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27 agosto, 2022

Frescobol

Carioca da gema, o frescobol foi criado na Copacabana dos anos 1940, embalado pelas transformações por que passava o bairro da Zona Sul. Frequentadores da famosa praia iniciaram sua ressignificação, afastando-se do glamour noturno das boates e passando a ocupar a imensa área de lazer à beira-mar. Como muitos destes moradores tinham no tênis um hobby, a adaptação do esporte às areias seguiu um fluxo natural.
Uma das versões sobre a origem do frescobol credita sua criação ao arquiteto, morador de Copacabana e tenista nas horas vagas Caio Rubens Romero Lyra, que costumava levar raquetes e bolas de tênis para treinar na praia, entre os postos 4 e 5. Como os equipamentos sofriam os estragos causados pelo vento, areia e maresia, o tenista teve a ideia de desenhar raquetes de madeira resistentes à água salgada e bolas lisas, sem os pelos das usadas nas partidas de tênis.
Outra narrativa tem um protagonista diferente, mas os enredos se aproximam. Frequentador do trecho da praia entre o Hotel Copacabana Palace e a Rua Duvivier, Lian Pontes de Carvalho teria criado o esporte em 1945. Ele era dono de uma fábrica de pranchas, móveis para piscina e esquadrias de madeiras e começou a fabricar raquetes de frescobol para vender na Praia de Copacabana, com a ajuda dos salva-vidas. 
Há, ainda, uma terceira versão que assinala como pai e inventor da modalidade o escritor e cartunista carioca Millôr Fernandes. Ele é autor de um painel em homenagem ao frescobol na Praça Sarah Kubitschek, onde escreveu: "único esporte com espírito esportivo, sem disputa formal, vencidos ou vencedores".

MF jogando frescobol no Arpoador

O jogo, praticado com raquetes de madeira rebatendo uma pequena bola de borracha, é, por essência, dinâmico e sem pontuação. O objetivo é manter a bola em movimento o maior tempo possível entre os participantes. Em 2015, ao ser reconhecido como parte do estilo de vida do carioca e da paisagem cultural das praias da cidade, o frescobol foi declarado Patrimônio Cultural Carioca de Natureza Imaterial.
No mesmo ano, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) também levantou dados sobre o jogo e mapeou os principais locais onde é praticado: Ilha do Governador (Praia da Bica), Praia do Flamengo, Praia de Copacabana (Santa Clara e Bolívar), Praia do Diabo (Arpoador), Barra da Tijuca (Pepê e Posto 7) e Recreio dos Bandeirantes (Posto 9).
Fontes
http://riomemorias.com.br/memoria/frescobol/
http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reportagens/1109-frescobol-das-praias-a-patrimonio-cultural

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