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09 abril, 2022

O golpe mata-moscas


"...bem, sem moscas não há mata-moscas
sem mata-moscas não há Dey de Argel
não há cônsul, não há afronta a vingar, não há olivais
não há Argélia, não há o grande calor, senhores,
e o grande calor, por sua vez,
é a saúde dos viajantes...
in "Palavras", Jacques Prévert

Nascido em 1900 e morto em 1977, Jacques Prévert foi um importante membro do surrealismo francês, ao lado de Marcel Duchamp e do cofundador da Oulipo, Raymond Queneau. Ele escreveu 7 livros de poemas (Paroles, Spectacle, Grand bal du printemps, La pluie et le beau temps, Histoires, Fatras e Choses et autres), alguns livros infantis e redigiu roteiros para uma dezena de filmes e animações, sobretudo para o diretor Marcel Carné, cujo filme Boulevard do Crime (Les infants du Paradis) é considerado por muitos um dos melhores do cinema francês.

Na mitologia colonial, o "golpe mata-moscas", dado pelo Dei de Argel no cônsul francês que o havia desrespeitado, foi o pretexto que justificou a invasão da Argélia pelas tropas francesas. Convocado pelo Dei que desejava obter explicações para o fato de a França não ter honrado suas dívidas junto à administração local, o cônsul respondeu de maneira injuriosa, o que motivou, por parte do Dei, um gesto brusco em sua direção, com um mata-moscas. Os franceses teriam, portanto, invadido Argel para responder a essa afronta.

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