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15 junho, 2018

Seca e Meca e olivais de Santarém

Seca (diz-se também Ceca, em português) era a importante cidade de Córdova (Espanha) e Meca, a cidade santa do Islã.
(Correr, andar) Seca e Meca é portanto uma expressão nitidamente árabe. Corresponde a dizer: «fazer muito e não adiantar nada».
Uma das explicações tradicionais pretende que Ceca «era a designação popular da mesquita de Córdova», conforme comenta Sérgio Luís de Carvalho, em "Nas Bocas do Mundo" (Lisboa, Planeta Manuscrito, 2010, páginas 97/98), onde acrescenta:
«[...] correr Ceca e Meca remete para as antigas peregrinações hispano-muçulmanas que se faziam entre a principal cidade santa do Islão e a capital muçulmana da Ibéria. Saliente-se que, de entre todas as antigas cidades islâmicas que tinham mesquita, Córdova era a mais distante de Meca.[...]»
É, pois, plausível que, na génese da expressão em apreço, Ceca e Meca ocorram sem referência específica a lugares realmente existentes, mas apenas como forma de criar uma rima, que, ao mesmo tempo, permite exagerar (hipérbole) o esforço associado à longa deslocação a que a expressão parece, afinal, aludir.
Refira-se ainda que, em português, existe outra versão desta locução: «por ceca e meca e olivais de Santarém» (ver obra citada de S. Luís de Carvalho).
"Seca e Meca e olivais de Santarém" é também o título de um livro de 1946 do folclorista cearense Gustavo Barroso.

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