Páginas

15 janeiro, 2023

Crioulo Doido e Nabucodonosor

Sérgio Marcus Rangel Porto (1923 - 1968), cronista, radialista e compositor.
Conhecido também pelo pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta. É o autor do famoso FEBEAPÁ ou Festival de Besteiras que Assola o País.
Em 1953, escreveu a "Pequena história do jazz". Em 1954, atuou como colaborador da "Revista de Música Popular", fundada por seu tio Lúcio Rangel e por Pérsio de Moraes.
Ainda em 1956, destacou-se em São Paulo ao participar, por 16 semanas na TV Tupi, do programa "O céu é o limite", respondendo perguntas sobre a música popular brasileira, tendo faturado o maior prêmio pago até então pelo programa: 300 mil cruzeiros.
Era grande admirador e pesquisador de música popular, possuindo uma discoteca avaliada em cerca de 30 mil discos entre 78 rpm e LPs.
Em 1965, Sérgio Porto passou a dedicar-se ao teatro de revista, tendo escrito entre outras "Pussy pussy cats", revista produzida por Carlos Manga, na qual apareceu o seu famoso Samba do crioulo doido. Gravado pelo Quarteto em Cy, em 1968, o samba fez grande sucesso, sendo inclusive apresentado em show do mesmo nome, que correu quase todo o país com cerca de 100 apresentações, e do qual ele próprio participava ao lado do Quarteto em Cy.
Fonte: Dicionário de Cravo Albin
Em 1973 o Quarteto em Cy gravou a marcha-rancho Nabucodonosor, também de Sérgio Porto. Gravada cinco anos após a morte do criador da família Ponte Preta (Tia Zulmira, Primo Altamirando, Rosamundo, Bonifácio, o Patriota...), que havia falecido em 1968, Nabucodonosor foi registrada em compacto simples Odeon S7B-630-A e figurou também na coletânea "Só sucessos" – volume 11. O site "O Caixote" (fora do ar) trazia a informação de que Nabucodonosor foi composta em homenagem a Rogéria e que seu título original era Marcha da Bicha Louca, que foi censurado.
Fontes: Luciano Hortêncio e Samuel Machado Filho.

Samba do crioulo doido
Foi em Diamantina
Onde nasceu JK
Que a Princesa Leopoldina
Arresolveu se casar
Mas Chica da Silva
Tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa
A se casar com Tiradentes
{Lá iá lá iá lá ia
O bode que deu vou te contar} bis
Joaquim José
Que também é
Da Silva Xavier
Queria ser dono do mundo
E se elegeu Pedro II
Das estradas de Minas
Seguiu pra São Paulo
E falou com Anchieta
O vigário dos índios
Aliou-se a Dom Pedro
E acabou com a falseta
Da união deles dois
Ficou resolvida a questão
{E foi proclamada a escravidão} bis
Assim se conta essa história
Que é dos dois a maior glória
Dona Leopoldina virou trem
E Dom Pedro é uma estação também
{Ô, ô , ô, ô, ô, ô
O trem tá atrasado ou já passou} bis
Nabucodonosor
Nunca mais quero sair fantasiado
Nunca mais quero brincar no carnaval
Nunca mais, ai, nunca mais serei vaiado
Naqueles bailes do Municipal

Foi no ano passado, eu me fantasiei, imaginem vocês
Fui pra lá carregado, todo enfeitado, com mil paetês
Com miçangas e vidrilhos, apliques, lantejoulas
Bordados eu tinha até mesmo nas minhas ceroulas

Quantas noites tive que ficar acordado
Quantas noites eu cheguei mesmo a passar mal
Quantas noites eu caprichei nos meus babados
Pra quase ir em cana no final

Começou o desfile, a fofoca comia em pleno salão
Sonho de Messalina, não sabe de quem, levou um bofetão
Esplendor Renascentista foi desclassificado
Aí deu um pulo pra cima e caiu desmaiado

Foi então que desisti de desfilar
Foi então que abandonei a passarela
Foi então que começaram a me estranhar
[E o povo já gritava prende ela] bis

Terminou o desfile eu só não chorei porque não sou mulher
E mesmo que fosse, eu nunca seria como uma qualquer
[Fui pra minha casa curtindo a minha dor
Rasgado e amassado de Nabucodonosor]
bis

Nenhum comentário:

Postar um comentário