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26 julho, 2020

Sérgio Ricardo (18/06/1932 - 23/07/2020)

Ícone da bossa nova e do Cinema novo, Sérgio Ricardo (nome artístico de João Lutfi) saiu de cena aos 88 anos, na manhã de anteontem, 23 de julho, na cidade do Rio de Janeiro. Deixou um importantíssimo legado para a música e o cinema brasileiros. "Junto com Geraldo Vandré e Carlos Lyra, Sérgio trouxe a bossa nova para olhar de perto a realidade brasileira", no expressar de Renato Terra.
É autor de "Zelão" (Todo morro entendeu quando Zelão chorou / Ninguém riu nem brincou / E era carnaval), "Enquanto a tristeza não vem" (Tristeza mora na favela / Às vezes, ela sai por aí), "O nosso olhar" (Viu / Quanta coisa linda / Você e eu sentimos) e "Folha de papel" (Olha só o que o vento faz com o papel / E traga a notícia que for), "Vidigal" (Não se brinca com o poder / Que o poder do povo é bem maior) e muitas outras composições.
Sua obra cinematográfica inclui a direção de cinco longa-metragens: "Esse mundo é meu" (1964), "Quatro contra o mundo" (1970, com outros três diretores), "Juliana do amor perdido" (1970), "A noite do espantalho" (1974) e "Bandeira de retalhos" (2018) e de vários curtas, além da trilha sonora que fez para o antológico filme "Deus e o diabo na terra do sol" (1964), de Glauber Rocha.
Cinema na Música (show completo).
Gravado no Teatro da UFF (RJ), em 2018, e depois apresentado em vários palcos do país. Neste espetáculo musical e visual, Sérgio dividiu as faixas com os filhos Marina Lutfi, Adriana Lutfi (vozes) e João Gurgel (voz e violão), acompanhados por Lui Coimbra (violoncelo), Marcelo Caldi (piano e acordeon), Alexandre Caldi (sopros), Diego Zangado (percussão) e Giordano Gasperin (baixo), e contou com a participação de Dori Caymmi, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e João Bosco. A gravação é resultado da parceria entre Cacumbu Produções, Biscoito Fino e Canal Brasil, que o transformou em especial de TV.


Sérgio Ricardo jamais mereceu o estigma de ser lembrado como o cantor intempestivo que, em 1967, quebrou o próprio violão no palco do III Festival de Música Popular Brasileira e arremessou o instrumento na plateia que o vaiava e o impedia de cantar o samba autoral "Beto bom de bola".

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