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31 agosto, 2025

VER!SSIMO

Faleceu neste sábado (30), aos 88 anos, em decorrência de uma pneumonia, o escritor Luís Fernando Veríssimo, quando se encontrava internado no Hopital Moinhos de Vento, em Porto Alegre  Sua vida e sua múltipla obra deixaram um legado imenso para a cultura brasileira. Ele era muito mais do que um escritor; era um cronista agudo do cotidiano, um humorista refinado e um dos maiores expoentes da literatura contemporânea do país.
Era filho do também célebre escritor Érico Veríssimo, que escreveu a saga da terra gaúcha, "O Tempo e o Vento".

Uma vida dedicada às letras e ao humor
Nascido em 26 de setembro de 1936, em Porto Alegre, Luís Fernando teve uma vida ligada à literatura desde a infância. Passou parte de sua adolescência nos Estados Unidos, onde seu pai lecionou, e retornou ao Brasil para trabalhar como jornalista e, mais tarde, se dedicar à literatura.
Era conhecido por sua personalidade reservada e por sua mente brilhante, que produzia algumas das críticas sociais mais perspicazes e engraçadas da imprensa nacional.

A múltipla obra: muito além das crônicas
A genialidade de Veríssimo se expressou em diversas frentes:
  • Crônicas e Humor. Sua coluna de jornal no "Zero Hora" era uma das mais lidas e aguardadas do Brasil. Coleções como "O Analista de Bagé" e "Comédias da Vida Pública" são antológicas. E seus personagens, como a Velhinha de Taubaté, Ed Mort e o Analista de Bagé, se tornaram ícones da cultura brasileira.
  • Romances e Contos. Sua ficção nestes gêneros é igualmente poderosa. Romances como "O Clube dos Anjos" (sobre um grupo de gourmets que se reúne para jantares finos) e "Borges e os Orangotangos Eternos" (uma mistura de romance policial e ensaio literário) demonstram sua erudição e capacidade narrativa.
  • Cartuns e Humor Gráfico. Também era um talentoso cartunista. Suas tiras, muitas vezes mudas, com traços simples e situações absurdas, expunham perfeitamente suas ideias. A série "As Cobras" é um exemplo disso.
  • Música e Outras Influências. Um amante declarado de jazz, tema que frequentemente permeava suas crônicas. Foi um músico (saxofonista) que dialogava com a banda "Jazz 6" em que tocava.
Repertório 0:56 - FOUR (Miles Davis) 6:27 - SAMBA DE VERÃO (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle) 12:15 - FANTASY FOR DRUMS (Ray Lewis) 17:46 - DON'T GET AROUND MUCH ANYMORE (Duke Ellington) 24:53 - TAKE A TRAIN (Duke Ellington) 30:55 - A RÃ (João Donato e Caetano Veloso) 36:19 - HERE'S THAT A RAINY DAY (Jimmy Van Heusen e Johnny Burke) 41:52 - BLUE MONK (Thelonious Monk) 48:00 - BLUES FOR IG (Carry Campbell)

Seu legado e sua voz
O humor de Luís Fernando Veríssimo nunca foi apenas para fazer rir. Era um instrumento de crítica social e política. Ele usava o absurdo, a ironia e o nonsense para dissecar as hipocrisias, os costumes e os dilemas da vida moderna no Brasil. Sua capacidade de observar o óbvio e extrair dele uma conclusão hilária e profundamente verdadeira era seu dom maior.
Sua morte é uma perda irreparável. Ele era um farol de inteligência, lucidez e humor em tempos muitas vezes sombrios. Luís Fernando Veríssimo deixa uma obra vasta que continuará a fazer rir, pensar e encantar as gerações atuais e futuras. 

Relembre algumas de suas frases marcantes
  • Escrever não me dá prazer, gosto mesmo é de soprar saxofone.
  • Não gosto que me imponham coisas, e a velhice é uma imposição, uma prepotência do tempo. Sou contra.
  • Se o mundo está correndo para o abismo, chegue para o lado e deixe-o passar.
  • Vou morrer sem realizar o meu grande sonho: não morrer nunca.
  • Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.
  • Depois de uma certa idade, é temerário fazer aniversário. Que agonia! Todo "parabéns" soa, mesmo dito numa boa, como ironia.
  • Conhece-te a ti mesmo, mas não fique íntimo.

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