"Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá. Fãs, esses sinceros, empunharão meus discos e entoarão 'Ovelha Negra', as TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia, e uma notinha no obituário de algumas revistas há de sair. Nas redes virtuais, alguns dirão: 'Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk'. Nenhum político se atreverá a comparecer a meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los. Enquanto isso, estarei eu, de alma presente no céu, tocando minha autoharp e cantando para Deus: 'Tank you Lord, finally sedated'.
Epitáfio: Nunca foi bom exemplo, mas era gente boa."
Nascida em 31 de dezembro de 1947, em São Paulo, Rita Lee Jones morreu nesta segunda-feira, dia 8. Reclusa nos últimos tempos, a artista recebeu o diagnóstico de câncer de pulmão em 2021, e desde então vinha fazendo tratamentos contra a doença. Seu nome despontou durante o tropicalismo com a banda "Os Mutantes", na década de 1960. Ao ser convidada por Gilberto Gil para acompanhá-lo na canção "Domingo no Parque", no 3º Festival de Música Popular Brasileira da Record. Com os arranjos do maestro Rogério Duprat, a apresentação de Rita Lee e banda marcou a introdução das guitarras na MPB. A quebra de fronteiras entre ritmos e influências, a partir de suas parcerias musicais com o marido Roberto de Carvalho, tornou-se central na consolidação de sua carreira solo (com 55 milhões de discos vendidos). Com ele, como escreveu na autobiografia, seu "rockinho radical virou rockarnaval, tango, bossa, pop, bolero e tal".
Arquivo
2007 Unidos pelo trocadilho
2018 Numa banheira
2021 A Terra com os anéis de Saturno, desculpe o auê
2023 João e Rita (a publicar)
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