produziu um pigmento que ficou conhecido como verde de Scheele.


No processo de produção dessa substância, ele envenenou-se-se até a morte aos 43 anos.
Infelizmente, essa não foi a única vida que o verde de Scheele ceifaria. Na Europa, a cor era amplamente utilizada em decoração. De fato, um estudo realizado na Inglaterra no final do século XIX indicou que quatro em cada cinco papéis de parede continham verde de Scheele. Pesquisadores da época notaram que, quando o papel de parede ficava úmido, exalava um odor "semelhante ao de rato", que causava doenças e mortes.
E, na década de 1930, cientistas confirmaram que o cheiro era um gás letal produzido por um fungo presente no papel de parede.
Curiosamente, o verde de Scheele pode ter contribuído para a morte de Napoleão Bonaparte. Durante os últimos anos de sua vida, Napoleão viveu exilado em Santa Helena, uma ilha úmida na costa oeste da África. Seu quarto tinha papel de parede verde-brilhante, e o ar em Santa Helena era úmido o suficiente para o desenvolvimento de fungos. Em 2001, cientistas analisaram amostras do cabelo de Napoleão e descobriram níveis de arsênico até 38 vezes maiores que o normal.
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ARSÊNIO (o elemento químico) e ARSÊNICO (o nome popular de um composto dele) são a mesma coisa no uso comum, mas tecnicamente o termo "arsênico" refere-se mais especificamente ao trióxido de arsênio (As2O3), o famoso "veneno branco", que é o composto mais tóxico do elemento químico Arsênio (As).

12 dezembro, 2025

Cordel e cordelistas

 A Literatura de Cordel é um gênero literário popular no Brasil, especialmente no Nordeste, caracterizado por sua forma rimada e sua apresentação em folhetos de papel.

Os poemas, escritos em versos, geralmente narram histórias, lendas, fatos históricos e acontecimentos do cotidiano.

Essas histórias são impressas em pequenos folhetos com xilogravuras, que eram tradicionalmente pendurados em cordas ou barbantes, daí o nome "cordel".

As ilustrações não apenas embelezam os folhetos, mas também ajudam a contar a história, sendo parte integral da experiência do cordel.

A origem da Literatura de Cordel remonta à tradição oral dos trovadores medievais na Europa, principalmente em Portugal e na Espanha.

Esses trovadores recitavam suas poesias em feiras e mercados, transmitindo histórias e notícias. Com a colonização essa tradição foi trazida para o Brasil, onde se adaptou e evoluiu.

O cordelistas, como são chamados os autores de cordel, eram frequentemente viajantes que levavam seus folhetos para vender em feiras, festas e outros eventos, disseminando assim suas histórias por todo o país.

Eles, muitas vezes, são também repentistas, capazes de criar e recitar versos improvisados.

A métrica mais comum usada nos cordéis é a sextilha, que consiste em estrofes de seis versos, geralmente com sete sílabas em cada verso, e rimas alternadas. 

Ao registrar histórias e lendas transmitidas de geração em geração, o cordel contribui para a preservação da memória cultural de um povo.

Ao utilizar uma linguagem simples e temas acessíveis, o cordel estimula a leitura e a escrita, especialmente entre as camadas humildes da população.

As obras de cordel podem abordar uma grande variedade de temas, desde histórias de reis e rainhas até aventuras de cangaceiros, romances e críticas sociais.

Existem inúmeros cordelistas famosos, como o paraibano Leandro Gomes de Barros, considerado o "pai do cordel", e Patativa do Assaré, um dos maiores poetas populares brasileiros.

Ao longo do tempo, a Literatura de Cordel ganhou reconhecimento e valorização, sendo estudada em universidades e apreciada por um público mais amplo.

(Extraído de um material de divulgação da Secretaria de Cultura do Ceará)

Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido por Patativa do Assaré (1909 - 2002). Nasceu no município de Assaré, no Estado do Ceará. Ele começou a compor e a  recitar poesias ainda jovem, inspirado pelas histórias e cantorias tradicionais do sertão nordestino. Seus versos frequentemente abordavam temas como a vida no sertão, as dificuldades enfrentadas pelos agricultores, as injustiças sociais e a luta por melhores condições de vida. Dentre suas obras mais conhecidas estão: "Triste Partida", que foi musicada por Luiz Gonzaga e se tornou um clássico da canção nordestina, e "Vaca Estrela e Boi Fubá", que Patativa apresentou em show no Theatro José de Alencar, em 1980, e que Fagner editou em LP pela CBS. https://youtu.be/mdYqWeR6ZuI?si=Q1u7suKWOaQq_03o

11 dezembro, 2025

Uma maneira chocante de lidar com os alunos travessos

Em outubro de 1924, o professor de ciências de uma escola de Barnesville, HT Opsahl, um ex-militar de 25 anos, ordenou que o perturbado aluno Earl Tenneson se sentasse em uma cadeira de madeira na sala de aula. O adolescente obedeceu e logo sentiu uma descarga elétrica a percorrer o corpo.


Opsahl (às vezes escrito como Upsahl em relatos de jornais contemporâneos) tinha uma baixa tolerância a maus comportamentos. E, pelo que se sabe, em algum momento de seu magistério, teve a ideia de instalar uma barra de metal em uma das cadeiras de madeira da sala de aula. Essa barra podia conduzir a eletricidade gerada por uma bobina de Tesla.
De acordo com Opsahl, a cadeira foi originalmente concebida como um experimento científico, a qual, mais tarde, foi transformada num móvel de punição para alunos travessos . (Uma régua sobre os nós dos dedos foi considerada muito banal.)
Earl foi para casa e contou ao pai, Fred Tenneson, que seu professor o havia condenado à cadeira. E o pai, por sua vez, procurou a polícia para prender Opsahl sob a acusação de agressão.
Embora eletrocutar uma criança parecesse algo que resultaria numa suspensão para um professor, Opsahl ficou livre para retornar ao trabalho assim que pagasse uma fiança de US$ 2.000.
Opsahl tinha sua própria perspectiva: a cadeira apenas proporcionava uma "sensação de formigamento", disse ele. Se os braços do aluno se soltassem dos apoios, poderia haver faíscas, mas "o aluno não se machucaria". A voltagem não era maior do que a usada pelos médicos da época para tratar reumatismo.
Fred inclusive alegou que seu filho havia chegado em casa com queimaduras graves nas pernas, causadas pela cadeira. Mas, ao analisar o caso, o promotor WG Hammett não encontrou evidências de lesão corporal. Na audiência de Opsahl, este pediu ao juiz que rejeitasse as acusações. O juiz concordou.
Opsahl permaneceu em Barnesville, carregando entre os alunos a reputação de ser alguém cujas aulas de ciências exigiam decoro. Poucos anos depois, mudou-se para Fargo, Dakota do Norte, onde continuou a lecionar ciências — presumivelmente sem quaisquer experimentos adicionais com eletricidade.


Os castigos corporais na escola antiga (no Brasil), Linha do Tempo

10 dezembro, 2025

A economia (de uma forma econômica)

É uma disciplina complexa e controversa. Desentendimentos acalorados entre economistas já inspiraram a seguinte observação:
Economia é o único campo em que duas pessoas podem dividir um Prêmio Nobel por dizerem coisas opostas.
Os prêmios de 1972 concedidos a Myrdal e Hayek vêm à mente, assim como os prêmios de 2013 a Fama e Shiller.
Um gráfico do Pixabay:
https://quoteinvestigator.com/2025/07/08/economics-opposite/

09 dezembro, 2025

Conteúdo sempre verde

De"evergreen content", termo em inglês que significa "conteúdo sempre verde". É aquele conteúdo que permanece fresco, relevante e valioso para o público por um longo período de tempo, assim como as árvores perenes que mantêm suas folhas verdes durante todo o ano.
Em outras palavras, é um conteúdo atemporal.
Não está preso a uma data, tendência ou evento específico e sua utilidade não "expira". É continuamente relevante, pois responde a perguntas e necessidades que as pessoas terão hoje, no próximo ano e daqui a cinco anos. As pessoas sempre estarão procurando por aquele assunto em mecanismos de busca como o Google.
Exemplos práticos 
São a melhor forma de entender o conceito. "Como ferver um ovo": as pessoas sempre vão querer saber a respeito disso. "Como trocar um pneu furado": o método básico não muda. "Dicas para escrever um bom currículo": embora os formatos possam evoluir, os princípios fundamentais (clareza, objetividade) permanecem. "O que é a Teoria da Relatividade?": um conceito científico fundamental. Assim por diante.
Por que o conteúdo sempre verde é tão valioso?
É a "máquina de tráfego" de um blog. Um único "post evergreen" pode atrair visitantes todos os dias, durante anos, sem nenhum esforço adicional de divulgação. Os mecanismos de busca amam (e vasculham) o conteúdo sempre verde. Entendem que ele é perene e continuamente útil, o que pode ajudar a postagem a "rankear" bem nos resultados de pesquisa. E estabelecem autoridade. Conteúdos fundamentais e profundos posicionam você como uma referência no assunto.
Uma ressalva importante: a "podagem" 
Mesmo o conteúdo perene pode precisar de uma manutenção ocasional, um processo chamado de "atualização" ou "podagem". Essa atualização é geralmente muito mais rápida do que escrever um post a partir do zero e pode revitalizar o conteúdo para o Google, fazendo-o "rankear" novamente. 
Em resumo, o conteúdo duradouro é a espinha dorsal de um blog sustentável e bem-sucedido. São os pilares de conteúdo que garantem um tráfego consistente e estabelecem o grau de autoridade no longo prazo.

08 dezembro, 2025

Na Penitenciária Green Haven

Um dos crimes mais lembrados do século XX foi o assassinato do cantor John Lennon, morto por Mark David Chapman no dia 8 de dezembro de 1980. Chapman está em prisão perpétua desde então e, em uma audiência de liberdade condicional (a 14ª pela qual ele passou), o assassino falou sobre sua motivação para o crime.
Ele afirmou que teria cometido o crime para "ser alguém". Chapman contou que estava em um ponto muito baixo de sua vida naquela época e que encontrou "um propósito" no crime. Durante o depoimento, ele também se desculpou pelo sofrimento causado aos fãs e amigos do músico, mas o comitê não considerou suas palavras convincentes.
O pedido de liberdade condicional foi negado pelo comitê e Chapman segue cumprindo sua pena na Penitenciária Green Haven. Ele está com 70 anos.
Arquivo
O assassinato de John Lennon
A busca destrutiva da notoriedade

07 dezembro, 2025

Trapos e farrapos

(sinônimos que rimam)

Meu vício é você, de Adelino Moreira
c/ Nelson Gonçalves
Boneca de trapo, pedaço da vida / Que vive perdida no mundo a rolar / Pedaço de gente que inconsciente / Peca só por prazer e vive para pecar.
http://youtu.be/FhQBx2Y5VqM?si=_Ft9WJm3YpZIDIm0

Farrapo (1953), samba-canção de Paulo Borges
(mesmo autor de "Cabecinha no ombro")
Farrapo / Tua vida é um trapo / [...] / Farrapo / Tu que foste tão guapo.
http://youtu.be/svYtFt8uuvE?si=eW6t-7FMIkXMfQas

Trapo de gente, de Ary Barroso
c/ Roberto Luna
Saía comigo, bebia comigo / Depois se entregava a um amigo / Trapo de gente / Sem alma e sem coração.
http://youtu.be/SlOz9pTCMcg?si=M9QCm3MgQ5wlKjaf

Amor de trapo e farrapo, de Paulo Vanzolini
c/ Nelson Gonçalves
Amor de trapo e farrapo / Tudo errado mas tão gostoso / Que dá arrepio na espinha /Amor de galo de rinha.
http://youtu.be/VQ8lg4jIKCk?si=Vqu8ljeukGMQHIm_

Ponto de Maria Farrapo, de José Carlos Mello
c/ Juliana Passos
Quem foi que disse que meu trapo não é de lei / Trapo é trapo eu sou farrapo / Eu sou mulher de um grande rei
http://www.cifraclub.com.br/juliana-d-passos-e-a-macumbaria/ponto-de-maria-farrapo-trapo-de-lei/letra/

Maria Rosa, de Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves
c/ Paulinho da Viola
Vocês estão vendo aquela mulher de cabelos brancos / Vestindo farrapos, calçando tamancos / Pedindo nas portas pedaços de pão? / … / Os trapos de sua veste não é só necessidade / Cada um representa para ela uma saudade / De um vestido de baile ou de um presente, talvez / Que algum dos seus apaixonados lhe fez.
http://youtu.be/7yssgiJfN60?si=99ajniatuzrXfOCv

De conversa em conversa, de Lúcio Alves e Haroldo Barbosa
c/ Doris e Lúcio (vídeo)
Nosso viver não adianta / É melhor juntarmos nossos trapos / Arrume tudo que é seu / Que eu vou separando os meus farrapos.

06 dezembro, 2025

Coexistência ou contraste?

Esta ilustração mostra um pombo-correio com um ramo de oliveira no bico. Símbolo de paz e da esperança, ele está a voar em meio a uma formação de drones.


Coexistência ou contraste entre um elemento natural representativo da paz e a moderna tecnologia da guerra?

05 dezembro, 2025

Não é defeito beber

Décimas de autoria de um poeta popular desconhecido:

Bebe o chefe de polícia,
Particular, escondido,
Algum padre, por sabido
Bebe oculto a tal patrícia.
Também já tive notícia,
Ou por outra, ouvi dizer
(Foi tanto que pude crer
Um dito de certa gente)
Que bebe algum presidente.
Não é defeito beber.

No sítio bebe o major
Bebe em casa o coronel
O sargento e o furriel
Bebem no Estado Maior.
Quem quiser beber melhor
Vá na venda e mande encher,
Tome o que lhe parecer
Até matar o desejo.
Segundo o gosto que vejo,
Não é defeito beber.

Bebem os homens de estudo
Bebe o branco, o rico, o nobre
Bebe o negro, o cabra, o pobre
Bebe o cego, o mouco, o mudo
Os músicos bebem de tudo,
Sem em si nada temer:
De modo que pode haver
Alguém que não tenha falta:
Tudo sai nas rodas altas.
Não é defeito beber.

In: "Dicionário Folclórico da Cachaça"

04 dezembro, 2025

Prescrições culturais

Ir ao museu pode ser um remédio para combater o estresse e melhorar a qualidade de vida. Na Suíça, há médico dando prescrição para este tratamento (que não tem contra-indicação).

E melhor ainda: sai de graça. Se a pessoa tiver a receita nas mãos, o governo banca o ingresso.

Mesmo numa cidadezinha charmosa como NeuChâtel, em um país rico com a Suíça, os moradores podem precisar de "uma injeção de ânimo".

Como aconteceu com a paciente Benedict. A quem uma doutora local, em vez de lhe prescrever medicamentos, receitou-lhe umas visitas aos museus da cidade.

Arte faz bem a saúde, como concluiu um relatório da OMS publicado em 2019. Além de ajudar a distrair, minimizar os traumas e diminuir os declínios cognitivos, que o projeto ora descrito sirva de inspiração a outras cidades e países.


Apesar de sua população relativamente pequena (31 mil habitantes), Neuchâtel (antiga ilustração) tem vários e excelentes museus, especialmente o Latenium - um museu de arqueologia que retrata os tempos pré-históricos da região. Há, ainda, o "Homens" (museu etnográfico), um museu artístico e histórico, onde é possível ver um dos primeiros robôs feitos pelo homem, o "Jaquet-Droz" (datado de entre 1770 a 1774), o museu de História Natural e um teatro recente e muito ativo.

03 dezembro, 2025

Existe a combustão humana espontânea?

A combustão humana espontânea (CHE) é um fenômeno controverso e não comprovado cientificamente, no qual uma pessoa supostamente pega fogo sem uma fonte externa de ignição.
É quando o corpo de uma pessoa é encontrado queimado, enquanto o ambiente ao redor, e frequentemente as extremidades da pessoa, não estão queimadas. Dezenas, talvez centenas, de casos foram registrados durante os séculos XVII, XVIII e XIX, tanto que Charles Dickens incluiu o fenômeno em seu livro "Bleak House". Esses casos foram cobertos de forma sensacionalista na imprensa e frequentemente exagerados para causar impacto.
Casos famosos:
  • Mary Reeser (1951), uma idosa que foi encontrada carbonizada, com apenas um pé intacto, enquanto sua poltrona estava pouco queimada. Investigadores atribuíram ao caso o Efeito Pavio. Quando uma fonte de chama (como uma vela ou um cigarro) incinera a roupa e a gordura corporal da vítima.
  • Henry Thomas (1980), um homem que foi encontrado reduzido a cinzas em sua casa, mas o sofá onde estava quase não foi afetado.
Não é algo que o resto de nós deva temer. Nunca acontece em público e nunca no reino animal.
Apesar dos relatos históricos e dos casos misteriosos, a maioria dos cientistas e especialistas em medicina forense considera a explicação como resultado de causas naturais, embora incomuns.
Existem certas semelhanças nos casos documentados que dão aos cientistas uma pista. E o patologista forense Roger Byard disse que a combustão espontânea não acontece em animais porque "eles NÃO se enrolam em cobertores, bebem uísque e fumam".
Fontes: Neatorama e DeepSeek. Gravura: Phiz, 1853

02 dezembro, 2025

O tocador de triângulo

Por algum motivo não existe a função de tocador de triângulo na Orquestra Sinfônica das Bermudas.

Já no Nordeste brasileiro...

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01 dezembro, 2025

Batidas na porta

Um homem e sua esposa foram acordados às 3 da manhã por fortes batidas na porta. O homem se levanta e vai até a porta, onde um homem bêbado, parado sob a chuva torrencial, pede para ser empurrado.
"De jeito nenhum", diz o marido, "são 3 da manhã!"
Ele fecha a porta e volta para a cama.
"Quem era?" perguntou sua esposa.
"Só um cara bêbado pedindo um empurrãozinho", ele responde.
"Você o ajudou?" ela pergunta.
"Não. São 3 da manhã e está chovendo torrencialmente lá fora!"
"Bem, você tem memória curta", diz a esposa. "Não se lembra de uns três meses atrás, quando o carro quebrou e aqueles dois caras nos ajudaram? Acho que você deveria ajudá-lo, e deveria ter vergonha de si mesmo! Deus também ama os bêbados."
O homem retorna à chuva torrencial para fazer o que lhe foi dito.
Ele grita no escuro: "Olá, você ainda está aí?"
"Sim", responde ele.
"Você ainda precisa de um empurrão?", grita o marido.
"Sim, por favor!" vem a resposta da escuridão.
"Onde você está?" pergunta o marido.
"Aqui no balanço", respondeu o bêbado.

30 novembro, 2025

Estudante Cúmplice

Conta a história de uma adolescente nervosa que está no meio de um teste de direção quando se envolve em um assalto, com o vilão da história escolhendo o carro dela como veículo de fuga. Então, uma perseguição em alta velocidade se desenrola pelas ruas de uma cidade (que parece ser São Francisco).
Este curta de animação extremamente divertido, "Student Accomplice", foi criado por um grupo de estudantes da Universidade Brigham Young (BYU).
(https://www.kuriositas.com/2025/07/student-accomplice-driving-test.html)

29 novembro, 2025

A fina flor do abacaterol

Se usada de forma irônica, esta expressão pode sugerir o oposto do que é considerado "fino".

Mulher para o marido:
"Quando for às compras, compre meio litro de leite e, se tiver abacates, compre seis."
O homem retorna com seis litros de leite. E ela pergunta "por quê?".
"Eles tinham abacates", ele responde.

O abacate, quem diria?

28 novembro, 2025

Cadeias de sinônimos

Em 1988, percorrendo os sinônimos no dicionário universitário Merriam-Webster, A. Ross Eckler encontrou o caminho entre VERDADEIRO e FALSO:
VERDADEIRO, JUSTO, BONITO, ARTÍSTICO, ARTIFICIAL, SIMULADO, FALSO

Em seguida, por sinônimos diferentes, encontrou o caminho de volta:
FALSO, INCONSCIENTE, TOLO, SIMPLES, INCONDICIONAL, ABSOLUTO, POSITIVO, REAL, GENUÍNO, VERDADEIRO

Cada palavra de uma relação é supostamente sinônima daquela que a precede e daquela que a segue imediatamente. Mas as palavras das extremidades apresentam significados opostos. Websterian Synonym Chains.

27 novembro, 2025

Dipendra do Nepal

Ao nos reunirmos com a família para o banquete anual de Ação de Graças, alguns de nós ficamos apreensivos com as tensões entre os membros da família e a possibilidade de que algo venha a estragar a ocasião. Afinal, há razões pelas quais vivemos tão longe uns dos outros e não nos reunimos com mais frequência. 
Algumas famílias levaram essa tensão ao extremo.

Por exemplo, um homem chamado Dipendra (foto) foi a uma festa de família (em 2001) e matou o pai, a mãe, um irmão, uma irmã, além de seus tios e tias e um primo. 
Ele matou nove pessoas naquela noite. E tornou-se o rei do Nepal porque sua família era real. 
No entanto, Dipendra passou o tempo de reinado em coma (três dias), porque, no final do massacre, atirou também na própria cabeça.
(Não é tão fácil apontar uma submetralhadora MP5 para si mesmo.)
Um tio que sobreviveu às más avenças do sobrinho, então se tornou o último rei do país. É que ter uma monarquia no Nepal já não andava muito bem.

Fontes:

26 novembro, 2025

Quem é você na fila do pão?

A imagem da fila do pão (ou qualquer outra fila) é a de uma ordem, onde todos esperam a sua vez. Se alguém tenta passar à frente, significa que está ignorando essa ordem e os direitos dos outros.
Em alguns contextos, a pergunta pode ser usada para questionar se alguém realmente "merece" estar na posição em que está. Afinal, está comprando pão como todo mundo. Em outros contextos (de desigualdade social, econômica ou política), a pergunta pode também ser usada para criticar a forma como algumas pessoas se beneficiam de privilégios e oportunidades, enquanto outras são negligenciadas.


"Quem é você na fila do pão?" faz par com o emblemático "Você sabe com quem está falando?".

25 novembro, 2025

Maravilhoso monograma

Monograma é a sobreposição, agrupamento ou combinação de duas ou mais letras ou outros elementos gráficos para formar um símbolo. Monogramas frequentemente são construídos combinando as letras iniciais do nome de uma pessoa ou empresa e podem ser usados como símbolos ou logos.

C. W. Hooper, de Keswick, enviou esta criação ao "Strand" em agosto de 1901:
"Contém todas as letras do alfabeto, vinte e seis no total. Elas podem ser rastreadas com paciência. A letra N é a menor (no centro) e a única indistinta."

24 novembro, 2025

O último navio de guerra dos Papas

O Bispo de Roma tinha poder temporal significativo pelo menos desde o Papa Milcíades, uma tendência que geralmente se acelerou (com interrupções, bizantinas e outras) até que os domínios papais reuniram sua própria marinha para combater invasores muçulmanos em 849. Os papas mantiveram intermitentemente forças navais, além de exércitos, nos séculos seguintes.
A partir da década de 1840, a unificação gradual da Itália oprimiu os Estados Pontifícios e suas forças armadas. O último navio de guerra a servir na Marinha Pontifícia (Marina Pontifica) foi uma corveta a hélice construída pelos britânicos em 1859 e batizada de Immacolata Concezione. De acordo com um artigo de 1963 publicado nos Anais do Instituto Naval dos EUA, ela possuía 8 canhões de 18 libras e uma cabine muito confortável, construída com as viagens do Papa em mente. A tripulação de 46 pessoas, porém, tinha como principal missão proteger os direitos de pesca dos Estados Pontifícios.
Em 1870, o Reino da Itália invadiu os Estados Pontifícios e, digamos, convenceu o Papa Pio IX de que o poder temporal dos Bispos de Roma havia chegado ao fim. A Immacolata Concezione foi integrada à Marinha Real Italiana. Posteriormente, entrou em serviço na França. O destino exato da embarcação é incerto, mas foi definitivamente o último navio de guerra a navegar sob a bandeira papal.

23 novembro, 2025

Tenório Jr.

Francisco Cerqueira Tenório Jr., pianista e arranjador Nascido em Laranjeiras, Rio de Janeiro, em 4 de julho de 1941. Cursou (mas não concluiu) a Faculdade Nacional de Medicina, enquanto se dedicava paralelamente ao estudo do piano. Em março de 1964, gravou o LP “Embalo” de 11 faixas, dentre as quais 5 eram autorais. Tocando nas sessões do "Little Club", Tenorinho, como era conhecido na época, foi um dos nomes catapultados pelo "Beco das Garrafas" (verdadeiro laboratório de experimentações instrumentais) para se tornar, nos anos 1970, um dos profissionais mais requisitados pelos artistas brasileiros (Leny Andrade, Wanda Sá, Chico Buarque, Edu Lobo, Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Gal Costa, Joyce, entre outros). Na noite de 18 de março de 1976, quando acompanhava numa turnê os artistas Vinicius de Moraes e Toquinho, o pianista desapareceu misteriosamente em Buenos Aires. Tinha sido sequestrado por agentes da repressão daquele país com o aval do Estado brasileiro (Operação Condor). Durante muitos anos, sua história foi envolta em incerteza, até que, 49 anos depois, a Polícia Técnica da Argentina relacionou suas impressões digitais com as de alguém que foi executado naquele período. Esta descoberta trouxe um alívio para os familiares de Tenório, que, finalmente, souberam o que realmente aconteceu com ele. Apesar de não ter qualquer envolvimento com movimentos políticos, confundido com outra pessoa, Tenório foi sequestrado, supliciado e morto. Ao morrer, deixou quatro filhos e a esposa Carmen Cerqueira, então grávida de oito meses. Na época, ele tinha 35 anos, e a quinta criança nasceu um mês depois. Logo após o sumiço de Tenório Jr. o cineasta Rogério Lima produziu o curta-metragem de 16 mm, "Balada para Tenório", em que relata o desaparecimento de Tenório Jr. e entrevista seus familiares e amigos. Toquinho dedicou-lhe a música “Lembranças” e Elis, em 1979, dedicou à ausência de Tenório seu LP “Essa mulher”. Em 2023, o cineasta espanhol Fernando Trueba lançou uma animação em longa-metragem intitulada “Dispararon al pianista” (Atiraram no pianista). Em 1.º de outubro de 2025, foi realizado um evento no Teatro do BNDES, que contou com apresentações de Gil, Caetano, Joyce e de músicos considerados expoentes do samba-jazz para celebrar a memória de Tenório Jr.

“A memória, quando bem guardada, não desaparece." (Ruy Castro)
Brasil247.com

22 novembro, 2025

21 novembro, 2025

Uma pergunta fácil

Zeca está no programa "Show do Milhão". Já está na pergunta final, prestes a ganhar um milhão de reais, e tem direito a telefonar para um amigo.
A pergunta vem: "Qual é o pássaro que não faz ninho?"
A) um pardal
B) uma andorinha
C) um sabiá
D) um cuco
Zeca não sabe, então ele chama o amigo Juca.
Juca responde:
- Pôxa, Zeca, é um cuco - 100% de certeza!
Ele segue o conselho do amigo. A resposta está certa, e Zeca ganha um milhão de reais.
Depois, ele liga para Juca e pergunta:
- Com os diabos, como você sabia disso? Você não é um especialista em pássaros!
- Pô, Zeca, seu idiota! Todo o mundo sabe que ele vive dentro de um relógio, não é?

TudoPorEmail

"O homem que faz uma pergunta pode ser tolo por um minuto, mas o homem que não pergunta é tolo para a vida inteira."
~ Confúcio

20 novembro, 2025

O presidente negro do Brasil

Com a morte por pneumonia de Afonso Pena, o sexto presidente da República do Brasil, assumiu em 1909 o Executivo, então o vice: o político e advogado Nilo Peçanha (1867-1924).
De origem humilde, ele é considerado o primeiro e único presidente negro do Brasil.
Mas naquele início de século 20, com a preponderância de teorias racistas e uma ideia de embranquecimento da população, sua própria identidade racial se tornou objeto de controvérsia. "Rigorosamente, ele era um mestiço", define à BBC News Brasil o historiador Petrônio Domingues. Hoje, pelas categorias oficialmente utilizadas pelo IBGE, ele seria classificado como pardo.
Peçanha governou o país em um período profundamente marcado pelo racismo científico. Doutrinas como a frenologia e a eugenia ganhavam força no país, legitimando teorias que buscavam justificar a marginalização de pessoas negras e mestiças.
Na imprensa, era caricaturado em charges e anedotas que enfatizavam sua cor de pele de maneira depreciativa.
A conjuntura era do favorecimento da vinda de imigrantes estrangeiros para o Brasil, na ideia de que europeus brancos iriam, de certa forma, trazer o progresso para o Brasil. E de que a raça negra iria perdendo força, desaparecendo, a partir da miscigenação com a raça branca, também superior.
Nascido em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, teve uma infância pobre com seis irmãos em um sítio. A família se mudou para a cidade quando Peçanha chegou à idade escolar. Ele estudou Direito na Faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo, mas acabou concluindo o curso na Faculdade do Recife.
Seu casamento chocou a sociedade da época: a noiva, Ana de Castro Belisário, a Anita, era de família rica de Campos dos Goytacazes, neta de um visconde e bisneta de dois barões. Anita chegou a fugir de casa para concretizar a união, um escândalo social que refletia as barreiras impostas pelas estruturas raciais e de classe da época.
Questões pessoais à parte, Peçanha trilhava uma sólida carreira política. Em 1890, reconhecido por seu engajamento nas lutas abolicionista e republicana, foi eleito para a Assembleia Constituinte que redigiu a primeira Carta Magna da República.
Foi deputado até 1902. No ano seguinte, tornou-se presidente do Rio de Janeiro — cargo equivalente ao atual governador. Em 1906 foi eleito vice-presidente da República. Apesar de circular em meios políticos dominados por brancos, parte da opinião pública o questionava, associando o fato de ele ser negro a eventuais dificuldades em sua capacidade de conduzir o país.
Museu da República
Paradoxalmente, quando Peçanha alcançou destaque na política nacional, a elite brasileira, alinhada com os ideais de branqueamento, tentou "corrigir" sua imagem. Fotografias oficiais e retratos eram manipulados para clarear sua pele e aproximá-lo dos padrões eurocêntricos, numa tentativa de apagar qualquer traço de diversidade racial em figuras públicas de prestígio.
Em sua passagem pelo Palácio do Catete, deixou duas marcas importantes. Foi ele quem criou o Serviço de Proteção aos Índios, órgão que antecedeu a atual Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). E também quem fundou a Escola de Aprendizes Artífices, que é considerada a precursora do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet). E por causa disso em 2011 ele foi homenageado com uma lei federal que o tornou o patrono da educação profissional e tecnológica no Brasil.
Nilo Peçanha morreu em 1924, vítima de um problema cardíaco causado pela doença de Chagas. Há dois municípios brasileiros que o homenageiam com o nome: Nilo Peçanha, na Bahia, e Nilópolis, na região metropolitana do Rio.
Extraído de: VEIGA, Edison. Quem foi o 1.º e único presidente negro do Brasil. In: BBC News Brasil

19 novembro, 2025

Ilhas de guano (2)

(Jens Otte/Getty Images)

Excrementos de pássaros, como os que adornam estas rochas ao longo da costa do Peru, têm sido historicamente uma mercadoria muito procurada. A demanda europeia e americana pelo guano peruano, rico em nitrogênio — um fertilizante natural — disparou em meados do século XIX. À medida que a oferta peruana diminuía, os Estados Unidos reivindicaram a propriedade de cerca de 100 ilhas de "guano" (10 das quais permanecem sob a propriedade do país até hoje).
A posse dessas ilhas pelos EUA tornou-se oficial em julho de 1856, com a aprovação pelo Congresso da Lei das Ilhas de Guano. Essa lei concedeu ao país "permissão" para reivindicar soberania sobre qualquer território supostamente desabitado ou não reivindicado, a fim de garantir acesso ao guano, um fertilizante valioso para as plantações de tabaco, algodão e trigo americanas.

http://www.sciencenews.org/article/us-empire-built-bird-dung, por Sujata Gupta😄

18 novembro, 2025

Vá plantar batatas!...

Um sujeito enfezado me mandou: fui.

A batata - doce, gorda e morena - parecia um pequeno gênio da garrafa: cabeça miúda, umas dobrinhas e aquele barrigão cheio de vontade de viver.

O método é prosaico. Pegue uma sacola de supermercado, molhe-a bem por dentro até pingar e coloque ali sua batata, também úmida, como quem pretende jogá-la na lixeira. Dê um nó firme - para não tentar fugir da nobre missão feminina. Depois, esqueça-a no escuro de uma gaveta por quinze dias: um repouso merecido, desses que o mundo não dá.

Então, quando se lembrar de desfazer o nó, verá brotos por todos os lados, ávidos por luz e terra. Corra com eles, os pequenos famintos de chão, para um pedaço de terra fofo: querem fincar raízes no mundo.

Não me pergunte o resto. Só sei que, passados uns quatro meses, sua batata voltará multiplicada.

E aí me pergunto: se a vida resiste e brota de otimismo até dentro de uma sacola esquecida, como é possível ainda haver fome - e tristeza - neste mundo?

Pós-escrito:

Paulo, o texto não é tutorial. Metáforas e alegorias.

Nelson José Cunha

17 novembro, 2025

Os alienígenas do mar

Ctenóforos, também conhecidos pelos nomes comuns de carambolas-do-mar ou águas-vivas-de-pente, são um filo de animais marinhos com distribuição natural cosmopolita nas águas oceânicas. Algumas de suas espécies mostram-se bioluminescentes. São superficialmente semelhantes às medusas por sua morfologia globosa, presença de uma mesogleia gelatinosa e pela transparência das suas membranas, embora estas semelhanças com as medusas representem mais uma convergência evolutiva do que um relacionamento filogenético próximo aos cnidários.
São algumas das criaturas mais estranhas da Terra. "Elas são os alienígenas do mar", disse Leonid Moroz, um neurocientista do Whitney Laboratory for Marine Bioscience em St. Augustine, Flórida.
Os ctenóforos pertencem ao ramo mais antigo da árvore genealógica animal. Eles se separaram dos ancestrais de todos os outros animais vivos há cerca de 700 milhões de anos e viajaram por seu próprio caminho evolutivo estranho desde então.
Um estudo publicado deixa claro que os cientistas mal começaram a entender a biologia bizarra destas criaturas. Pesquisadores descobriram que um par de águas-vivas-de-pente não relacionadas pode se fundir espontaneamente em um único corpo. Essa habilidade surpreendente não está apenas levantando mais perguntas sobre esses animais antigos, mas também dando pistas sobre a evolução do nosso próprio sistema imunológico.


"Isso abre uma caixa de Pandora — uma boa caixa de Pandora", disse o Dr. Moroz, que não estava envolvido na pesquisa.

Extraído de: When Two Sea Aliens Become One. in: The New York Times

16 novembro, 2025

Qual foi a primeira música brasileira gravada?

Este marco é envolto em mistério e disputa entre registros históricos incompletos, limitações técnicas da época e poucas gravações sobreviventes, segundo informa Penélope Nogueira. Ainda asim, entre as canções mais antigas e conhecidas, destaca-se o lundu "Isto é bom", escrita por Xisto Bahia e interpretada pelo baiano Manoel Pedro dos Santos para a casa Edison, a primeira gravadora do Brasil.
(Não confundir com o título de primeiro samba gravado no Brasil, que foi "Pelo Telefone", de Donga e Mauro de Almeida, gravado em 1916 e lançado no ano seguinte.)
Xisto Bahia, nome artístico de Francisco Xavier da Silva, escreveu "Isto é bom" em algum momento antes de seus vinte anos de idade, mas a canção só seria gravada em 1902, quase dez anos após sua morte.
A letra da canção é composta de sete estrofes. Confira uma delas:
"Os padres gostam de moças / E os doutores também / Eu como rapaz solteiro / Gosto mais do que ninguém."
E as estrofes eram intercaladas por este refrão:
"Isto é bom, isto é bom, isto é bom que dói." (bis)

Diferentemente de como são feitos atualmente, os registros eram feitos de forma mecânica, diretamente em cilindros de cera ou discos rudimentares, e o somera captado por grandes bocais sem uso de eletricidade, o que tornava a qualidade sonora bastante limitada.

15 novembro, 2025

A história de Benedictus

No início dos anos 1900, um químico francês (também artista e decorador), Edouard Benedictus, sofre um acidente banal no laboratório: ele deixa cair um frasco. Só que, dessa vez, ele não se estilhaça. Os pedaços de vidro permanecem grudados, como um mosaico. Intrigado, Benedictus se aprofunda e percebe que havia um colódio dentro do frasco, que, uma vez evaporado, havia se depositado na superfície do vidro como uma película e estava mantendo os pedaços de vidro juntos. Ele havia inventado, sem saber, o vidro inquebrável (laminado). Mas ele o colocou dentro de um armário e só o recuperou mais tarde, quando o mercado de automóveis criou o problema para o qual ele já havia encontrado a resposta — como se a invenção fosse a mãe da necessidade, e não o contrário.
Tais momentos de serendipidade revelam a natureza imprevisível da inovação. No entanto, mesmo em casos onde o acaso desempenha um papel, como na história de Benedictus, a questão mais ampla permanece: tais descobertas realmente nasceram da sorte, ou estavam de alguma forma "no ar", esperando que a pessoa certa as aproveitasse?

A descoberta é inevitável ou acidental? In: Nautilus

14 novembro, 2025

O Agente Secreto

Filme brasileiro de 2025 (realizado com o apoio da Ancine e de instituições financeiras da França, Holanda e Alemanha)
Mescla de gêneros (suspense, espionagem, terror)
Duração: 2 h 41 min
Roteiro e direção: Kleber Mendonça Filho (diretor de AQUARIUS e BACURAU)
Sinopse: Ambientado no Recife em 1977, durante o período da ditadura civil-militar no Brasil, "O Agente Secreto" acompanha a trajetória de Marcelo (Wagner Moura), um professor universitário e especialista em tecnologia que retorna à sua cidade natal, após anos de afastamento e fugindo de um passado misterioso e violento em São Paulo, possivelmente ligado a um conflito com um poderoso industrial e a uma patente ou invenção.
Com a vida em perigo e sob constante ameaça e vigilância, Marcelo busca encontrar um pouco de paz, proteger seu filho pequeno, Fernando, que vive com os avós maternos (o avô é projecionista no icônico Cinema São Luiz, de Recife), e, eventualmente, deixar o país com o filho (também interpretado na vida adulta por Wagner Moura). Para seus planos, ele encontra refúgio em uma casa segura com outros dissidentes e figuras marginalizadas, além da figura maternal de Dona Sebastiana (Tânia Maria).
Ao tentar se reaproximar da família e do cotidiano, ele percebe que a cidade está sob intensa vigilância e a corrupção do regime militar que ainda controla e persegue opositores. E Marcelo acaba envolvido em uma rede de espionagem e conspirações, enfrentando dilemas morais e pessoais enquanto luta para proteger a si, aqueles que ama e desvendar o próprio passado.
A narrativa explora temas como repressão política, corrupção policial, memórias interrompidas, poder empresarial, identidade, manipulação da verdade e resistência. O filme traça um retrato crítico e sensível da sociedade brasileira durante uma de suas fases mais difíceis, misturando suspense, drama e elementos de thriller, conduzidos pela direção criativa de Kleber Mendonça Filho, que reforça seu estilo de crítica social e política, com toques do imaginário popular (lenda da "perna cabeluda") e referências cinematográficas ("Tubarão", de Spielberg).

13 novembro, 2025

O espírito de gentileza

"...poderia salvar o mundo. O que nos falta é isto: espírito de gentileza." (Érico Veríssimo)

Não confunda com:

De pai para filho
Érico Veríssimo é um dos escritores mais importantes e influentes da literatura brasileira. Nascido em 1905, no município gaúcho de Cruz Alta, ele sempre teve interesse pelo universo das letras, tendo criado sua primeira revista com apenas 10 anos de idade. Publicou seu primeiro romance, "Clarissa", aos 28 anos, e a partir daí teve uma bem-sucedida carreira tanto como escritor como tradutor, e até criou sua própria editora. Quando aluno do ciclo colegial, li com indescritível prazer cerca de vinte livros de sua autoria, inclusive o monumental "O Tempo e o Vento", que se compõe de sete volumes. Eram-me emprestados, um a um, pelo colega José Ernesto Moura de Oliveira, que tinha a coleção completa das obras do escritor. Adiante, passei a ler os bem-humorados escritos de Luís Fernando Veríssimo, filho do grande mestre das letras nacionais.

12 novembro, 2025

A parábola do fazendeiro chinês

Era uma vez um fazendeiro chinês cujo cavalo fugiu. Naquela noite, todos os seus vizinhos vieram para lamentar. Eles disseram: "Sentimos muito que seu cavalo tenha fugido. Isso é uma pena." O fazendeiro disse: "Talvez." No dia seguinte, o cavalo voltou trazendo sete cavalos selvagens com ele, e à noite todos voltaram e disseram: "Oh, que sorte! Que grande reviravolta. Agora você tem oito cavalos!" O fazendeiro disse novamente: "Talvez." No dia seguinte, seu filho tentou domar um dos cavalos e, enquanto cavalgava, foi jogado e quebrou a perna. Os vizinhos então disseram: "Oh, céus, que pena!", e o fazendeiro respondeu: "Talvez." No dia seguinte, os oficiais de recrutamento vieram para recrutar pessoas para o exército, e rejeitaram seu filho porque ele tinha uma perna quebrada. Novamente todos os vizinhos vieram e disseram: "Isso não é ótimo?" Novamente, ele disse: "Talvez."

"O fazendeiro se absteve firmemente de pensar nas coisas em termos de ganho ou perda, vantagem ou desvantagem, porque nunca se sabe... Na verdade, nunca sabemos realmente se um evento é sorte ou infortúnio, só conhecemos nossas reações em constante mudança a eventos em constante mudança." ~ Alan Watts (1915 - 1973), filósofo e escritor britânico.

11 novembro, 2025

Envelhecer juntos é bom por isso

transporte de bobinas de aço

Conchita, Diego, Henrique e eu - o motorista - voltávamos de um sítio em Brumadinho.
Faltando apenas seis quilômetros para Monlevade, uma carreta carregada com bobinas de aço (como as da imagem acima) veio em sentido contrário, virou na curva e lançou as bobinas na direção destes Cunhas.
Algumas rolaram ribanceira abaixo, mas uma delas - com o codinome sai-da-frente - resolveu seguir firme para o destinatário em São Paulo. Veio com boa pontaria na nossa direção, enquanto eu freiava para escapar do impacto. (A D20 era nova...)
A bobina, porém, não teve dó, nem respeito, nem nada: continuou rolando, implacável.
Conchita gritou:
-Vai bater!
Se batesse, viraríamos papel de jornal em tintas vermelhas.
Sem alternativa, virei o volante para o barranco - e caímos, confiados de que quatro anjos da guarda e oito asas seriam suficientes.
Que nada! Estavam socorrendo outros - afinal, a BR-381 é conhecida como rodovia da morte.
Os dois meninos nada sofreram; estavam no banco de trás. As portas não abriram com o capotamento. Conchita, ao final da queda, teve escoriações leves, e eu quebrei o mais improvável dos ossos: o dedo médio - justamente aquele que mostramos “a quem nos tem ofendido”.
O coitado estava agarrado ao volante, mas ainda assim se partiu.
Nos meus mais escusos pensamentos, confesso que imaginei: será que, no meio do reboliço, não estiquei a mão pra fora com o dedo em riste?
Enfim, salvaram-se todos - exceto um revólver que fora de meu pai.
Deve ter sido encontrado por algum amigo disposto a vingar o motorista da carreta; por essas bandas, a vingança ainda é costume - e, graças a Deus, tenho ótimos amigos.
Perdi também um microscópio cirúrgico, que a esta altura deve estar servindo para operar cataratas em algum lugar.
A camionete, que Deus a tenha em boa garagem no Céu, teve a piedade de se amassar toda para nos deixar quase inteiros.
Assim, tivemos a sorte de não morrer jovens, para sentir as dores da velhice - essas são teimosas e aparecidas.
Todo dia uma delas me acorda com uma fisgada: ora na perna, ora no braço, ora na testa.
Só não dói o ovário - mas a Conchita sente alguma fisgada por lá.
Envelhecer em casal é bom por isso.
Nelson José Cunha

10 novembro, 2025

A Teoria da Relatividade Especial é tipo um "Manual de Instrução do Universo"?

A Teoria da Relatividade Especial de Einstein (1905) não é exatamente um "Manual de Instrução do Universo", mas é uma das ferramentas mais poderosas que temos para entender como o cosmos funciona em altas velocidades e na ausência de intensa gravidade.

Por que ela é tão importante?
  • Revolucionou conceitos básicos como espaço, tempo, massa e energia.
  • Unificou eletromagnetismo e mecânica sob novas regras.
  • Mostrou que tempo e espaço são relativos (dependem do observador).
  • Introduziu a famosa equação E = mc2, que relaciona massa e energia.
Mas... é um "manual completo"?
Não exatamente, porque:
  • Ela não explica gravidade (a Relatividade Geral faz isso).
  • Não incorpora a mecânica quântica (o mundo das partículas subatômicas).
  • O Universo tem outros "manuais" (como a Termodinâmica, a Física Quântica etc.).
Então, seria mais como...
Um "Capítulo Essencial do Manual" — um que mudou para sempre nossa visão da realidade. Se você quer entender como o Universo funciona em altas velocidades (próximo da luz), essa teoria é fundamental.

Um exemplo bizarro dela em ação?
Se você viajar quase à velocidade da luz, o tempo passa mais devagar para você do que para quem ficou na Terra (dilatação temporal).

Outros manuais de instrução: LINKS
- do maiô
- da pedra de estimação
- da torradeira
- da ordenhadeira
- da motosserra

09 novembro, 2025

O violão de 7 cordas

Nada me fará sofrer / Pois trago junto ao coração / O bojo do meu violão cantando / Nada me dá mais prazer / Nem mesmo uma grande paixão / Que o som das sete cordas / Do meu violão tocando.

A História do violão de 7 cordas começou com o violonista e compositor francês Napoleon Coste (1805 – 1883).
Napoleon Coste, em conjunto com o luthier René Lacote, projetaram um modelo de violão que tinha uma corda suplementar, denominado de "heptacorde". Essa 7ª corda não passava pelo braço do instrumento e, assim, não podia ser pressionada pelos dedos da mão esquerda.
Essa 7ª corda era afinada conforme a tonalidade da peça a ser executada. Podia então ter a afinação em Dó, Ré, Si etc. Veja um dos modelos da época na figura abaixo.
Na Rússia, do final do século XIX e começo do século XX, o violão de 7 cordas era bastante usado, na música popular e cigana. E, com a 7ª corda incorporada à escala do instrumento, o tal violão já tinha muito a ver com o instrumento que conhecemos hoje. 
No violão de 7 cordas, a afinação atualmente mais frequente para a sétima corda é C1 (Dó grave). Esta afinação é especialmente comum no choro, no samba e em outros estilos da música brasileira, onde a corda extra proporciona uma região grave mais ampla, permitindo linhas de baixo mais ricas.
Afinação padrão do violão 7 cordas (mais comum):
1ª corda – E4 (Mi agudo)
2ª corda – B3 (Si)
3ª corda – G3 (Sol)
4ª corda – D3 (Ré)
5ª corda – A2 (Lá)
6ª corda – E2 (Mi grave)
7ª corda – C2 (Dó grave)
Variações ocasionais:
  • Em alguns contextos (como no jazz ou na música clássica), a sétima corda pode ser afinada em B1 (Si grave) para manter um intervalo de terça em relação à sexta corda (E2).
  • No rock/metal, alguns guitarristas usam afinações mais graves (como B1 ou até A1), mas isso é menos comum no violão de 7 cordas tradicional.
Se você quer mergulhar no universo do 7 cordas, comece por Horondino Silva () e Raphael Rabello () – são a base! Depois, explore Yamandu Costa para uma abordagem mais contemporânea. E outros como Paulão, Igor Souza e Lia Meyer Ferreira, do "Choro das 3".
No Ceará: Expedito (), Pedro Ventura (), Ribamar e Márcio Ramalho.
Neste vídeo, o 7 Cordas Raphael Rabello acompanha Amélia Rabello na valsa "Sete Cordas". Esta canção é dele (Raphael a compôs aos 14 anos) e de Paulo César Pinheiro (que assina cerca de 2 mil letras).
http://youtu.be/gqqZPxta4Vk?si=_OV8DF83SImPleNt

08 novembro, 2025

Não se deve engolir pilhas

Uma das coisas interessantes sobre eletricidade é que há mais carga em uma bateria tipo botão do que em um raio.
@lcamtuf@infosec.exchange na Mastodon jura que isso é verdade.
Um ampère é o fluxo de um coulomb (~6 quintilhões de elétrons) por segundo. Uma bateria CR2032 típica contém cerca de 200 mAh. Simplificando um pouco, isso significa que ela pode fornecer 1 mA por 200 horas. Uma hora equivale a 3.600 segundos, o que equivale a 720 coulombs.
Um raio típico é frequentemente estimado em 15 coulombs.
De qualquer forma, acho que é por isso que não se deve engolir pilhas.

07 novembro, 2025

Lô Borges (1952 - 2025)

Salomão Borges Filho, mais conhecido por Lô Borges, nasceu em 10 de janeiro de 1952, em Belo Horizonte, e tinha dez irmãos numa família com fortes vínculos musicais. Ainda adolescente, nos anos 1960, passava a maior parte do tempo no bairro de Santa Tereza, com os amigos, tocando violão em rodas que privilegiavam a bossa nova e o repertório dos Beatles.
Essa relação evoluiu para a formação do Clube da Esquina - a MPB de Minas Gerais.
No time, além de Lô, estavam seu irmão Márcio Borges, ao lado de Fernando Brant e Ronaldo Bastos, que eram os letristas da turma, os compositores Beto Guedes, Flávio Venturini e Tavito, o guitarrista Toninho Horta, o pianista e arranjador Wagner Tiso e o baixista Novelli. À frente do grupo, Milton Nascimento, que já gravava discos individuais e alcançara o sucesso nacional com a canção "Travessia".

Vídeo: Lô Borges em "Um café lá em casa", do violonista Nelson Faria

O artista morreu em Belo Horizonte, no último domingo (2), aos 73 anos, por falência múltipla de órgãos em decorrência de uma intoxicação medicamentosa.
Da obra de Lô Borges: 
"Feira moderna" (c/ Beto Guedes e Fernando Brant), "O trem azul" (c/ Fernando Brant), "Para Lennon e McCartney" (Márcio Borges e Fernando Brant), "Paisagem na janela" (c/ Fernando Brant) e "Quem sabe isso quer dizer amor" (c/ Márcio Borges), entre outras canções.

06 novembro, 2025

Jabuticaba, sua diversidade

Esta pérola mais brasileira do que todos nós - não é só a pretinha abundante que nasce, tem vida breve e morre sem viajar, tamanho o amor que dedica ao próprio tronco. Orgulhosa, não inveja a uva; não admite a humilhação de ser pisada.
Tem outras roupas para se vestir: a rajada, rara e cobiçada; a bordô (ou ponheca), de poucas sementes; e a verde, que amadurece verde - todas unidas pelo mesmo veneno que as torna irresistíveis: o veneno da doçura.
Até o pé é generoso e não se quebra com a escalada da freguesia. Tenho várias no meu quintal adolescente e me submeto a seus caprichos, pois ela gosta de se fazer esperar.
Os impacientes que comam melancias.
Nelson José Cunha

05 novembro, 2025

Discurso de Mamdani para aterrorizar um déspota

— Donald Trump, como eu sei que você está assistindo, tenho quatro palavras para você: "Turn the volume up" ["Aumente o volume", em inglês].
— Nova Iorque vai continuar sendo uma cidade de imigrantes. Uma cidade construída por imigrantes, impulsionada por imigrantes, e, assim como nesta noite, liderada por imigrantes.
— Então ouça, presidente Trump, quando eu digo: Para chegar a qualquer um de nós, você terá que passar por todos nós.
— Se alguém pode mostrar a uma nação traída por você como derrotá-lo é a cidade que o viu nascer.
— Neste momento de escuridão política, Nova Yorque será a luz.
N. do E.
Mamdani é jovem, muçulmano, socialista e nascido em Uganda de pais indianos. Vai governar Nova Iorque.

Deserto de Danakil, Etiópia

Conhecido também como Depressão de Danakil, este deserto é um dos concorrentes ao título de destino mais quente do globo, com temperaturas médias de aproximadamente 35 °C e ventos locais carregados de areia. Além do sol escaldante, a região recebe apenas de 100 a 200 milímetros de chuva por ano.
Vive por lá o grupo étnico dos povos cuchíticos, que supostamente descendem de Cam, filho de Noé. As mulheres dessas tribos nômades percorrem descalças até 20 quilômetros por dia, para apanhar lenha e buscar água. Todos os dias!


Agora, você certamente sabe por que o chamam de "depressão"?
Brincadeiras à parte, a verdadeira razão para a formação desta depressão é por ser a área onde três placas tectônicas se encontram. Além disso, a área está abaixo do nível do mar. Se a Holanda está apenas cerca de 6,7 metros abaixo do nível do mar, o deserto etíope chega a estar 118,3 metros abaixo da Holanda.
Neste deserto, você também pode encontrar lagos de lava, areias movediças, escorpiões e micróbios "extremófilos" (seja lá o que estes últimos signifiquem).
(https://www.ermamuseum.org/top-5-risky-destinations-around-the-globe.html)

04 novembro, 2025

Reclamação




Encontra-se no Museu Britânico esta placa de reclamação que foi descoberta na cidade suméria de Ur. É uma tábua de argila destinada a um comerciante de cobre de nome Ea-nasir, a qual foi enviada por um cliente chamado Nanni. Escrita em cuneiforme acadiano, ela é considerada a reclamação escrita mais antiga já descoberta.
Foi reconhecida pelo Guinness World Records como a "Reclamação de Cliente Mais Antiga" e tornou-se um meme da Internet devido à natureza anacrônica que ela apresenta.
Wiki

03 novembro, 2025

Genealogia cósmica

O que fez de você você
Cada um de nós é uma constelação casual de elementos forjados em estrelas mortas há muito tempo reunidas pela gravidade, que pode ser a outra palavra para Deus — a mais fraca das quatro forças fundamentais, mas o grande compactador cósmico que fez os primeiros átomos se unirem em um centro comum para formar a primeira estrela: uma imensa bola de gás, no centro da qual havia uma esfera de hidrogênio que eventualmente atingiu pressões de milhões de atmosferas e aqueceu até milhões de graus. Essas condições extremas desencadearam um novo fenômeno no cosmos — as primeiras reações de fusão nuclear : quando dois átomos de hidrogênio colidem com imensa força, nêutrons são transferidos de um núcleo para o outro, tornando alguns átomos maiores. Após uma série dessas colisões, um núcleo com dois prótons se forma e o segundo elemento — hélio — nasce. À medida que a estrela se inflama, iluminando a escuridão austera do espaço-tempo puro ao seu redor, ela continua queimando seu hidrogênio para produzir mais hélio. A fusão acelera, forjando carbono, depois neônio, depois oxigênio e assim por diante na tabela periódica, transformando a estrela em uma espécie de cebola com camadas de reações de fusão.
A maioria dos primeiros vinte e seis elementos da tabela periódica — os elementos que compõem quase tudo o que podemos tocar e ver — foram criados pela fusão nuclear em estrelas individuais. Se você pudesse marcar qualquer átomo individual em seu corpo e segui-lo para trás no tempo, por toda a outra matéria que ele compôs antes de se tornar seu — o corpo de sua mãe, a comida que sua mãe comeu, o solo em que essa comida cresceu, os estratos geológicos moídos pelos oceanos para fazer esse solo — você poderia rastreá-lo até o núcleo de uma estrela específica que viveu e morreu bilhões de anos atrás: um átomo real que agora está em você, tendo prevalecido sobre as infinitas probabilidades pelas quais ele poderia ter acabado em outra pessoa.
A essa máquina de acaso de Rube Goldberg (*) você deve toda a sua particularidade — altere qualquer parte dessa genealogia cósmica, e você teria acabado como outra pessoa.
Maria Popova, The Marginalian
N. do E.
O acaso é organizador mas precisa de tempo, muito tempo.

02 novembro, 2025

Máscaras

Máscara Negra, de Zé Kéti e Pereira Mattos
Com Augusto Martins e Marcel Powell
Na mesma máscara negra / Que esconde teu rosto / Eu quero matar a saudade.
http://youtu.be/FKBI8hvhpwo?si=Qc40qZ3_HYXdwq8o

Mascarada, de Zé Kéti e Elton Medeiros
Com Zé Renato
Na esperança de que / Tirasses esta máscara / Que sempre me fez mal / Mal que findou / Só depois do carnaval.
http://youtu.be/H6_0a6UrkD4?si=Bv85vO4q9-Bu21lZ

Pierrot, de Joubert de Carvalho e Pascoal Carlos Magno.
Com Silvio Cadas
Arranca a máscara da face, Pierrot / Para sorrir do amor que passou.
http://youtu.be/YV993Uaj6kI?si=3zLwS-EsHuKEa7lk

Baile de máscaras, de Guilherme Arantes (da trilha sonora da novela Espelho Mágico)
Com Guilherme Arantes
Num baile de máscaras qualquer / Colombina e Pierrô / Cansados de procurarem / Cada qual seu par / Se convidaram pra dançar.
http://www.facebook.com/guilhermearantesfaclube

Máscaras, rap de Delacruz
Delacruz ft. Sant e Tiago Mac
Agora eu quero ver você aparecer / A máscara caiu no final, baby / E fiz parecer que eu saí pra esparecer / E isso tudo é tão natural, baby
http://youtu.be/-HtO6t22xlA?si=BNp7FM3dQ0Vhy2qy

Noite dos Mascarados, de Chico Buarque
Com MPB4 e Quarteto em Cy (vídeo)
Hoje os dois mascarados procuram / Os seus namorados, perguntando assim: / Quem é você?

01 novembro, 2025

Pintores mais pesquisados

Em 2021, a loja britânica de materiais de arte Ken Bromley Art Supplies usou dados do Google para criar mapas que mostram quais são os pintores mais pesquisados (mais populares?) no mundo, em cada continente e em cada país.
No mundo:
#1 Leonardo da Vinci - 67 anos
#2 Frida Kahlo - 47 anos
#3 Van Gogh - 37 anos. Foi exceção.
#4 Artemisia Gentileschi - 60 anos
#5 Picasso - 91 anos
#6 Bansky - 51 anos
#7 Diego Velásquez - 61 anos
🎨
Um grande pintor somente fica famoso depois que morre?
É mito.
Tendo morrido aos 37 anos, Van Gogh foi exceção. Picasso, que morreu aos 91 anos, tornou-se célebre quando vivo.
E outros pintores famosos em vida e longevos foram: Goya - 82 anos, Michelangelo - 88 anos, Miró - 90 anos, Debret - 80 anos, Monet - 86 anos, Renoir - 78 anos, Botero - 91 anos, Hopper - 84 anos, Di Cavalcanti - 79 anos, Tarsila - 87 anos.

31 outubro, 2025

Escolhas

O tempo, o lugar, a cultura, a família, o corpo, o cérebro e a bioquímica, as pessoas que cruzam nosso caminho, os acidentes que nos acontecem — tudo isso, em consequência, ofusca a soma total de nossas escolhas. Ainda assim, nossas escolhas são os pontos de luz que tremeluzem contra a imensidão opaca do acaso para iluminar nossas vidas com significado, assim como as estrelas, todos os bilhões delas, compõem apenas 0,4% de um universo feito principalmente de energia escura e matéria escura, e, no entanto, essas mesmas estrelas esparsas criaram tudo o que conhecemos e somos.
~ Maria Popova

30 outubro, 2025

Uma historinha de caças e caçadores

O piloto soviético T. Kuznetsov sobreviveu à queda de seu caça Il-2 em 1942, quando este foi abatido em uma missão de reconhecimento. Kuznetsov conseguiu escapar dos destroços e se escondeu nas proximidades. Para sua surpresa, um Bf 109 alemão pousou perto do local do acidente e o piloto começou a vasculhar o Il-2 destruído em busca de "souvenirs". Pensando rápido, Kuznetsov correu até o caça alemão e o usou para voar para casa, escapando por pouco de ser abatido por caças soviéticos durante o  retorno.
Várias lições para a vida estão embutidas nessa historinha, que é real.

O Il-2 (foto), também conhecido como "tanque voador" ou "morte negra", foi um avião de assalto essencial para a Força Aérea Soviética na Segunda Guerra Mundial. A aeronave era projetada para ataques ao solo, com forte blindagem para proteger a tripulação e componentes críticos, como o motor e os tanques de combustível.

29 outubro, 2025

Que é "kerning"? (2)

Em tipografia, é a arte de espaçar letras para que as palavras fiquem visualmente equilibradas e fáceis de ler. É mais do que apenas um espaçamento consistente, porque as letras têm formatos diferentes e algumas devem estar mais perto da próxima letra do que outras. 
Neatorama
 

Kerning incorreto é, portanto, um texto com tanto espaço entre as letras de uma palavra que parece ser duas palavras, ou tão pouco espaço entre as letras que elas ficam juntas . Um problema comum de kerning é um "r" e um "n" juntos parecendo um "m".
"kerning" incorreto nos dá a palavra "keming", que é gloriosamente autoexplicativa.

28 outubro, 2025

Discussão com a mulher -12

"Meu pai ainda gosta de contar a história de uma discussão que ele teve com mamãe em 1971." 
"Como foi?" 
"Ele ganhou."
(Paulo Gurgel)

As mulheres podem se irritar por cinco coisas:
Por tudo 
Por nada
Porque sim
Porque não
Por acaso.
(Nelson Cunha)

27 outubro, 2025

JAGUAR

Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe (Rio de Janeiro - RJ, 1932). Caricaturista, ilustrador, desenhista, jornalista, cronista. Sua obra provocadora, hedonista e libertária é um importante exemplo da irreverência e da crítica política e social na história do jornalismo brasileiro.
Inicia a carreira em 1953, colaborando com a revista "Manchete", ao mesmo tempo que trabalha como funcionário do Banco do Brasil. Na página de humor da revista, publica suas primeiras charges em 1957. Jaguar pertence ao grupo de cartunistas que se destacam na década de 1950, influenciados pelo cartunista americano Saul Steinberg e pelo desenhista francês André François.
Em épocas diferentes, contribui com as "Revista da Semana" e "Revista Civilização Brasileira", com o semanário de humor "Pif-Paf" e os jornais cariocas "Tribuna da Imprensa" e "Última Hora". Em 1968, lança sua primeira antologia de cartuns "Átila, você é um bárbaro". 
Depois de 17 anos como escriturário, em 1971 abandona o trabalho no Banco do Brasil. No banco, conhece o também funcionário e escritor Sérgio Porto, que publica, com o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, vários textos ilustrados por Jaguar.
O ilustrador faz parte da geração de artistas que, a partir de 1964, se opõem à censura imposta pelo regime militar. É um dos fundadores da famosa "Banda de Ipanema", inaugurada no primeiro carnaval pós-golpe, em 1965. O bloco é responsável por ressuscitar os blocos de rua cariocas e congregar jornalistas, escritores, cineastas, atores, músicos, artistas plásticos e cartunistas.
Em 1969, ao lado de Millôr Fernandes, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Henfil, Paulo Francis, Ziraldo, entre outros, funda "O Pasquim", publicação na qual trabalha como editor de humor, cartunista, entrevistador e administrador. Conta-se que o semanário, cujo nome significa "jornal sem repercussão, sem importância, ou mal redigido", foi batizado por Jaguar, o único da equipe original a permanecer até o seu fim da publicação, em 1991. De suas mãos nasce o mascote do jornal, o ratinho Sigmund, ou Sig, uma referência ao psicólogo austríaco Sigmund Freud. Como alter-ego do cartunista, o personagem atua como mestre de cerimônias da revista: aparece na capa e na abertura das matérias que são a novidade da semana. Também de Jaguar são a tira Chopnics, criada em parceria com Ivan Lessa, a Anta de Tênis e o personagem Gastão, o Vomitador, que fazem bastante sucesso nas páginas do hebdomadário.
Por causa de uma de suas montagens satíricas, a quase totalidade da equipe do "O Pasquim" é presa por dois meses pelo regime militar, no final de 1970. A obra que serviu de estopim para a detenção reproduz o quadro de Pedro Américo, "Independência ou Morte", no qual a figura de Dom Pedro I é acompanhada da frase "Eu quero é mocotó!", extraída da música de Jorge Ben.
Em 1999 participa, ao lado de Ziraldo e de outros remanescentes de "O Pasquim", da criação da revista de humor "Bundas", uma sátiria da publicação "Caras". E seu último livro, "Confesso que bebi", de 2001, é um misto de guia de bares e restaurantes e histórias vividas ao lado de amigos, com crônicas sobre incursões gastronômicas pela cidade do Rio de Janeiro.
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural

Em charge publicado na Folha de SP, Jaguar foi profético:

26 outubro, 2025

Profissionalismo é isso aí!

Motorista de Praça, de Zé Keti
Não, não avance o sinal / Nem ande na contra-mão / Quem dorme no volante / Acorda no céu / Todo cuidado é pouco / Nesse trânsito louco.
http://www.letras.mus.br/marilia-medalha/motorista-de-praca/

Cortando pano (Alfaiate), de Luiz Gonzaga
LP "Xamego (1982)
Ai, ai, que vida ingrata o alfaiate tem / Quando ela erra estraga o pano todo / Quando ele acerta a roupa não convém.
http://youtu.be/sGruCXt_eYI?si=Mx_4QND8rzFZCZqS

Paraquedista, de José Leocádio
Choro-gafieira na versão do maestro Urbano Medeiros
http://blogdopg.blogspot.com/2014/05/saltando-aos-80.html

Confissões ao garçom
1. Neste mesmo lugar, de Armando Cavalcanti e Klecius Caldas
2. Bar da noite, de Bidu reis e Haroldo Barbosa
3. Garçom, de Reginaldo Rossi
http://blogdopg.blogspot.com/2020/02/confissoes-ao-garcom.html

Seu delegado
1. Pagando o pato, de Luiz Vieira
2. Juca, de Chico Buarque
3. Senhor delegado, de Ernani Silva (Jaú) e Antoninho Lopes
4. Estatutos da gafieira, de Billy Blanco
5. Falsa patroa, de Geraldo Jacques e Isaías de Freitas
6. Forró de Mané Vito, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas
http://blogdopg.blogspot.com/2020/02/seu-delegado.html

Sonho de Ícaro (Piloto), de Biafra
O músico, piloto acrobático e para-quedista Waldonys gravou clipe (link) na Academia da Força Aérea, "O Ninho das Águias", em Pirassununga - SP, ao lado dos "fumaceiros" (pilotos da Esquadrilha da Fumaça) com suas aeronaves Embraer T-27 Tucano.
Voar voar / Subir subir / Ir por onde for / Descer até o céu cair / Ou mudar de cor.
http://blogdopg.blogspot.com/2009/12/sonho-de-icaro.html

Aeromoça, de Billy Blanco
Intérprete: Dick Farney
Com essa flor a bordo / Eu concordo, então / Que é bobagem medo de avião.

25 outubro, 2025

Linguagem figurada

De pepinos minha vida está cheia
Cansei de pisar no tomate
Escorregar no quiabo
E depois - é batata! - ir chorar as pitangas
Agora quero mais é mamão com açúcar
E dar uma banana
Pros abacaxis que me aparecem.

24 outubro, 2025

A horta de tomates

Um homem idoso (que vivia sozinho em Nelson) queria plantar sua horta anual de tomates, mas era um trabalho muito difícil, pois o solo era duro. Seu único filho, Paul, que costumava ajudá-lo, estava na prisão. O velho escreveu uma carta ao filho e descreveu sua situação:
Caro Paul, estou me sentindo muito triste, porque parece que não vou conseguir plantar minha horta de tomates este ano. Estou velho demais para cavar um canteiro, porém sei que se você estivesse aqui meus problemas acabariam. Pois você ficaria feliz em cavar esse canteiro para mim, como antigamente. Com amor, pai.
Poucos dias depois, ele recebeu uma carta do filho.
Querido pai, não cave. É aí que os corpos estão enterrados. Com amor, Paul.
Na manhã do dia seguinte, oficiais da polícia local chegaram e escavaram toda a área sem encontrar nenhum corpo. Eles se desculparam com o velho e foram embora. 
No mesmo dia, o velho recebeu outra carta do filho.
Querido pai, vá em frente e plante os tomates agora. É o melhor que eu pude fazer sob as atuais circunstâncias.

P.S. Já foi aqui publicado em 11/05/2013 com o nome de "A estratégia para um jardim". Então, o senhor vivia em Cabrobó, plantava flores (em memória da esposa) e o filho (que não era tratado pelo nome) respondia por telegrama. Na natureza tudo se transforma.

23 outubro, 2025

Desenho minimalista

 O cantor e guitarrista Frank Zappa usou este desenho na capa de um álbum de 1982.

Chama-se "Navio Chegando Tarde Demais para Salvar uma Bruxa que se Afoga".

22 outubro, 2025

Café

Ribeiro Couto (*)

Sabor de antigamente, sabor de família.
Café que foi torrado em casa,
Que foi feito no fogão de casa, com lenha do mato de casa.

Café para as visitas de cerimônia,
Café para as visitas de intimidade,
Café para os desconhecidos, para os que pedem pousada,
para toda gente.

Café para de manhã, para de tardinha, para de noite,
Café para todas as horas do riso ou da pena,
Café para as mãos leais e os corações abertos.
Café da franqueza inefável,
Riqueza de todos os lares pobres,
Na luz hospitaleira do Brasil.

(*) Rui Esteves Ribeiro de Almeida Couto (Santos, 12 de março de 1898 — Paris, 30 de maio de 1963), mais conhecido simplesmente como Ribeiro Couto, foi um jornalista, magistrado, diplomata, poeta, contista e romancista brasileiro. Foi membro da Academia Brasileira de Letras desde 28 de março de 1934 (ocupando a vaga de Constâncio Alves na cadeira 26), até sua morte.

Título desta imagem de autoria de Tini Malina: Bruxas do café.

21 outubro, 2025

Porcelana erótica

Ao realizarem uma escavação no velho Convento de Santana, em Lisboa, foi encontrado um conjunto de peças de porcelana chinesa azul e branca do final da dinastia Ming (1368-1644). Entre as peças descobertas, algumas se destacavam pelas cenas eróticas que exibiam.

Se esta peça fosse apreendida, poderia valer ao possuidor ou possuidora uma severa punição, mas, no Convento de Santana, alguém considerou o risco aceitável em meados do século XVII.

http://www.nationalgeographic.pt/historia/pornografia-no-convento-santana_4613

20 outubro, 2025

Mudanças positivas

O inventor do domo geodésico falou uma vez sobre a melhor maneira de realizar mudanças positivas. Ele disse que raramente se muda algo lutando contra isso diretamente. Em vez disso, deve-se construir um novo sistema ou modelo que torne o modelo existente obsoleto.
Em 1995, Mike Vance e Diane Deacon publicaram "Think Out of the Box". O casal era consultor de negócios. Anteriormente, Vance havia trabalhado para The Walt Disney Company, onde fazia parte de uma equipe que trabalhava em ideias inovadoras para o parque temático Walt Disney World.
Vance entrevistou pensadores criativos para ajudar a desenvolver novos conceitos. Ele descreveu o encontro que teve com Buckminster Fuller em um pequeno motel de praia em Santa Monica. A entrevista deve ter ocorrido em 1983 (antes da morte de Fuller).
Bucky sentou-se em uma confortável poltrona reclinável, tomando chá pensativamente em sua xícara, enquanto conduzíamos uma entrevista inesquecível com uma das pessoas mais incomuns do mundo...
Ele falou calmamente:
"Você nunca muda nada lutando contra isso; você muda as coisas tornando-as obsoletas por meio de tecnologia superior. A Telstar substituiu 500 toneladas de cabo transoceânico. Costumava-se levar três anos para circunavegar o globo em uma nau com casco de madeira, três meses em um navio de aço, 90 minutos em uma cápsula espacial e, agora, é tudo instantaneamente com as telecomunicações."

19 outubro, 2025

"Estamos aí"

Samba bossa nova de Mauricio Einhorn, Durval Ferreira e Regina Werneck

Com os pianistas Gilson Peranzzetta e Wagner Tiso.

Em show que ocorreu em 05/09/2016, no Teatro Anchieta do Sesc Consolação.