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04 fevereiro, 2020

Lacônicas - 4

A entrevista mais breve que já realizei foi com Renato Dulbecco, Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1975, por seu trabalho sobre oncovírus, que são vírus que podem causar câncer quando infectam células animais. Através de sua secretária, marcamos uma consulta. Quando cheguei a seu escritório, ele me conduziu para dentro, fechou a porta, sentou-se à sua mesa — e disse que não ia falar comigo. Assustado, mas respeitando-o, pelo menos por não ter imposto à sua secretária a tarefa da rejeição, eu disse algo sobre a importância de levar o trabalho científico para o público em geral. Dulbecco respondeu:
"Não fazemos ciência para o público em geral. Nós fazemos isso um para o outro. Bom dia".
(Agradeci a ele pela entrevista e saí, prometendo-me usá-la algum dia. Ele estava correto, é claro, embora incomumente sincero.)

— Horace Freeland Judson, The Sciences, novembro/dezembro de 1983. [Via FC]
"Eu não falo pouco. São os outros que falam muito."
— Luís Fernando Veríssimo, em entrevista a Drauzio Varella.

Da série "Lacônicas": 1, 2 e 3

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