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30 julho, 2021

Contenciosos entre o Brasil e a França

1595. O corsário Toussaint Gurgel, de mãe francesa da Alsácia e pai alemão da Baviera, chega a Cabo Frio, Rio de Janeiro, comandando algumas naus a fim de reforçar o contingente francês, que lutava desde Villegaignon no intento (não alcançado) de fundar no Brasil a França Antártica. Derrotado, preso e depois posto em liberdade (graças à magnanimidade do comandante Botafogo), Toussaint Gurgel integrou-se na vida da colônia e casou-se com Domingas Amaral, filha de portugueses, e desse consórcio resultaram as famílias Amaral Gurgel e Gurgel do Amaral.
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2010/09/origem-da-familia-gurgel-do-amaral.html

A tentativa seguinte do Reino Franco foi implantar a França Equinocial no Maranhão, em 1594. Por intermédio de navegadores franceses, que eram negociantes particulares contando com o apoio do rei francês Francisco I. Após muitas batalhas, os franceses foram expulsos definitivamente, em 1615. Os franceses, contudo, jamais desistiram de fixar uma colônia na América do Sul. Finalmente, conseguiram fazê-lo no território que hoje é a Guiana Francesa, com a fundação de Caiena em 1637.
http://www.todamateria.com.br/franca-equinocial/

É bom lembrar. Foi Palheta quem trouxe da Guiana Francesa as primeiras mudas de café para o Brasil, em 1727. A história é rocambolesca, envolve todo tipo de favores por parte da esposa do então governador de Caiena, apaixonada pelo fazendeiro do Pará. Vale a publicação de uma thread no Twitter.
http://blogdopg.blogspot.com/2021/07/a-semente-do-ouro-negro.html c/ vídeo

Para se vingar da invasão napoleônica de Portugal, D. João VI também comandou negócios de contrabando, em 1809. E há, segundo Luiz Antonio Simas, uma história curiosa nessa treta.
Na Guiana Francesa havia o horto La Gabriela, onde eram cultivados os mais variados tipos de especiarias. Dom Rodrigo de Souza Coutinho, que cuidava dos hortos brasileiros, determinou que fossem transportadas de Caiena para o Brasil mudas de diversas plantas.
Foi assim que chegaram ao Brasil mudas de cravo da índia, canela, fruta-pão, noz moscada, cana caiena (caiana), abacateiro etc. As mudas - de 82 espécies - foram fundamentais para o desenvolvimento do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
http://twitter.com/simas_luiz/status/1165663171522289664

A Guerra da Lagosta, como a imprensa da época jocosamente denominou, foi um contencioso entre os governos do Brasil e da França, que se desenvolveu entre 1961 e 1963. O episódio faz parte da História das Relações Internacionais do Brasil, e girou em torno da captura ilegal de lagostas, por parte de embarcações de pesca francesas, em águas territoriais no litoral da região Nordeste do Brasil.
Em 1961, o então presidente da república brasileira, Jânio da Silva Quadros, preparou um plano secreto que envolvia o governador nomeado Moura Cavalcanti, do Amapá, para a invasão e consequente anexação brasileira da Guiana Francesa. A operação chegou a entrar em fase de treinamento militar, mas foi abortada pela inesperada renúncia de Quadros.
Ainda ensejou que o novo governo brasileiro (João Goulart) tomasse uma atitude de persuasão naval, determinando o envio de navios da Marinha do Brasil ao local da crise a fim de demonstrar que o País estava disposto a defender seus direitos. Finalmente, o conflito de interesses foi resolvido no campo da diplomacia.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_da_Lagosta

No contencioso anterior com a França, vencemos com a experiência que havíamos adquirido na Batalha de Itararé. O risco atual é sermos tentados a excluir a França da situação de país amazônico. E, nessa linha de raciocínio, querermos lhe expropiar a base de Kourou para compensar a besteira que fizemos, em 2019, quando cedemos aos gringos a nossa base espacial em Alcântara. Ora, a França divide com o Brasil a maior de suas fronteiras (673 km), e sabem o que isto representa em caso de confronto? Os e-books de história relatarão no futuro que o Brasil foi anexado à Guiana Francesa.

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