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03 maio, 2012

A República do Crato

Hoje, comemora-se a proclamação da República do Crato.
Por isso, ainda que eu tenha grande admiração e respeito pela nossa Presidenta Dilma, é meu dever informar que ela não foi a primeira mulher Presidenta da República no Brasil. O Brasil teve outra há quase 200 anos.
E foi o Ceará que saiu à frente deste quesito, como em tantos outros de liberdade e pioneirismos.
Em 3 de maio de 1817, ou seja, 72 anos antes da Proclamação oficial da República do Brasil, uma pequena vila do interior do Ceará proclamou a República do Crato, assumindo a Presidência da República a Sra. Bárbara de Alencar (gravura).
A liberdade política da pequena República durou apenas oito dias, mas o fato merece destaque pela luta e bravura de uma mulher, que se rebelou em um tempo em que não era permitido às mulheres se manifestarem politicamente.
Bárbara de Alencar, era pernambucana e foi a avó de José de Alencar, o escritor cearense que se tornou um dos expoentes da literatura nacional.
Veja mais em O Rascunho.
Fernando Gurgel Filho
Post scriptum
Em 1980, o médico e poeta cearense Caetano Ximenes Aragão (1927 - 1995) publicava o seu "Romanceiro de Bárbara".
► Obra de grande importância literária, composta por 77 poemas, trata-se de um “poema-livro” que retrata a personagem Bárbara de Alencar e os eventos da Confederação do Equador. Segundo Alves de Aquino “(...) o poeta transfigura a personagem, dela extraindo todo o potencial mítico e supra-histórico. Pairará a imagem da Matriarca para além da limitação temporal, numa transmutação de sua pessoa na própria encarnação da rebeldia e da liberdade que, em si mesmas, não têm tempo: “Bárbara não tinha idade/ cinquenta e sete janeiros/ era a idade do seu sonho”. A Mulher transforma-se em símbolo, em sinal transtemporal de uma poética que, a exemplo de Pessoa e de Mensagem, fundem fato e mito numa única apresentação de realidade. Porque a Bárbara de Caetano Ximenes ultrapassa as dimensões da espaciotemporalidade, pode percorrer todo o poema-livro, “livre do dilema”, personificada ou, melhor, transubstanciada no “sal da terra”, no “primeiro canto”, na “boa-nova” (sinopse da reedição do "Romanceiro de Bárbara" pela Secretaria da Cultura do Ceará, em 2010).

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