Um triângulo clamoroso

Quando a cantora de blues Sally Osman pediu o divórcio do ventríloquo Herbert Dexter, em 1934, ela apontou o boneco Charlie como corresponsável.
Quando ela e Dexter se casaram dois anos antes, Sally concordou que Herbert podia levar o boneco para a lua de mel e conversar com ela através de Charlie. Mas, quando eles criaram uma nova peça para o espetáculo de ambos, o boneco passou a interromper suas canções com palavras cruéis e insultos maldosos, além de roubar todos os aplausos. Ela pediu a Herbert que mudasse o texto para poder cantar sem interrupção, mas ele recusou.
Ela também acusou a dupla de crueldade física, dizendo no tribunal que frequentemente recebia golpes no palco da figura mecânica. Uma noite em particular, Charlie a atingiu tão fortemente entre as ombreiras que ela perdeu o fôlego.
Sally relatou ainda que Herbert levava o boneco a todos os lugares e que passava mais tempo conversando com ele do que com ela. "Eu comecei a odiar Charlie tão profundamente que pensamentos homicidas começaram a assombrar minha mente", disse ela. "Às vezes, quando Charlie estava só, eu receava jogá-lo pela janela, pois eu sabia desbloquear a caixa em que ele ficava".
Herbert nunca contestou essa ação, e Sally obteve o divórcio. Quando o juiz perguntou por que ela não pediu também a pensão alimentícia, ela respondeu: "Eu não receberia de nenhuma maneira. Ele gasta todo seu dinheiro com Charlie".
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Triângulos da paixão