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31 julho, 2025

Termen de volta à União Soviética

Termen nunca teve cabeça para negócios, embora tenha se lançado com entusiasmo nos loucos anos 20, registrando patentes, criando uma empresa de fachada atrás da outra e, em geral, conseguindo organizar suas finanças de uma forma bem americana.
Ele estava mais interessado em saber para onde essa nova música etérea estava indo.
Houve uma grande corrida naqueles dias em direção a formas sintéticas de arte que combinassem visão, movimento e todos os sentidos juntos. Termen era um entusiasta. Além do Illumivox, ele começou a experimentar outras melhorias para seu show itinerante: apoios de mão nos assentos que mudavam a textura com a música, uma luva com feedback de força, até mesmo (inevitavelmente) odores e aromas que enchiam a sala de concertos no ritmo da música.
Ele colaborou com o magnífico louco Joseph Schillinger, que buscava automatizar todo o processo de composição musical, e acreditava ter criado leis matemáticas da arte. Ele fazia truques como pegar os preços das ações do dia e convertê-los em uma música de sucesso. Gershwin e Glenn Miller, entre outros, ficaram fascinados por seu sistema. E Termen fez a primeira bateria eletrônica do mundo, chamada Rhythmicon, onde o ritmo era determinado pelo tom da nota.
Termen também criou o instrumento elétrico definitivo, um tão intuitivo que ninguém conseguia tocá-lo. Chamado de Terpsitone (foto ao lado), este era basicamente uma pista de dança sensível ao movimento. Não havia mais necessidade de os dançarinos sincronizarem seus movimentos com um acompanhamento estranho. Em vez disso, eles criariam sua própria música simplesmente movendo seus corpos! A única pessoa capaz de tirar uma melodia da coisa foi sua aluna mais capaz, Clara Rockmore, que gostava de tocar com ele em particular, mas se recusava a dar recitais públicos.
Perto do fim de seu tempo nos EUA, Termen estava explorando o que hoje chamamos de detecção de olhar, tornando possível tocar música apenas olhando em direções diferentes. Ele também era fascinado pelo controle direto do pensamento e estava investigando como usar os campos tênues gerados pela atividade cerebral como uma interface musical. Ambas as tecnologias, é claro, estão na vanguarda da pesquisa atual.
Mas Termen não tinha mais tempo.
Em 1938, Termen retornou à União Soviética. Há debate sobre se ele fez isso voluntariamente.
Era o pior momento possível para voltar. O programa de eletrificação de Lenin tinha tido sucesso, e a União Soviética era agora uma potência industrial. E o poder soviético certamente estava forte. Mas em vez de se somarem para nos dar o comunismo, os dois fatores produziram aquela outra grande inovação do século XX, o estado totalitário.
1938 foi o auge da guerra de Stalin contra a intelligentsia russa, o Grande Terror. Termen, com seus anos no Ocidente, não teve chance. Você pode ver suas fotos de quando ele foi preso, apenas algumas semanas após seu retorno. A polícia secreta o enviou para morrer nos campos de trabalho de Kolyma.
Termen ficará preso por muito tempo, então, enquanto esperamos a Segunda Guerra Mundial para libertá-lo, deixe-me aproveitar a oportunidade para um discurso.

OUR COMRADE THE ELECTRON (NOSSO CAMARADA, O ELÉTRON) - 7.ª parte desta palestra, que Maciej Ceglowski proferiu em 14/02/2014, na Webstock, em Wellington, Nova Zelândia.
[http://idlewords.com/]

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