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23 julho, 2024

Dez anos da morte de Ariano Suassuna

Esta terça-feira (23) marca os 10 anos da morte de Ariano Suassuna, um dos principais nomes da literatura brasileira. Paraibano que teve sua história marcada por um assassinato político e se revelou um dos gênios da cultura nordestina.
Ariano Suassuna nasceu em 1927, na capital paraibana. Ele era filho do então deputado e ex-governador da Paraíba, João Suassuna, que foi morto por motivos políticos no Rio de Janeiro, em 1930, e de Rita de Cássia Dantas Vilar. Ariano foi o oitavo dos nove filhos do casal.
Em várias obras, Ariano refletiu suas vivências na cidade de Taperoá, no Cariri paraibano, onde morou durante a infância. E a casa onde ele viveu se tornou um museu, mantido até hoje pela família Dantas Vilar.
Neste 23 de julho, quem estiver em Taperoá, no sertão da Paraíba, terá o privilégio de participar de uma exposição itinerante sobre a obra do escritor, passando pela Casa Museu, repleta de xilogravuras, e o cortejo com músicos e artistas que levam adiante o Movimento Armorial, criado por Ariano Suassuna na década de 1970 com expressões artísticas baseadas na raízes da cultura popular brasileira.

Letreiro com fôrma armorial, de Ariano Suassuna, estampa a fachada de casa em que ele viveu na Paraíba — Foto: Beto Silva/TV Paraíba — G1

Calendário Ariano (notas sobre ele no Blog EntreMentes): 
2007 Ariano e os computadores. 2013 Por causa de uma gravata... 2014 Ariano Suassuna, o homem da esperança. 2015 O episódio de "La Cumparsita". 2015 Para que serve o secretário de um poeta? 2017 Asas à imaginação. 2018 A chegada de Suassuna ao Céu. 2018 O corretor automático de texto. 2019 O carrinho de mão virado. 2020 Uma precária compensação. 2020 Funk do Suassuna. 2021 O fator frio. 2022 Você já foi à Disney? 2022 Matias Aires. 2023 O poeta e o repentista.

2 comentários:

  1. Fernando Gurgel Filho25 de julho de 2024 às 10:54

    ROMANCE D’A PEDRA DO REINO, de Ariano Suassuna
    Por Fernando Gurgel Filho

    Carlos Drummond de Andrade disse: "Extraordinário romance-memorial-poema-folhetim que Ariano Suassuna acaba de explodir. Ler esse livro em atmosfera de febre, febril ele mesmo, com a fantasmagoria de suas desaventuras, que trazem a Idade Média para o fundo Brasil do Novecentos, suas rabelesiadas, seu dramatismo envolto em riso. Ah, escrever um assim deve ser uma graça, mas é preciso merecer a graça da escrita, não é qualquer vida que gera obra desse calibre".

    Faltou pouco para o Suassuna escrever "o" romance do Brasil. A partir de fatos históricos, como a chacina ocorrida no sertão de Pernambuco em que inocentes foram assassinados para fazer ressuscitar o Rei Dom Sebastião - a própria contradição do fato é tragicômica - Suassuna coroa o Movimento Armorial com um romance de armas, brasões, fidalguias, reis e vassalos, existentes apenas na imaginação doentia de sertanejos fanáticos.

    O narrador, que se autodenomina Dom Dinis Quaderna, em estilo que ele mesmo chama de régio-sertanejo, transforma "uns cavalos pequenos, magros e feios, uma porção de gente suja, magra faminta e empoeirada, arrastando ... uma porção de velhos animais de Circo, famélicos e desdentados, numa tropa pobre e amontoada" em uma "Cavalgada fidalga composta de Ciganos, vestidos de gibões medalhados e cravejados, trazendo onças, veados, gaviões e cobras... ...precedida por duas bandeiras, uma com onças e contra-arminhos, outra com coroas e chamas de ouro em campo vermelho."

    Essa visão distorcida da realidade revela, tão-somente, a má formação do Dom Dinis Quaderna e as suas visões de um mundo fantástico em que ele almeja implantar uma monarquia sertaneja-negro-tapuia em oposição à elite ibérica-mouro-portuguesa. A caricatura do País é perfeita, onde a elite e a intelectualidade estão representadas por um filósofo de direita que se diz oriundo da melhor estirpe dos coronéis de engenho e outro de esquerda que diz representar a alma sertaneja e mestiça do índio e do escravo. Os dois vivem às custas do narrador que, em tudo, parece representar o Povo. E se servem dele até para firmar suas ideias caricatas de um País tragicômico.

    É um livro que merece ser lido e relido, atentando para os tangenciações com a realidade dos sertões e para os fatos históricos narrados - na forma distorcida pelo narrador, claro.

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  2. Texto originalmente incluído na postagem de 23/07/2014 e ativado como comentário na postagem 23/07/2024, dez anos após a morte do inesquecível Ariano Suassuna.

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