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25 julho, 2023

De futebol e preconceitos

Fernando Gurgel Filho

A grande maioria dos marmanjos do Patropi gosta mesmo é de ver outros marmanjos correndo atrás de bola, se agarrando em luta livre ou judô, se esmurrando em luta de boxe etc.
Deveriam repensar esse jeito grego antigo de ver as mulheres e os esportes. Principalmente o futebol.
O nosso Goiás tem história de futebol feminino pra contar e o Brasil muito preconceito pra exorcizar. Desde quando, em Araguari, nasceu o primeiro time de futebol feminino do Brasil. (*)
Conta a história que o futebol por lá andava meio fraco, pior do que hoje, e um dos dirigentes de clube da cidade resolveu fazer uma partida de futebol feminino para incentivar os que gostam de peladas (apelido do jogo amador) e uniformizadas (apelido do jogo profissional). Hehehehe
Foi um sucesso. Estádio cheio na primeira partida e em todas as subsequentes. As meninas começaram a se entusiasmar e os convites para jogar Brasil afora se multiplicavam. Creio até que deveriam jogar - ou jogaram - no exterior quando a ciumeira acabou com a festa.
Apelaram para o preconceito: mulher não pode jogar futebol, isso é coisa para homem. Acabaram com o time e o futebol de lá não melhorou nada. Nem um tiquim sequer.
Se tivessem investido nas mulheres, talvez a concorrência tivesse sido muito mais salutar ao futebol da molecada.
(texto escrito em 2016)

(*) Em 1958 houve uma crise financeira em um dos tradicionais colégios da cidade e a forma idealizada para arrecadar fundos foi uma partida entre mulheres. Depois de algumas "peneiras", o Araguari selecionou vinte e duas meninas entre doze e dezoito anos e, após vários treinos, o jogo entre as duas equipes da cidade aconteceu em dezembro de 1958. Como o Fluminense, de Araguari, não formou uma equipe, onze garotas do Araguari vestiram a camisa adversária para a realização do jogo beneficente. O sucesso foi grande, e a revista O Cruzeiro fez matéria de capa sobre o acontecimento, pois, até então, partidas femininas só ocorriam em circos ou jogos de futsal. Com o sucesso do jogo e a divulgação da revista, houve, nos meses seguintes, vários jogos do time feminino do Araguari em cidades de Minas Gerais, incluindo Belo Horizonte, e também em Goiânia e Salvador. Em meados de 1959, a equipe feminina do Araguari foi desfeita, por pressão dos religiosos de Minas Gerais. (WIKI)

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