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13 setembro, 2024

Oxímoros

Oximoro (sem acento, de acordo com Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa) ou oxímoro, é uma figura de linguagem que consiste em relacionar numa mesma locução palavras que exprimem conceitos contrários, assim como acontece na expressão "apressa-te lentamente" (do latim "festina lente"). Trata-se duma figura da retórica clássica.
A própria palavra "oxímoro" é de fato um oxímoro (paradoxo). No grego "oxi" significa afiado (como no termo inteligente), e "moros" equivale a estúpido.
Dado que o sentido literal de um oxímoro (por exemplo, um instante eterno) é absurdo, força-se o leitor a procurar um sentido metafórico (neste caso, pela intensidade do vivido durante esse instante, o que faz perder o sentido do tempo).
Outros exemplos:
silêncio eloquente
lúcida loucura
inocente culpa
cruel gentileza
declaração tácita
ilustre desconhecido
guerra pacífica
morto-vivo
inimigo amistoso
sionismo cristão*
O recurso a esta figura retórica é muito frequente na poesia mística e na poesia amorosa. Como neste soneto de Luís de Camões, todo construído com oxímoros:
Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É nunca contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

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*O que é o sionismo cristão e por que ele alimenta a direita no Brasil?, por Magali Cunha

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