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03 outubro, 2025

Vamos ao parque

Uma meditação lírica sobre ir ao parque para brincar, que se estende a uma reflexão sobre a própria vida.


Meu primeiro grande choque cultural ao chegar na América foi que playgrounds de concreto, quadras de basquete e pequenos triângulos de grama entre ruas movimentadas tinham placas que os chamavam de "parques". De onde eu vim, um parque era um lugar de canto de pássaros e folhas farfalhantes, um lugar para passear, para se perder, para sonhar; um pedaço de maravilha no meio da cidade; um deserto de bolso. Foi em um parque que dei meus primeiros passos, dei meu primeiro beijo, me perguntei pela primeira vez por que estamos vivos.
O parque — o parque propriamente dito — como um lugar de contemplação, iluminação e descoberta ganha vida com grande emoção em We Go to the Park — o produto de uma colaboração incomum entre a autora e dramaturga sueca Sara Stridsberg e a artista italiana Beatrice Alemagna.
No alvorecer da pandemia, em meio ao cativeiro enlouquecedor do lockdown e à tempestade da incerteza, Alemagna entrou em uma espécie de transe de pintura — uma explosão de cor e sentimento canalizando suas esperanças e medos, sonhos e lembranças. (A arte de cada artista é seu mecanismo de enfrentamento — fazemos o que fazemos para nos salvar, para permanecermos sãos, para encontrar o fino cordão da graça entre nós e o mundo.)
Quando Stridsberg recebeu uma seleção dessas imagens impressionistas sem história, ela foi movida a responder com sua própria arte. Suas palavras esparsas e líricas deram coerência às imagens, fazendo delas algo incomumente adorável: parte história, parte poema, parte oração.
Alguns dizem que viemos das estrelas,
que somos feitos de poeira estelar,
que um dia surgimos no mundo
do nada.
Não sabemos.
Então vamos ao parque.
Extraído de: We Go to the Park, por Maria Popova. In: The Marginalian

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